As mulheres continuam sendo uma minoria significativa nos campos científicos que impulsionam a revolução digital, em meio a uma escassez geral de habilidades que impede o progresso. De acordo com o estudo “Unesco Science Report 2021”, elas ainda estão sub-representadas em áreas como computação, tecnologia da informação digital, engenharia, matemática e física.
Os autores do relatório alertam que esforços árduos precisam ser feitos nos níveis governamental, acadêmico e corporativo para lidar com esse desequilíbrio de gênero. O desafio é atrair e reter mulheres nessas áreas de estudo e manter a força na Quarta Revolução Industrial.
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Segundo o relatório, as mulheres representaram um terço (33%) dos pesquisadores em 2018, e alcançaram a paridade quando se trata de números nas ciências em muitos países.
No entanto, elas são apenas 28% entre os formados em engenharia e 40% daqueles em ciências da computação – habilidades vitais para os empregos do futuro.
Essas colaboradoras também representam apenas 22% das pessoas que trabalham em IA (inteligência artificial) em todo o mundo, embora existam diferenças regionais, de acordo com a Unesco.
Países como Singapura, Itália e África do Sul estavam liderando a mudança, cada um com uma presença feminina de aproximadamente 28% dos profissionais com habilidades de IA, em comparação com apenas 14% no Brasil, 15% no México e 16% na Alemanha e na Polônia.
DIFERENÇA DE GÊNERO NAS EMPRESAS DE TECNOLOGIA
As mulheres também estão sub-representadas no topo de empresas multinacionais de tecnologia, apesar dos esforços para eliminar a desigualdade de gênero nas funções técnicas e de liderança, alerta o relatório da Unesco.
O Facebook lidera a lista, com as mulheres representando 23% dos cargos técnicos e 33% dos de liderança. A Apple tem implementado medidas para aumentar a presença feminina e de outras minorias sub-representadas desde 2014. No entanto, as mulheres ainda representam apenas 23% dos cargos técnicos e 29% dos de liderança.
Enquanto isso, a Amazon tem trabalhado para corrigir o desequilíbrio de gênero desde 2018, quando percebeu que seu sistema de inteligência artificial não classificava mulheres candidatas a desenvolvedores de software e outras funções técnicas. Desde então, a gigante do varejo online se comprometeu a investir US$ 50 milhões para apoiar programas de STEM direcionados a comunidades sub-representadas. Mesmo assim, apenas 27% de seus gerentes em todo o mundo são mulheres.
MULHERES TÊM MENOS ACESSO A FINANCIAMENTO
As mulheres nas áreas de ciência e tecnologia também têm menos probabilidade do que os homens de conseguir um financiamento.
As startups lideradas por mulheres receberam apenas 2,3% do capital de risco em 2020, de acordo com um relatório da Harvard Business Review, citando dados da Crunchbase.
No mundo acadêmico, elas também receberam menos investimentos apesar de serem duas vezes mais produtivas. E, embora representem quatro em cada dez acadêmicos em todo o mundo, geralmente enfrentam uma barreira praticamente intransponível, diz a Unesco.
Em 2015, de 69 academias de ciências nacionais, a presença feminina era de 10% ou menos entre os membros em 30 países. Elas estavam consideravelmente melhor representadas nas ciências sociais, humanas e artes (16%), ciências biológicas (15%) e ciências médicas e da saúde (14%), do que nas ciências matemáticas (6%) e de engenharia (5%).
As mulheres na ciência e na engenharia também foram afetadas de forma desproporcional pela Covid-19, com as cientistas relatando um declínio de, pelo menos, 5% no tempo de pesquisa em comparação com os homens.
MULHERES NÃO DEVEM SER DEIXADAS PARA TRÁS
Em um futuro impulsionado pelo digital, os avanços em tecnologias como a IA confundirão as fronteiras entre o homem e a mulher que formam a base da diferença de gênero, diz a Unesco. A organização alerta que a pandemia provocou mudanças no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e isso precisa ser traduzido em políticas que garantam que as mulheres não passem uma quantidade desproporcional de tempo como cuidadoras, educadoras e donas de casa não remuneradas.
Elas devem ter a mesma oportunidade de acesso à educação e informação que lhes permita competir igualmente com os homens pelos empregos do futuro.
DIFERENÇA GLOBAL DE GÊNERO AUMENTOU
As descobertas da Unesco ecoam as que estão no “Global Gender Gap Report 2021”, do Fórum Econômico Mundial. O estudo concluiu que o tempo que levará para eliminar a lacuna mundial de gênero aumentou em uma geração, de 99,5 para 135,6 anos.
A paridade de gênero só foi alcançada em dois dos oito grupos rastreados de “empregos do amanhã” – pessoas e cultura e produção de conteúdo, diz a Unesco. A organização acrescenta que disparidades de gênero são mais prováveis em setores que exigem habilidades técnicas disruptivas, como computação em nuvem (onde as mulheres representam 14% da força de trabalho); engenharia (20%) e dados e IA (32%). (Com Fórum Econômico Mundial)
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