
Produtores de café nas regiões produtoras de arábica de Minas Gerais e São Paulo estão preocupados com o tamanho dos grãos da safra 2025/26, quando se esperaria um percentual “expressivo” de frutos mais graúdos, de acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), publicada nesta quarta-feira (23).
O centro de estudos da Esalq/USP citou que as chuvas em fevereiro e março se concentraram em poucos dias, impactando um período importante para a finalização do enchimento de grãos de café arábica.
“Agora em abril, embora tenha chovido em muitas regiões, cafeicultores estão preocupados com o enchimento dos grãos e com a maturação”, disse o Cepea.
Grãos mais graúdos, em tese, poderiam compensar uma parte do efeito de floradas abaixo do potencial da safra 2025/26. O baixo pegamento de flores e frutos reduziu perspectivas de produção neste ano.
“Muitos relatam que os grãos ainda não estão no tamanho ideal — a expectativa era de que a atual temporada registrasse um percentual mais expressivo de grãos com peneira 17/18”, acrescentou.
A colheita do arábica está prevista para começar em meados de maio em Minas Gerais, Estado que responde por cerca de 70% da produção dessa variedade no Brasil, maior produtor e exportador global.
O Cepea citou dados de precipitações mais volumosas neste ano apenas em janeiro: em Machado, no Sul de Minas Gerais, foram registrados 216,6 milímetros de chuvas em janeiro, contra 89,4 mm em fevereiro, 59,4 mm em março; e, em abril (até o dia 21), 55,4 mm.
Quanto ao café canéfora (robusta/conilon), disse o Cepea, o cenário no Espírito Santo, maior produtor da variedade, é similar ao verificado para o arábica.
Em Linhares (ES), segundo dados citados do Inmet, foram registrados 195,4 mm em janeiro, mas somente 13,8 mm em fevereiro e 88,4 mm em março. Neste mês de abril, até o momento, foram 106,2 mm.
“Essa grande diferença mensal entre os volumes de chuva também deve trazer consequências para a safra brasileira de robusta”, afirmou.
Alguns analistas, contudo, veem uma produção recorde de canéforas em 2025.
O Cepea destacou ainda que “poucos volumes” de café canéfora já começaram a ser colhidos no Espírito Santo, frisando que “o ritmo das atividades de campo deve se intensificar a partir do fim de abril”.
Uma gradativa queda nas temperaturas no Espírito Santo tem deixado os grãos muito verdes, observou o relatório.
“Essa é mais uma condição que pode comprometer a qualidade dos grãos da safra 2025/26, já que talhões colhidos com grãos muito verdes podem ter a bebida prejudicada.”