Houve um tempo, e não faz tanto tempo assim, em que muitos meninos ao redor do mundo respondiam “astronauta” e “piloto de avião” à inevitável pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” Com o jovem russo Sergey Petrossov, 29 anos, não foi diferente. A diferença é que, em vez de ficar com a cabeça nos ares, ele transformou o devaneio infantil em uma oportunidade de negócio absolutamente “pé no chão”.
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Apesar da pouca idade, Petrossov enxergou na aviação privada seu “blue ocean”, à espera de ser explorado. O primeiro passo foi fazer contas: “Analisei o setor a fundo e descobri que a maioria dos jatos voava 200 horas por ano, e um terço do tempo eles ficavam sem passageiros a bordo. Isso significava muitos voos vazios e um número total de horas de voo muito abaixo da capacidade das aeronaves”.
A JetSmarter opera o trajeto Nova York-Flórida 40 vezes por semana com quase 100% de ocupaçãoAssim, em 2012, o menino prodígio montou o protótipo da JetSmarter e convenceu profissionais da indústria e usuários a testar seu modelo de negócio. “Inicialmente, oferecemos um serviço digital de charter. Depois, passamos para o compartilhamento de assentos de jatos privados”, lembra.
Sua “sacada” logo se popularizou, a ponto de ser chamada de “o Uber dos ares” – uma forma mais conveniente, inteligente e barata de se locomover pelo ar.
A JetSmarter é um clube fechado. Para entrar nele é necessário desembolsar US$ 15 mil e passar por um background check. Por esse valor, os membros podem reservar assentos em voos que já estão disponíveis na base do aplicativo.
“A maioria dos nossos clientes gastou US$ 30 mil em 2016, o que não é muito para o mercado. Os 10% top consumiram mais de US$ 144 mil. O maior cliente gastou US$ 2 milhões, mas isso é um extremo fora da curva”, explica Petrossov.
Caso nenhuma rota satisfaça a necessidade do viajante, é possível criar um voo. “O serviço custa US$ 4 mil, e se o resto dos assentos não for vendido, somos nós que assumimos o risco”, conta o jovem empreendedor. “É por isso que usamos uma base de dados bem ampla, para entender melhor nossos usuários. O trajeto Nova York-Flórida, por charter convencional, custa em média US$ 15 mil. Nós operamos essa rota 40 vezes por semana, número maior que o de voos comerciais, com cerca de 96% dos assentos preenchidos.” Outro dado de respeito: a empresa tem 800 aeronaves filiadas, e esse número tende a crescer. Petrossov explica o motivo do otimismo: “Antes de a gente começar, não era normal os passageiros dividirem um voo. Mas muitos que disseram ‘não’ quando começamos agora estão voltando atrás”. Se o cliente exigir uma aeronave maior, como as da Gulfstream, basta pagar uma taxa extra.
Conhecendo o perfil e o nível de exigência de seus usuários, ele incluiu alguns agrados no serviço. “Vemos para onde eles estão indo e facilitamos as coisas: preparamos um carro para buscá-los, cuidamos das reservas dos restaurantes, esse tipo de comodidade que as pessoas esperam de um serviço de alta qualidade.”
CELEBRIDADES
Observador e detalhista, Petrossov já tirou valiosas lições de seu business. Uma delas: o networking é um dos pontos-chaves na hora de atrair novos clientes. Ele percebeu que, durante os voos, os viajantes conversam muito e trocam contatos. Outro fator de atração, uma verdadeira “mina de ouro”, é a presença de celebridades no clube: “O Jay Z [rapper bilionário] e alguns membros da família real saudita usam nossos serviços. Eles geram atenção, são como nossos embaixadores. Ambos, aliás, tornaram-se investidores da JetSmarter”. Eles se juntaram a investidores que, em dezembro de 2016, aplicaram US$ 105 milhões no serviço, então avaliado em US$ 1,5 bilhão.
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Expansão internacional está na mira do ousado empresário russo. Hoje os jatos transitam entre os Estados Unidos, países da Europa e Oriente Médio. Os mercados que estão em seu radar são Brasil, México, Índia e China. Petrossov vai procurar parceiros locais para operar nesses países. Quem se habilita?
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