Aparentemente, cheirar chocolate agora é tendência – e não estamos falando de quando rimos enquanto tomamos uma bebida achocolatada com canudinho. Por US$ 24,99 é possível comprar, nos Estados Unidos, 10 doses de Coco Loko, um pó à base de cacau (além de gingko biloba, taurina e guaraná, que são comuns em bebidas energéticas) feito para ser inalado.
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Mas por que alguém inalaria chocolate (junto de outros ingredientes de bebidas energéticas) quando se pode simplesmente comê-lo? Qual é o próximo passo? De acordo com uma matéria publicada no jornal “Washington Post”, Nick Anderson, o fundador de 29 anos da Legal Lean, empresa que produz o Coco Loko, ouviu sobre a “tendência de inalar chocolate” na Europa, experimentou e, depois de algum tempo, criou sua própria receita. Segundo ele, o produto dá uma sensação “quase como se tivesse ingerido uma bebida energética, como se estivesse eufórico mas também motivado para realizar coisas” de 30 minutos a uma hora depois de inalado.
As explicações para o efeito causado pelo Coco Loko estão no site da empresa:
Pico de endorfina: quando essa substância é liberada, engatilha uma sensação positiva de bem-estar similar à da morfina. Um exemplo é a sensação obtida depois de um longo treino, quando nos sentimos eufóricos, positivos e alegres.
Pico de serotonina: um pico repentino de serotonina produz uma elevação de humor e um estado de euforia similar ao êxtase. Essa é a sensação que faz a música soar melhor e que aumenta o nível de felicidade.
Energia eufórica: cacau em pó dá um pico contínuo de energia eufórica e motivação que é ótimo para os baladeiros dançarem a noite toda sem cansar. É até mesmo usado por atletas para ganhar uma vantagem competitiva de forma natural.
Foco calmo: graças ao cacau, obtém-se uma sensação de foco calmo e uma redução no falatório e nas preocupações no cérebro, de forma que o usuário seja capaz de realizar muitas tarefas simultaneamente e maximizar seu tempo e objetivos. É também conhecido por ajudar na redução da ansiedade e do estresse.
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Tudo isso vem, supostamente, do ato de colocar chocolate no nariz – como se não fossem as caixas de som as responsáveis por fazer a música soar melhor, os relacionamentos e propósitos na vida pela felicidade, e a disciplina mental dos atletas por sua vantagem competitiva. A dúvida é onde exatamente estão os estudos científicos por trás de todas essas alegações.
Em relação aos riscos, é importante lembrar que o nariz não é apenas uma passagem para o ar. O interior dele é um ambiente autorregulado que inclui um revestimento de membrana mucosa, secreções e diferentes tipos de bactéria. Colocar qualquer coisa fora do normal em seu interior pode minar as defesas naturais das narinas, o que pode levar a machucados ou infecção.
Além disso, não se sabe o que mandar chocolate para os pulmões pode causar. Só porque chocolate agrada muito ao paladar, não significa que não possa causar problemas em outros lugares do corpo. Uma reportagem do canal de televisão “NBC News” mostrou que a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) citou a Bloomer Chocolate Company por poluição atmosférica, mesmo que o chocolate no ar tivesse um cheiro ótimo. A EPA indicou que respirar qualquer matéria em partículas pode causar doenças respiratórias. Ou seja: o ideal ainda é limitar o que é colocado no nariz a apenas aquelas coisas necessárias e apoiadas pela ciência.