Dois anos depois do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, os esforços para a recuperação ambiental continuam. Na época, cerca de 12 milhões de metros cúbicos de lama percorreram um trajeto de 294 hectares, sendo quase metade de área florestal. No mesmo período, a Fundação SOS Mata Atlântica chegou a dizer que demoraria mais de 100 anos para que a área voltasse às condições anteriores a da tragédia.
Felizmente, esse tempo pode estar superestimado graças a uma descoberta dos pesquisadores da UFV (Universidade Federal de Viçosa). O grupo, em parceria com a Vale, desenvolveu uma tecnologia inédita no mundo capaz de reflorestar a região em até dez anos. Para isso, os cientistas usam o DNA de quatro espécies locais – o jacarandá caviúna, o ipê amarelo, a braúna e o jequitibá.
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“Nós fomos até Brumadinho, colhemos cerca de 20 cm da copa dessas árvores, trouxemos para a universidade e as multiplicamos através de enxertia. Coletamos o DNA de cada uma e fizemos 200 cópias de cada”, explica Gleison dos Santos, professor do departamento de engenharia florestal da UFV .
Durante esse estudo, os pesquisadores também acabaram identificando os reguladores de crescimento das espécies, substância-chave para a aceleração do processo de reflorestamento. Gleison explica que, enquanto na natureza as árvores podem demorar até oito anos para atingirem o estado de maturidade, as unidades criadas no laboratório eram capazes de florescer em seis ou 12 meses. “O estado de florescimento é muito importante porque é quando a árvore está desempenhando sua função máxima na natureza, isto é, frutificando, dispersando sementes, deixando seus descendentes e atraindo os animais”, resume.
O objetivo da equipe é que até o final de 2021, 70 mil mudas sejam plantadas na região, o que resultaria na recuperação ambiental de 33 hectares de mata. Seguindo esse ritmo, Brumadinho estará reflorestada entre oito e dez anos. “É o tempo que estamos discutindo”, afirma o pesquisador.
De acordo com o analista ambiental da Vale, Raul Firmino, a mineradora ainda depende dos avanços da equipe de bombeiros de Minas Gerais para realizar o plantio das mudas. “Esse processo de recuperação vem muito associado ao plano de remoção de rejeitos, que é feito pelo governo do estado. A gente só entra na área depois dessa validação deles”, pontua.
Além do investimento na tecnologia, a Vale também é responsável pela manutenção dos viveiros e pela coleta de mudas na região do desastre. Considerado ainda um protótipo, a intenção dos pesquisadores da UFV e da Vale é que logo o projeto abranja 30 espécies nativas, incluindo exemplares da Mata Atlântica e do Cerrado. “O teste vem dando certo, mas o dano ambiental da área é muito maior. Nessa fase inicial trabalhamos com poucas variedades, mas logo teremos espécies dos dois biomas, o que vai maximizar os resultados”, explica o professor.
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