A cerca de 1h30 de Milão, em Franciacorta, na região de Brescia, na Lombardia, a beleza do cenário repleto de vinhedos e cercado pelo Lago Iseo confunde-se com os prazeres oferecidos por uma das bebidas mais apreciadas e elogiadas da Itália. “Não é prosecco, é Franciacorta, o ‘champanhe’ dos italianos”, explica o empresário Vittorio Moretti, 74 anos, controlador da holding Terra Moretti, que administra os vários negócios da família. Conhecido das altas rodas e da imprensa italiana, Moretti é um dos grandes construtores da região, além de fabricante de barcos, colecionador de Ferraris Dino e um dos pioneiros na produção da bebida borbulhante. De qualidade ímpar, segundo críticos de vinho, Franciacorta é um produto DOCG (denominação de origem controlada e garantida), com regras estabelecidas por um consórcio que hoje tem cerca de 100 produtores em sua lista.
A partir de uvas chardonnay, pinot nero e pinot bianco, as casas produzem cerca de 15 milhões de garrafas da bebida por ano, o que gera uma receita de € 200 milhões. A título de curiosidade, Champagne, na França, produz 300 milhões de garrafas/ano. A versão italiana da bebida é tão limitada que 80% de todo seu volume é consumido pelo mercado interno. Os 20% restantes atendem a mercados ávidos pelo sabor do espumante como o japonês e o americano. Dentre algumas das marcas mais sofisticadas de Franciacorta está a Bellavista, que produz por volta de 1 milhão de garrafas/ano e pertence a Moretti. “Sou um homem da terra e do vinho”, diz Moretti, que comprou os primeiros terrenos na região em 1974 e foi um dos precursores na criação do conceito.
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Sobre o futuro, ele calcula que, em dez anos, a produção de Franciacorta deverá dobrar e chegar a 30 milhões de garrafas/ano. Ele explica que é mandatório ao Franciacorta que ele seja armazenado por pelo menos quatro anos, podendo chegar a uma década, dependendo da marca. “Franciacorta é e sempre será um mercado de nicho e de valor. Atualmente, todas as suas adegas têm, armazenadas e em desenvolvimento, 50 milhões de garrafas, somando diferentes anos, uvas e rótulos.”
Hoje, o vinho responde por 50% dos negócios de Moretti, que também tem, ao lado de um de seus vinhedos um dos hotéis mais exclusivos da Itália. Trata-se do L’Albereta Relais & Châteaux, um cinco estrelas construído nas colinas de Franciacorta. Dos vários restaurantes de lá, destaque para o celebrado LeoneFelice, comandado pelo chef Fabio Abbattista, que recebe ingredientes diariamente para compor desde uma farta salada caprese até um cacio e pepe — al dente.
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O L’Albereta também é conhecido por receber abastados de toda Europa que buscam o Spa Espace Vitalité Henri Chenot, que oferece tratamentos para combater estresse, ansiedade, depressão, peso excessivo, diabetes, dores musculares e distúrbios do sono.
Mas isso não é tudo. Moretti também tem negócios na Toscana como o hotel L’Andana, que faz parte do The Leading Hotels of the World e nasceu da paixão do celebrado chef francês Alain Ducasse pela Itália e seu desejo de criar um novo resort em um terreno de 500 hectares nas proximidades de Castiglione della Pescaia. Lá, além do hotel com 33 quartos, ainda tem spa, trattoria e campo de golfe.
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Eclético, o italiano também tem investimentos no Brasil. Em parceria com empresários de Milão, ele aportou, até o momento, € 15 milhões em um projeto de condomínio fechado em Aracaju (SE). Cerca de 300 residências, com preço de R$ 500 mil cada, já foram vendidas e a previsão é chegar a mil. “Aracaju é uma região em desenvolvimento, diferentemente de São Paulo e do Rio de Janeiro, que já estão saturadas.”