O mundo está em uma situação lamentável do ponto de vista econômico. É heresia dizer isso, mas uma medida extremamente proveitosa, que revigoraria a economia mundial, seria passar uma motosserra no enorme desperdício de dinheiro com as chamadas energias renováveis, principalmente a eólica e a solar. Isso liberaria recursos para investimentos produtivos que impulsionariam o tão necessário crescimento econômico.
Uma iniciativa desse porte é indispensável. Pela estimativa do Banco Mundial, o crescimento global em 2024 será de apenas 2,4%, após os patéticos 2,6% do ano passado. E esses 2,4% podem ser reflexo de um otimismo excessivo.
As economias pós-Covid deveriam estar bombando; em vez disso, a maioria está no marasmo ou afundando. Os países em desenvolvimento estão penando. A China afirma que vai crescer 5% em 2024, mas ninguém acredita mais nos números de Pequim, levando em conta a imensa taxa de jovens desempregados e os apuros do mercado imobiliário, que já foi um grande motor do crescimento.
Alemanha, Japão e Reino Unido estão em recessão ou perto dela.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se vangloria de que o país têm a melhor economia do mundo, mas nosso desempenho está abaixo dos padrões históricos e é deleteriamente sustentado por grandes gastos públicos. Algo surpreendente é que, devido à nossa estranha maneira de calcular o PIB, os gastos públicos o aumentam diretamente: quanto mais cheques o Tio Sam assina, maior a cifra do PIB.
Washington despejará cerca de US$ 7 trilhões neste exercício fiscal, e Biden quer gastar ainda mais no ano que vem. Esses desembolsos anuais excedem as supostas máximas temporárias atingidas durante a pior fase da crise da Covid, ou seja, nosso desempenho medíocre se apoia em uma plataforma de investimentos nefasta e antiprodutiva.
Os países estão afogados em dívidas. A dívida total no âmbito mundial é de US$ 300 trilhões, quase três vezes o tamanho da economia global. Cortar os gastos com fontes alternativas de energia liberaria enormes montantes para permitir a retomada do crescimento das economias. Isso é particularmente importante para os países mais pobres, que estão passando por uma estagnação nociva do ponto de vista político.
Leia também:
- Conselho do Banco Mundial concorda em abrigar fundo de “perdas e danos” por mudanças climáticas
- UE dá sinal verde para lei mais dura sobre responsabilidade corporativa
Presume-se que as energias renováveis salvarão o planeta ao eliminarem as emissões de dióxido de carbono. No entanto, há cada vez mais indícios de que as vastas quantidades de minerais necessárias para essa transição e as outras etapas prejudiciais ao meio ambiente nesse processo acabam, na melhor das hipóteses, empatando com os combustíveis fósseis. Em outras palavras, estamos desperdiçando quantias inimagináveis de dinheiro para nada.
Pense no seguinte: neste século, gastamos quase US$ 6 trilhões com energias renováveis, e a proporção de energia proveniente de combustíveis fósseis caiu de 86% para apenas 84% em nível mundial. Se todos esses recursos tivessem sido usados para abrir novas empresas, expandir as existentes, criar tecnologias que melhoram a vida e garantir água potável para todos, imagine como o mundo seria melhor?! Ou reflita sobre este fato: incrivelmente, as emissões de dióxido de carbono da Europa atingiram o pico em 1979; as dos EUA atingiram o pico em 2005.
Existem duas fontes de energia seguramente limpas: o gás natural e a energia nuclear. Porém, o governo Biden está estrangulando a produção de gás natural, embora os EUA estejam repletos dele. Ao mesmo tempo, as autoridades reguladoras estão sufocando avanços animadores na energia nuclear, mais especificamente os pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês), que são muito mais fáceis de construir e poupam tempo e custos consideráveis.
Os SMRs podem fornecer energia para áreas reduzidas, como cidades, campi de universidades, hospitais e data centers. Contudo, as regulamentações governamentais estão inviabilizando os SMRs ao gerarem despesas e atrasos longos e desnecessários.
(Coluna publicada na edição 118º da Revista Forbes, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa)