Resumo:
- Moradores locais vivem boom turístico por conta da série “Game of Thrones”;
- Série de oito temporadas e 72 capítulos teve cenas gravadas na Irlanda, Espanha, Islândia e Croácia;
- Mais de 17 milhões de pessoas assistiram à estreia da última temporada na HBO. Outras 54 milhões acompanharam a abertura de forma, digamos, extra-oficial;
- A capital da Irlanda do Norte oferecerá experiência em estúdio em 2020 para fãs do programa;
- Segundo relatório, a onda “Game of Thrones” injeta, anualmente, US$ 40 milhões no turismo da Irlanda do Norte.
Depois de oito temporadas e 72 episódios gravados em locais incríveis da Irlanda, Espanha, Islândia e Croácia, chegou ao fim a série da HBO feita de conflitos, paixões e dragões. Ou, pelo menos, o programa da TV. O que não vai terminar tão cedo é o boom turístico que “Game of Thrones” (GoT, para os íntimos) gerou em todo o mundo — e que eu experimentei em primeira mão na Espanha, em abril.
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Antes de ir até a Espanha, um amigo sugeriu visitar a igreja de uma ilha perto da bela — e de nome impronunciável — cidade de Gaztelugatxe. O local, ligado ao continente por um longo e sinuoso passeio, fica na baía de Biscaia, no largo da costa norte central da Espanha. Como estávamos em Bilbao, a cerca de uma hora de distância, e tínhamos um carro, pensamos em conferir o lugar.
Como espectador ocasional, eu não sabia que o Gaztelugatxe é um lugar de “Game of Thrones”. E não um lugar qualquer: a ilha foi cenário da casa ancestral de Daenerys Targaryen, Dragonstone. Daenerys, interpretada por Emilia Clarke, é a loira “mãe dos dragões”, e talvez a maior estrela da série. A região tem uma igreja do século 10 dedicada a João Batista — mas não o castelo de Daenerys, criado digitalmente.
Como morador de Los Angeles há trinta anos, não costumo me impressionar com os os sets e locais de filmagem. Mas poucas vezes vi algo como a multidão em Gaztelugatxe, que teve que ser redirecionada pela polícia local. A única rua da região estava apinhada de carros parados, e a estrada para o estacionamento estava fechada aos veículos por conta de obras. Quando finalmente conseguimos andar dois quilômetros em direção ao estacionamento (também fechado), um guarda-florestal de um quiosque verificou nosso nome e nos deixou visitar a igreja. Logo voltaríamos para o café da cidade, invadido por turistas à caça de comida e banheiro. Meticulosamente, manobramos nosso carro para fugir de um potencial congestionamento.
Para o bem ou para o mal, a febre “Game of Thrones” não dá sinais de arrefecer. Embora o programa não tenha sido atraente para todos, a HBO o exibiu em 170 países. Mais de 17 milhões de pessoas assistiram à estreia da última temporada no canal, e outros milhões no domingo de encerramento da série para descobrir quem ficaria com o Trono de Ferro. Isso sem falar nos espectadores das sombras. Segundo a empresa de monitoramento de pirataria Muso, só a estreia da derradeira temporada da série foi vista, digamos, de maneira extra-oficial por mais de 54 milhões. E muitos desses fãs, sobretudo os Millennials, têm um desejo ardente de conhecer os cenários das gravações.
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Uma indústria caseira de passeios evoluiu para atender à demanda crescente dos seguidores de “Game Of Thrones”. Belfast, que foi um local importante para filmagens, se tornará o lar de uma experiência de estúdio da série em 2020. A cidade também abriga a Game of Thrones Tours, que se declara a maior empresa de turismo GoT no mundo. Uma das turnês oferecidas por ela na Irlanda do Norte inclui os sets de GoT — Ilhas de Ferro, Calçada dos Gigantes e Rope Bridge Adventure. Um tour de ônibus de 9 horas saindo de Belfast (a cerca de US$ 65) dá a chance de vestir mantos da Casa Greyjoy, usar espadas e faixas e arremessar o machado.
A empresa também oferece a Dublin Winterfell Locations Trek (a US$ 83), que começa no decididamente-não-medieval Hilton Garden Inn. O pacote inclui uma caminhada de três quilômetros por uma floresta até o local onde “a Patrulha da Noite encontra corpos desmembrados na neve” e “a ponte onde os Starks encontram um lobo gigante morto e seus filhotes”, segundo a descrição do passeio.
Mais de 4.500 dessas tours surgiram na Croácia. A companhia Kings Landing Dubrovnik faz passeios a pé pela capital do país, Zagrebe, onde fãs da série podem conhecer a cidade fictícia de King’s Landing enquanto exploram o centro histórico de Dubrovnik, listado como Cidade Antiga pela Unesco. “Suba as muralhas dos locais, imagine as batalhas sangrentas de GoT e visite a fortaleza Lovrijenac para aprender as façanhas malignas do rei Joffrey. Siga os passos de Ayra Stark!”
Infelizmente, Dubrovnik foi invadida pelos fanáticos por GoT, em particular por aqueles que chegam de navio. Em 2017, esse público chegou a 750 mil pessoas, que desembarcavam de 539 navios. O grande volume de turistas levou à instituição do plano “Respeite a Cidade”, com o objetivo de limitar o afluxo de visitantes ao centro histórico de Dubrovnik a 4 mil por vez.
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Mas mesmo o prefeito de Dubrovnik, Frankovic, que fez pressão pelas restrições, não responsabiliza totalmente a série pelo boom turístico. “Alguns estão vindo por causa de ‘Game of Thrones’, é claro, mas o turismo se dá principalmente pela beleza da cidade. É uma região antiga e historicamente rica”, disse ele à CNBC.
“Game of Thrones” provocou o aumento do turismo na Croácia, Espanha, Islândia e Irlanda. Para o antecessor de Frankovic na Prefeitura de Dubrovnik, a série responde por pelo menos 10% do aumento no número de turistas na cidade, como disse a um repórter da Bloomberg. Na Irlanda do Norte, um relatório de 2018 mostrou que GoT injeta quase US$ 40 milhões no turismo a cada ano.
No próximo verão, a Cruise Croácia lançará o que chama de turnê única “Games of Thrones”. O cruzeiro de sete dias, marcado para agosto de 2020, visitará Qarth, Braavos, Riverlands e King’s Landing. A viagem está aberta para apenas 38 fãs da série. Talvez você também possa navegar e avistar o pôr do sol como se estivesse no universo GoT.