Talvez você esteja se perguntando se sua empresa deveria fazer a transição para um Relatório Anual Integrado (IAR, na sigla em inglês) este ano. Enquanto um relatório anual normalmente se concentra em dados financeiros e de mercado, riscos, estrutura corporativa e governança, o relatório integrado traz outros elementos de ‘valor’, como sustentabilidade ambiental e social.
Até recentemente, esses criadores de valor não financeiros eram publicados com mais frequência em um relatório ESG separado. Mas, às vezes, faz sentido publicar apenas um relatório. Isso é especialmente verdadeiro se você deseja destacar sua estratégia de sustentabilidade com investidores que podem não se esforçar tanto para consultar um relatório separado.
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No entanto, um IAR também requer mais tempo, planejamento e recursos do que um relatório anual tradicional. Se você optar por adotar essa abordagem, aqui estão algumas perguntas a serem feitas primeiro:
A sua organização tem os recursos, internos ou externos, para produzir dados financeiros e de sustentabilidade em um prazo apertado?
Como uma forma mais ampla de relatório, um IAR requer tempo para reunir as informações relevantes e apresentá-las em uma proposta de valor. O IIRC (International Integrated Reporting Council) criou a estrutura de relatórios IR para criação de valor que abrange seis capítulos: manufaturado, financeiro, intelectual, humano, social e natural.
Adotar essa abordagem significa quebrar “silos” de dados – um esforço colaborativo demorado. Para gerir os recursos com eficiência, a Orange, para seu IAR 2020, criou um comitê gestor com representantes das áreas de Relações com Acionistas, RSC, Jurídica, Estratégia, Marca e Gestão de Riscos. Esta é uma alocação significativa de recursos que nem todas as empresas podem pagar.
Você tem um verdadeiro roteiro ESG com KPIs?
Uma empresa que acertou nisso é o ABN AMRO. Em seu Relatório Integrado 2020, o banco utilizou um “modelo de criação de valor” detalhado com KPIs ( Key Performance Indicator) claramente definidos para os seis capítulos IR. Isso foi dividido entre “entradas” – ou recursos necessários para operar o negócio, como tempo, habilidades e patrimônio do investidor – e “saídas” – os empréstimos e outros resultados de sua atividade.
Três outras seções completaram o quadro: “atividades de negócios” ou o que o banco faz com insumos para criar valor para o acionista; “resultados” ou o efeito de produtos, como investimento em novas tecnologias; e “impactos” ou as consequências de suas atividades para os acionistas. Como disse um porta-voz do banco: “Criamos valor de várias maneiras – não apenas como banco, mas também como empregador. Ao conceder empréstimos às empresas, apoiamos o crescimento econômico e a criação de emprego. Também fornecemos hipotecas para que as pessoas possam comprar suas próprias casas.”
Você pode mostrar como sua estratégia ESG combina com a estratégia corporativa para criar valor?
Em seu Relatório Integrado de 2022, o Grupo Bridgestone detalhou claramente como colocar a sustentabilidade no centro de sua gestão e negócios, e que estava alimentando a transformação da empresa, ajudando-a a atingir suas metas ambientais, incluindo um uso expandido de energia renovável e o desenvolvimento de manufatura verde e inteligência locais – tudo em busca de uma sociedade de mobilidade neutra em carbono. “Como uma empresa global, respondendo às expectativas da sociedade e cumprindo nossas responsabilidades sociais por meio de negócios e atividades de contribuição social, esperamos promover a confiança da sociedade e de nossos stakeholders e construir bases para mais criação de valor”, explicou Shuichi Ishibashi, CEO da Bridgestone.
A British Land, empresa imobiliária do Reino Unido, em seu relatório de 2020, fez isso bem, apresentando histórias de clientes e comunidades, destacando fazendas urbanas verticais, um novo conceito de mercado de alimentos, espaços de trabalho de baixo custo para empreendedores e PMEs e outras iniciativas locais que respaldaram sua sustentabilidade. As histórias eram evidências concretas das reivindicações ESG da British Land.
Existem muitos argumentos a favor de um IAR: os investidores hoje querem mais do que uma simples apresentação de resultados; seu público é maior do que no passado – incluindo novos funcionários acionistas que acompanham os desenvolvimentos corporativos; e os investidores preferem colocar seu dinheiro em empresas com excelentes credenciais de sustentabilidade.
O relato integrado tem o apoio de mais de 40 grandes bolsas de valores e foi adotado por cerca de 2.500 empresas em mais de 70 países, de acordo com o IIRC, que agora faz parte da Fundação IFRS, que rege os regulamentos internacionais de contabilidade. Ele pode não ser o certo para sua empresa agora, mas em algum momento você, provavelmente, desejará fazer a troca. As respostas às perguntas acima irão ajudá-lo a preparar o terreno, assim como os guias úteis para “Pensamento Integrado” preparados pelo IFRS.