A recusa chinesa de aceitar pedidos por reduções maiores de emissões de carbono durante visitas recentes dos principais enviados do clima dos Estados Unidos e do Reino Unido pode minar o progresso na cúpula climática global marcada para Glasgow em novembro, disseram especialistas.
A China refutou o apelo do enviado norte-americano John Kerry para intensificar a meta de redução de emissões antes da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021) ao dizer que o clima não pode ser separado de outros temas do relacionamento bilateral entre os dois países.
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A mudança de tom da China nas relações climáticas entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa mina o ímpeto das conversas de Glasgow e contrasta com a cooperação dos dois países em 2015, que abriu caminho para o histórico Acordo de Paris sobre o Clima.
A China não se sente mais obrigada a cogitar pedidos de cortes maiores de emissões desde que o ex-presidente Donald Trump rejeitou os compromissos climáticos dos EUA – sobretudo ao retirar seu país do pacto de Paris -, especialmente depois que as relações entre as duas potências se deterioraram nos campos do comércio, direitos humanos e questões geopolíticas durante o mandato de Trump, segundo especialistas.
Pequim e Washington ainda têm um entendimento nas questões do clima, mas “o maior problema agora é a diferença nas posições políticas dos dois lados”, disse Zou Ji, presidente da Energy Foundation China que integrou a delegação chinesa nas conversas de Paris em 2015. “O equilíbrio de poder e influência dos dois lados mudou”, disse.
Os EUA dizem que a China, a maior emissora mundial de gases de efeito estufa, não faz o suficiente, apesar de prometer zerar as emissões até 2060. Washington quer que os chineses se comprometam a atingir um pico de emissões mais cedo e que façam mais para cortar o consumo de carvão, uma das maiores fontes de gases de efeito estufa.
Mas a China argumenta que seus compromissos atuais são robustos. O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu várias vezes “aumentar a força” das NDC (contribuições determinadas nacionalmente), as metas de emissões que cada país precisa apresentar em cumprimento ao Acordo de Paris, para refletir o compromisso chinês com a meta de zerar as emissões até 2060.
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Em agosto, o principal enviado chinês para o clima, Xie Zhenhua, disse que seu país já intensificou outras promessas, como uma nova meta de energia renovável e o compromisso de atingir um pico de emissões “antes” de 2030, ao invés de “por volta de” 2030.
A China também diz que reduzirá o consumo de carvão a partir de 2026 e que produzirá 25% de sua energia com fontes de combustível não-fósseis até 2030. (Com Reuters)
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