Inteligência artificial e agenda ESG, essas são duas prioridades e forças que vão influenciar as empresas em 2024. A constatação é do estudo Panorama 2024, realizado pela Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas. O estudo ouviu 694 empresários brasileiros de companhias que, somadas, empregam mais de 974 mil pessoas e têm um faturamento anual de aproximadamente R$ 755 bilhões.
O levantamento perguntou “quais tendências vão impactar mais sua empresa em 2024?”. Entre as mais de 20 opções, a Inteligência Artificial foi a mais citada por 60% dos executivos, seguida pelo avanço da Agenda ESG, mencionada por 51% deles.
Outras quatro tendências também apareceram com destaque para parcela expressiva dos respondentes: digitalização de produtos e serviços (41%), Big Data (40%), manutenção do trabalho híbrido e remoto (34%) e uso ou investimentos em energias renováveis (31%).
De acordo com Abrão Neto, CEO da Câmara Americana de Comércio Brasil e Estados Unidos, os dados mostram o empresariado brasileiro consciente sobre o valor estratégico da tecnologia e da agenda ESG. “Ao mesmo tempo em que as empresas buscam incorporar os benefícios de inovações tecnológicas como a inteligência artificial e Big Data, elas têm evoluído em suas responsabilidades com o meio ambiente e com a sociedade”, avalia.
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“Tudo indica que a inteligência artificial será cada vez mais usada para fins estratégicos, incluindo a tomada de decisão das lideranças e como referência para o desenvolvimento de novos produtos e modelos de negócio”, comenta o CEO da Amcham Brasil.
Forbes Brasil – No que diz respeito à IA, pode detalhar um pouco quais têm sido as principais aplicações que as empresas estão fazendo?
Abrão Neto – Segundo a nossa pesquisa, o uso de tecnologias de inteligências artificiais generativas já acontece, em algum nível, em 68% das empresas participantes. As respostas revelam que a adesão é expressiva, mas pulverizada em diferentes tipos de aplicações, com destaque para: automação de processos repetitivos (38%), melhoria de eficiência operacional (28%), análises de dados e insights preditivos (28%), suporte ao cliente (22%), apoio à tomada de decisão (20%) e marketing e vendas (20%). Por se tratar de uma tendência em processo de incorporação pelas empresas, a aplicação da inteligência artificial ainda é difusa, variada e, de certa forma, instrumental. Aos poucos, espera-se que o seu uso se torne cada vez mais estratégico e é base para o desenvolvimento de novos modelos de negócio e produtos.
FB – Qual tem sido o envolvimento do C-Level em temas relacionados à IA e tecnologia?
Abrão – A curva de envolvimento está em franca evolução. A pesquisa, que teve mais da metade dos seus 694 respondentes como C-Level de grandes e médias empresas, deixa clara a maior importância dada para temas relacionados à IA e tecnologia como tendências a impactar as suas empresas no ano que vem. O bloco de tecnologia concentrou sete das 10 principais tendências percebidas pelos participantes, com destaque para o ganho expressivo de relevância da Inteligência Artificial/IA, que passou a ocupar a principal posição para 2024. Relacionados ao universo da tecnologia, também tiveram destaque o lançamento de produtos/serviços digitais, o uso de Big Data, cibersegurança, internet das coisas (IoT) e computação em nuvem. Todos esses temas apareceram no radar do C-Level, o que demonstra o seu interesse e envolvimento com eles.
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FB – Cibersegurança aparece como elemento importante de preocupação das empresas?
Abrão – A pesquisa aponta que a cibersegurança subiu da 9ª para a 7ª posição entre os temas que mais impactarão as empresas em 2024. É uma indicação nítida de que elas estão se tornando cada vez mais conscientes da importância relacionada à proteção de seus ativos digitais. Os dados revelam que 29% das empresas pretendem adotar ações dedicadas à cibersegurança no ano que vem, com vistas a mitigar riscos cibernéticos. Com a digitalização crescente de processos e a maior adoção de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e a inteligência artificial, bem como a consolidação do trabalho remoto, as empresas se tornam alvos mais susceptíveis aos ataques cibernéticos, o que tem atraído maior atenção por parte da gestão. A tendência é que nos próximos anos o tema siga ganhando relevância, acompanhando o amadurecimento do processo de transformação digital das empresas brasileiras e do mercado.
5 profissões que serão criadas pela Inteligência Artificial:
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Getty Images Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
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picture alliance/Getty Images Designers de prompts para IA
Os designers de prompts para IA são especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.
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Ser automotivado
Uma das qualidades críticas de um empreendedor de sucesso é ser automotivado. Nesta linha de trabalho, ninguém mais pode responsabilizá-lo por suas tarefas além de você mesmo. Portanto, você deve entender claramente por que deseja se tornar um empreendedor e estar disposto a fazer o trabalho para atingir seus objetivos.
Quem consegue se manter motivado para trabalhar de forma consistente em meio a dúvidas, tentações e críticas alheias, tem mais chances de sucesso nos negócios do que quem só trabalha quando a motivação ou inspiração vem de fontes externas.
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Especialista em ética da IA
Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. Advogados vão passar a se especializar em questões jurídicas relacionadas à IA. “Em algum momento, as empresas irão precisar de governança ligada à IA para pensar esses limites”, diz a economista Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pesquisadora dos impactos éticos da Inteligência Artificial.
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Curadoria de informações para IA
A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso – inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora.
Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.