Um dos templos do consumo de Londres, a loja de departamentos Selfridges decidiu banir a venda de produtos fabricados com couros exóticos — mais especificamente crocodilo, jacaré e cobra. A mudança, que começa a valer daqui a um ano, não impacta itens fabricados com matéria-prima bovina.
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Trata-se de uma decisão coerente para a empresa, que desde 2005 vem dando passos ecologicamente corretos. Naquele ano, parou de vender casacos de pele como marta zibelina e chinchila. Uma década mais tarde, aboliu garrafas plásticas e passou a fabricar suas sacolas com copinhos de papel reciclados.
Antes da loja inglesa, marcas importantes da moda haviam dado o mesmo passo, caso de Vivienne Westwood e Diane von Furstenberg. Das maisons francesas, a primeira a aderir foi a Chanel. Recentemente, também Victoria Beckham (Posh Spice para pessoas da minha geração, se me permitem a observação fora de contexto) anunciou que a partir de sua próxima coleção os répteis seriam poupados.
O impacto direto dessa tendência é em grifes de altíssimo padrão, sobretudo as que fabricam sapatos e bolsas. No Brasil, as da Hermès desembarcaram na década passada por R$ 120 mil.
Nunca houve tanta pressão pública por posturas ecologicamente corretas das empresas, em grande parte orquestrada pelo Peta. Segundo a ONG de defesa dos animais, há marcas que chegam a usar quatro crocodilos para fazer uma única bolsa.
Um dos grandes problemas do uso de peles de répteis – além da óbvia crueldade com os bichos – é o mercado paralelo de venda. O Peta estima que o comércio ilegal de píton movimente por ano US$ 1 bilhão. Com esse volume, não é de se espantar que haja espécies ameaçadas de extinção por causa de escolhas fashion de humanos.
Ao anunciar a decisão, a Selfridges declarou que enxerga que o luxo do futuro é definido pela habilidade de fabricação e inovações de matéria-prima. Quer dizer, certa estava a Stella McCartney, não? Primeira marca vegetariana de nossos tempos, provou que é possível fabricar luxo que enche os olhos com materiais alternativos.
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