Os anfitriões britânicos da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021) em Glasgow estão propondo que os países mostrem mais ambição no corte de emissões de gases de efeito estufa até o ano que vem em um esboço de decisão política que será negociado ao longo dos próximos três dias.
A proposta sublinha os receios de especialistas e ativistas do clima de que exista uma grande disparidade entre as atuais promessas nacionais e os cortes de emissões rápidos que são necessários para impedir que o mundo mergulhe em uma crise climática propriamente dita.
O primeiro esboço da decisão política a ser adotada na conferência, que a ONU divulgou na manhã de hoje (10), pede aos países que “revejam e reforcem as metas de suas contribuições determinadas nacionalmente para 2030, tal como necessário para se alinharem à meta de temperatura do Acordo de Paris até o final de 2022”.
Trocando em miúdos, isto obrigaria os países a adotar metas climáticas mais rigorosas no ano que vem, uma exigência fundamental dos países mais vulneráveis aos impactos da mudança climática.
Pelo Acordo de Paris, países concordaram em manter o aquecimento global bem abaixo dos 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e tentar limitá-lo a 1,5ºC.
Cientistas dizem que cruzar o patamar de 1,5ºC agravaria a elevação do nível dos mares, inundações, secas, incêndios florestais e tempestades que já acontecem, e que alguns impactos poderiam se tornar irreversíveis.
O esboço também pediu aos países que acelerem os esforços para descartar a queima de carvão e suspender gradualmente os subsídios aos combustíveis fósseis, mirando diretamente o carvão, o petróleo e o gás que produzem dióxido de carbono, o principal contribuinte para a mudança climática provocada pela humanidade.
O texto não estabeleceu uma data para o fim gradual do uso desses combustíveis, mas a ênfase neles pode enfrentar com uma reação de grandes produtores de energia.
VEJA TAMBÉM: COP26 vê impasse em financiamento do clima à custa de países pobres
Helen Mountford, vice-presidente do World Resources Institute, disse que a referência explícita ao carvão, ao petróleo e ao gás foi um avanço em relação a cúpulas climáticas anteriores. “A verdadeira questão será se ela pode ser mantida”.
Diplomatas debaterão nesta quarta-feira para tentar acertar um texto final até o encerramento da conferência de duas semanas na sexta-feira. O cumprimento da decisão política não será obrigatório, mas terá o peso dos quase 200 países que assinaram o Acordo de Paris de 2015. (Com Reuters)