A pandemia Covid-19 expôs de forma mais nítida os efeitos combinados da pobreza, da desigualdade de acesso educacional e do futuro do trabalho digital. Esse balaio de contraste alimenta o espectro de uma geração de jovens periféricos sem esperança de encontrar um emprego ou ganhar uma renda. Na agenda dos investidores, a estratégia deve ser o social no centro do ESG.
O desemprego de jovens é uma das maiores crises que o mundo enfrenta hoje. Alguns dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), são alarmantes:
1. Há 1,8 bilhão de jovens vivendo no planeta, com aproximadamente 85% do total vivendo em economias em desenvolvimento e emergentes e em estados frágeis;
2. Os jovens representam cerca de 47% dos desempregados do mundo. Eles têm 4 vezes mais probabilidade de estar desempregados do que os adultos;
3. 1 em cada 3 jovens em todo o mundo não estuda e não trabalha.
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Colocar a economia global nos trilhos, criar nova prosperidade e eliminar a pobreza extrema será impossível, a menos que os setores público e privado trabalhem juntos para mudar o curso do emprego jovem. É a agenda ESG com foco no social.
Isso significa uma mudança de ênfase na geração de um círculo virtuoso de inclusão produtiva. O desafio está em acelerar os esforços para remover as barreiras sistêmicas que bloqueiam a oportunidade de cada jovem.
O momento é do trabalho digital, em outras palavras, é de conduzir a onda digital com foco em incluir os jovens na economia digital.
A economia digital está remodelando novas economias. As melhorias nas comunicações revolucionaram a organização global da produção de bens e serviços. A tecnologia estendeu as cadeias para conectar vários estágios de fabricação em vários países. A capacidade de comprar e vender bens e serviços online transformou e globalizou ainda mais os mercados. As tecnologias digitais, incluindo a internet, também estão mudando a maneira como os cidadãos interagem com os governos e como os jovens aprendem.
Mas, o que são empregos digitais? Os empregos digitais não se limitam apenas a trabalhar na indústria de TI (por exemplo, desenvolvimento de software, design de hardware, rede), mas também inclui trabalho onde as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) permitem que os trabalhadores encontrem trabalho pago online (por exemplo, entrada de dados, categorização de imagens e design gráfico) bem como empregos tradicionais que têm sido cada vez mais aprimorados pelas TICs (incluindo plataformas de comércio eletrônico e serviços sob demanda).
Os países em desenvolvimento – especialmente aqueles que se deparam com um grande aumento de jovens – devem aproveitar as oportunidades dos empregos digitais, ao mesmo tempo que se preparam para os próximos efeitos das mudanças tecnológicas.
No Brasil, apesar do desemprego e o subemprego juvenil e suas implicações nas baixas condições de bem-estar geral do nosso tecido social, algumas inciativas merecem destaques pela prosperidade ofertada.
O Instituto SEB, por meio do projeto NAU, convida jovens para embarcar rumo aos novos mares do mercado de trabalho. Ou seja, nada melhor do que uma “embarcação que liga o presente ao futuro” – a NAU – para impactar jovens ávidos por crescimento profissional e conhecimento intelectual até a fonte de trabalho e/ou aprendizagem. Juntos desenvolvem habilidades para vencer os desafios dos capitães, dos recrutadores de grandes empresas e os monstruosos processos seletivos que querem devorar marujos despreparados.
Nesse percurso de inclusão produtiva, há uma jornada que se inicia num local chamado juventude e se ancora no local chamado trabalho. De outra forma, é uma alavanca de apoio aos jovens na conquista de um emprego, como carona para uma vida mais digna e autônoma.
A NAU é investimento em inclusão produtiva na veia. É uma inspiração de base para a prosperidade compartilhada no Brasil. É a agenda do desenvolvimento econômico com o social no centro do ESG.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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