Tenho um amigo, publicitário, que costuma brincar dizendo: “Parece que essa tal de publicidade funciona!” Brincadeiras à parte, os suíços do vale do Engadin e seus marqueteiros foram extremamente competentes com as campanhas que venderam a região e o seu principal destino, a cidade de St. Moritz, como uma estação de esqui.
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Não que isso não seja verdade: St. Moritz, além de ser uma das principais e mais exclusivas estações de esqui do mundo, foi a cidade onde nasceu o turismo de inverno (1864) e os esportes de inverno (1884). Só que isso aconteceu de 150 anos para cá. O que muita gente não lembra, ou não sabe, depois de anos de campanhas eficazes vendendo a cidade como um destino de inverno, é que St. Moritz sempre foi um destino de verão e outras estações, e já atraía gente para suas estâncias de águas minerais desde a era do bronze. As famosas fontes minerais da cidade foram descobertas há mais de 3.400 anos. Consegue enxergar como a publicidade vende?
Eu já conhecia a St. Moritz branca e nevada, uma verdadeira Winter Wonderland, mas algo continuava me intrigando: como ela seria na alta estação do verão? Essa curiosidade nos levou, eu e minha filha, após alguns dias em Zurique, em julho, a bordo dos pontuais e confiáveis trens da SBB, subindo os Alpes suíços até a altitude de 1.800 metros. Enfim, descobríamos uma cidade completamente diferente daquela que tínhamos deixado para trás no último inverno.
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Bastaram poucas horas para entender o sucesso do local durante o verão. Ali, apesar de o sol brilhar forte, a temperatura não vai passar muito acima dos 26 graus. Sol é o que não falta na cidade. São em média 322 dias com sol durante o ano, que, somado ao clima seco da altitude, tornam a estadia muito agradável.
Com todas as condições favoráveis, só faltava o local ideal para nos hospedar em nossa temporada de verão alpino, e a escolha não poderia ter sido mais acertada: o majestoso Badrutt’s Palace Hotel. Veja os detalhes na galeria de fotos:
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Badrutt’s Palace Hotel O hotel, inaugurado em 1896, é uma das mais imponentes construções da cidade, e pode ser visto de quase todos os pontos dela, desde que você chega à estação de trem. Ele passou por uma ampla reforma nas últimas duas décadas, que incluiu diversas fases. Uma das mudanças mais marcantes foi a de sua fachada, que ganhou linhas palacianas. O resultado foi um verdadeiro castelo de Cinderela, que lembra os tempos de sua inauguração e os frequentadores da época.
A denominação “Palace” no nome do hotel é mais do que apropriada. Afinal de contas, a sensação, quando se entra no prédio, é a de estar em um palácio. Ao cruzar a porta de entrada do hotel, você encontra a recepção num espaço pequeno, de teto baixo, tímido e acolhedor, típico de construções medievais. Mas basta cruzar uma porta de vidro, e se chega ao Le Grand Hall, um dos enormes salões principais do lobby com pé direito altíssimo, teto em madeira trabalhada, elegantemente decorado com mobiliário em couro, pele, madeira e metais. A sensação de viagem no tempo está completa. Os enormes janelões de vidro, com a vista para o lago e as montanhas, são um brinde aos hóspedes que chegam ali pela primeira vez.
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É no Badrutt’s Palace que as celebridades e o jet setter mundial se hospeda, seja no inverno, seja no verão, e é em suas dependências que acontecem as maiores festas da cidade, como o Gala, realizado durante a famosa e exclusiva partida de snow polo, jogada sobre o lago congelado durante o inverno, ou a recente e pomposa Venetian Gala Party, que celebrou os 120 anos de inauguração do hotel em julho.
O empreendimento conta com 157 acomodações, sendo 37 suítes de sete categorias diferentes. Entre os apartamentos, os hóspedes podem escolher entre quatro modalidades, mas uma coisa que surpreende bastante é lembrar que aquele hotel passa uma boa parte do ano fechado fora das altas temporadas de inverno e verão. Talvez seja por isso que os quartos estejam sempre com aspecto de novos. Nos meses em que estão fechados para o público, o hotel passa por pequenas e constantes reformas em apartamentos e áreas comuns.
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Com 280 metros quadrados, a suíte Hans Badrutt é a mais luxuosa do complexo. Possui lobby revestido com mármore, amplo living room com piano, terraço, um dormitório (com opção de adicionar mais dois), biblioteca, cozinha, jacuzzi, sauna, banheiro e lavabo. Outra suíte de destaque é a 501, que leva o nome do diretor de cinema Alfred Hitchcock, um hóspede fiel do Badrutt’s Palace. Com 95 metros quadrados, a acomodação oferece living room, quarto, banheiro lavabo e ainda tem a possibilidade de se conectar a mais dois dormitórios.
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A primeira visita de Hitchcock a St. Moritz aconteceu em 1924, quando roteirizava o longa The Prude’s Fall (1925). Dois anos depois, ele passou sua lua de mel no Badrutt’s Palace, e gostou tanto que retornou outras 34 vezes. Foi em uma de suas estadias, ao ver um bando de aves sobrevoando o céu de St. Moritz, que ele teve a ideia de filmar Os Pássaros (1963).
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O Badrutt’s tem localização superprivilegiada, na rua que é o epicentro das lojas das grandes maisons de luxo, a Via Serlas, onde você encontra tudo o que encontraria em Paris, Nova York e Beverly Hills. É lá, por exemplo, anexo ao hotel, que fica a Palace Galerie, com lojas como Gucci, Tom Ford, Louis Vuitton, Bottega Veneta, Harry Winston. Há ainda a vista deslumbrante do lago e das montanhas que oferece aos seus hóspedes. Dormir com as janelas abertas, numa noite de verão, é uma experiência incrível,
com o clima ameno e ar puro dos Alpes se misturando com o agradável odor da madeira de pinho, típica da construção local, e que está presente na decoração de todos os quartos.Acordar e ir até a varanda encontrar aquela paisagem das montanhas com o pico nevado, o verde abundante das florestas de pinho e o azul cristalino do enorme e sereno lago da cidade é indescritível. Talvez seja o ângulo do sol ou a altitude, mas as cores ali são tão cristalinas e vibrantes que parece que você está diante de uma tela de altíssima resolução 4K. Vista semelhante era a da varanda do restaurante do café da manhã. Eu gastava tanto tempo admirando aquela bela paisagem, que o espresso esfriava, e eu tinha que pedir outro. Espero que o seu celular tenha bastante memória disponível para as centenas e centenas de fotos que irá tirar daquela paisagem…
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St. Moritz também é apreciada por sua gastronomia de alto nível, e você não precisa sair dos domínios do hotel para comprovar essa afirmação. O Le Restaurant, de culinária internacional e francesa, oferece um jantar clássico à luz de velas, num belo e enorme salão com candelabros de cristal e piano ao vivo. Uma das especialidades da casa são os deliciosos e visualmente atraentes pratos flambados, onde os maîtres preparam, ali na sua frente, iguarias como deliciosos lagostins, num show de destreza com as frigideiras e o fogo. No Le Relais, de cozinha internacional, enormes janelas com vista para o Lago St. Moritz completam o charme da decoração belle époque. O ambiente familiar é o destaque do La Diala, com seus pratos mediterrâneos e diversas opções de lanches e saladas.
No Renaissance Bar, o hóspede pode desfrutar dos clássicos aos mais inovadores coquetéis a qualquer hora. É o único local do hotel onde o fumo é permitido, e portanto os entusiastas podem apreciar um bom charuto enquanto curtem o piano ao vivo. A dica infalível é pedir caviar e champagne no Le Grand Hall, que é o principal ponto de encontro da cidade, seja você um hóspede ou não. Se você for a St. Moritz e não passar pelo Le Grand Hall, é como se não tivesse ido.
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Quem busca uma atmosfera mais rústica vai se encantar com a Chesa Veglia. Essa construção em estilo alpino, datada de 1658, que fica a poucos passos ladeira acima do Palace, com vista privilegiada do hotel e da cidade, foi comprada pelo Badrutt’s em 1935,
e conta com três restaurantes: a Pizzeria Heuboden, o Grill Chadafö, de culinária clássica francesa, e o Patrizier Stuben, com especialidades internacionais e suíças. Para drinques após o jantar, as opções são os bares Carigiet e Polo. Vale a pena estender a noite na casa noturna King’s Club. Com capacidade para 200 pessoas, o nightclub costuma contar com um DJ convidado e noites temáticas. Esse é outro hotspot da cidade nas temporadas de verão e inverno. É bom estar hospedado no Badrutt’s Palace e ter um ótimo contato com o concierge para conseguir mesa e reserva nesses lugares, caso contrário a fila de espera — quando disponível — é longa. -
Durante o inverno, o grande destaque é o La Coupole-Matsuhisa, do aclamado chef Nobu Matsuhisa, bastante conhecido por nós brasileiros pela rede que carrega seu nome e que se tornou uma das prediletas do país. O restaurante com 108 lugares foi construído na antiga quadra de tênis do hotel, que foi a primeira da Europa, o estabelecimento tem decoração assinada pelo Martin Brudnizki Design Studio, de Londres. O novo projeto manteve a cobertura original de estrutura metálica da quadra na qual foi adicionada vidro e possibilita que os comensais apreciem a vista para o legendário hotel. O lugar é lindo.
Para os que gostam de exclusividade e privacidade, o hotel oferece a opção de um jantar reservado, dentro da cozinha principal, preparado e servido pelo chef da propriedade: é o Chef’s Table Dinner. Vá com fome, e prepare-se para uma orgia gastronômica.
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Uma outra excelente sugestão do hotel, durante o verão, é fazer um passeio de carruagem com direito a um piquenique no final, à beira de um lago próximo à cidade, com um fantástico catering fornecido pelo hotel em belas cestas de vime que lembram às dos clássicos do cinema.
A área de lazer do Badrutt’s segue a sofisticação das demais dependências. Logo ao chegar ao andar de acesso à piscina e ao spa, você já percebe a grandiosidade do lugar, que foi escavado dentro da rocha maciça, que está ali, in natura, com as veias de água mineral escorrendo graciosamente no que parece ser uma obra de design arquitetônico de extremo bom gosto. A piscina interna, totalmente coberta com uma bela estrutura de vidro com vista para as montanhas e o lago, tem acesso direto à piscina externa, que é aquecida. Sentar ali fora, ao cair da tarde, com a lua saindo, a temperatura baixando e tendo diante de você a imponente silhueta do Palace de um lado e as montanhas de outro, é uma cena que fica gravada por muito tempo. Durante o verão, o hotel abre sua quadra de tênis com treinadores profissionais, e no inverno fica liberada a pista de gelo natural.
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O spa possui dez salas individuais para tratamentos faciais e corporais — não há nada melhor depois de um dia de hiking ou esqui. Há uma moderna e bem equipada academia de ginástica e duas saunas, além de mais cinco salas de tratamentos específicos.
As viagens e os destinos vão se acumulando, e junto com eles a minha lista de lugares prediletos no mundo. O Badrutt’s Palace já faz parte desta lista, e tenho certeza de que você entenderá os motivos quando se hospedar lá — no inverno ou no verão.
O hotel, inaugurado em 1896, é uma das mais imponentes construções da cidade, e pode ser visto de quase todos os pontos dela, desde que você chega à estação de trem. Ele passou por uma ampla reforma nas últimas duas décadas, que incluiu diversas fases. Uma das mudanças mais marcantes foi a de sua fachada, que ganhou linhas palacianas. O resultado foi um verdadeiro castelo de Cinderela, que lembra os tempos de sua inauguração e os frequentadores da época.
A denominação “Palace” no nome do hotel é mais do que apropriada. Afinal de contas, a sensação, quando se entra no prédio, é a de estar em um palácio. Ao cruzar a porta de entrada do hotel, você encontra a recepção num espaço pequeno, de teto baixo, tímido e acolhedor, típico de construções medievais. Mas basta cruzar uma porta de vidro, e se chega ao Le Grand Hall, um dos enormes salões principais do lobby com pé direito altíssimo, teto em madeira trabalhada, elegantemente decorado com mobiliário em couro, pele, madeira e metais. A sensação de viagem no tempo está completa. Os enormes janelões de vidro, com a vista para o lago e as montanhas, são um brinde aos hóspedes que chegam ali pela primeira vez.