A Gerando Falcões, ONG fundada pelo Under 30 Edu Lyra, está lançando neste mês sua própria plataforma de e-commerce. A iniciativa, desenvolvida em tempos de isolamento social, chega para levar para o mundo virtual o bazar que a entidade realiza para arrecadar recursos. A ideia é dar acesso às pessoas que não podem se deslocar para comprar os itens de grife com até 70% de desconto da loja física durante a pandemia, assim como aumentar o número de clientes.
Em entrevista à Forbes, Edu e Mayara Lyra, cofundadora e gestora do Bazar da Falcões, explicam que a digitalização, acelerada pela crise sanitária, é mais um passo dado pela ONG no sentido de atrair ajuda inclusive de outras parte do país, e não apenas de São Paulo, onde a entidade está localizada. A sustentabilidade financeira é uma das preocupações da instituição, responsável por formar jovens da periferia e dar a eles melhores oportunidades de vida.
“Estamos vivendo um momento de revolução social. A tecnologia não pode excluir, pelo contrário, ela deve incluir as pessoas, principalmente as que não possuem acesso ao processo de digitalização. Então, a nossa ideia é colocar a favela numa plataforma e mostrar a vocação e o potencial que ela tem, para o Brasil e para o mundo. Não temos recursos para fazer isso atualmente. Precisamos gerar capital e desafiar a nossa capacidade de criar renda para investir em inovação social, combate à miséria, redução da desigualdade e na construção de um futuro no qual crianças e pobreza não convivam no mesmo espaço”, diz Edu Lyra.
Há um ano, logo no início da pandemia de Covid-19, a Gerando Falcões passou a olhar para os negócios sociais com maior interesse. A partir daí, uma série de estudos foram feitos para entender como rentabilizar e produzir receita nas próprias comunidades, dependendo cada vez menos de doações. Em novembro do ano passado, com investimentos da XP, foi criada a primeira loja física do Bazar, no centro de Poá, região metropolitana de São Paulo. “É importante não depender de um único público, seja ele pessoa física ou jurídica. Precisamos mesclar.”
Em dois meses, a iniciativa recebeu, via doações, 200 mil itens que, vendidos, geraram R$ 1 milhão – montante que representou um aumento de 30% na receita líquida da Gerando Falcões, chamada de lucro social. No entanto, com o agravamento da crise sanitária, Mayara percebeu que era hora de inovar e transportar a ação para o mundo virtual, com o mesmo mix de produtos do espaço físico – bolsas, sapatos, roupas masculinas e femininas.
Para ela, os resultados da digitalização do negócio devem ser ainda mais expressivos conforme a plataforma for ganhando corpo, novas funcionalidades e a administração de profissionais especializados. Edu vai além e revela grandes ambições com o novo e-commerce: ser o maior varejo social do Brasil, capaz de suportar os programas sociais coordenados pela Gerando Falcões. “Temos ações de educação, desenvolvimento econômico e cidadania que são fundamentais nesse período que estamos vivendo. Queremos ser tão grandes quanto o Magazine Luiza. Por que não?”, pergunta o empreendedor social. “A nossa missão é transformar a pobreza da favela em peça de museu.”
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.