Responsável por abrigar mais de 70% da população brasileira, a Mata Atlântica possui apenas um quarto da sua cobertura florestal preservada. O dado é inédito e foi obtido pelo projeto ambiental MapBiomas através de imagens de satélite captadas entre 1985 e 2020. De acordo com os registros, os 465.711 km² remanescentes do bioma estão espalhados por 17 estados brasileiros, três a mais do que a mata de área contínua.
Além disso, o mapeamento da Mata Atlântica também mostrou que, nos últimos 35 anos, a cobertura florestal do bioma passou de 27,1% para 25,8%. Hoje, 25% da área total da Mata é ocupada por pastagens, enquanto 16,5% é destinada para mosaicos de agricultura e pastagens, enquanto 15,% serve exclusivamente para agricultura e 10,5% para formações savânicas.
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Apesar da redução de 1,3% da cobertura florestal indicar uma forte estabilidade na preservação do bioma nas últimas décadas, a entidade faz um alerta sobre a realidade da situação. Segundo os pesquisadores, esse número é o resultado da perda de florestas maduras e da regeneração de matas jovens. Sobre isso, os dados mostram que desde 1985, a perda de vegetação primária foi de 10 milhões de hectares, enquanto a vegetação secundária ganhou 9 milhões.
“A aparente estabilidade da cobertura florestal da Mata Atlântica é enganosa porque existe uma diferença de qualidade entre uma mata madura, rica em biodiversidade e com carbono estocado, de uma área em recuperação”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.
A imagem captada pelos satélites também mostrou que a situação não é uniforme entre os estados brasileiros. Na Bahia, por exemplo, a perda de formação florestal nos últimos 35 anos chegou a 9.642 km². Já no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a redução alcançou a marca de 6.899 km² e 6.359 km², respectivamente.
A situação das bacias hidrográficas do bioma também deixaram os pesquisadores em alerta. Eles deduzem que a perda de cobertura vegetal nessas regiões pode ter prejudicado o volume hídrico de rios e lagos importantes para o abastecimento de centros urbanos. Nesse cenário, a bacia mais prejudicada foi a do Paraná, que teve sua cobertura nativa reduzida de 24% em 1990 para 19% em 2020, seguida pela bacia do Rio Grande, que também teve uma leve oscilação negativa de 21% para 20% em 2020.
“O planejamento da recuperação florestal da Mata Atlântica de acordo com as bacias hidrográficas é uma enorme oportunidade para gestores públicos. Como metade da vegetação nativa da Mata Atlântica está em áreas privadas, políticas como a de pagamento por serviços ambientais e a criação de corredores assumem papel estratégico para a recuperação e conservação do bioma”, sugere Rosa.
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