Resumo:
- Localizada 340 quilômetros a sudoeste da Costa Rica, a Ilha do Coco é patrimônio mundial da Unesco;
- Segundo a lenda, o local esconde tesouros valiosos;
- Embora os mistérios que cercam as supostas riquezas aticem a curiosidade de muitos, explorações estão permanentemente proibidas.
Senti como se tivesse sido transportado para um mundo perdido há muito tempo enquanto meu helicóptero pairava sobre a dramaticamente exuberante ilha do Coco. Localizado 340 quilômetros a sudoeste da Costa Rica, o patrimônio mundial da Unesco é parte do país desde 1832 e coberto por densa floresta tropical. Eu sempre fui fascinado com a ilha, ouvindo tantas histórias de piratas, e quis fazer a visita para ter uma visão em primeira mão. A ilha tropical é realmente tão misteriosa e atraente quanto parece.
O autor Michael Crichton ficou tão apaixonado pelo local que criou a famosa Isla Nublar, de “Jurassic Park” com base nela. Mas foi o romance clássico de Robert Louis Stevenson “A Ilha do Tesouro” que deu fama à Ilha do Coco. Foi possível entender o fascínio que ela causa, ao pairar sobre os penhascos de mais de 90 metros, praias de areia preta, inúmeros rios e riachos e a deslumbrante cachoeira na baía Wafer.
Eu esperava ver dinossauros vagando livremente, mas as únicas criaturas reais na ilha são as 400 espécies de insetos e 90 de pássaros. Os verdadeiros perigos estão abaixo da superfície e muitas vezes se mostraram mortais, pois a ilha é cercada por grandes populações de tubarões tigre e martelo. As grandes cavernas subterrâneas e túneis vulcânicos proporcionam muita vida marinha.
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Tesouro de Lima
O mistério que confunde os exploradores há séculos está na forma de tesouros escondidos por toda a ilha, com valor estimado em US$ 1 bilhão. Tudo começou em 1820, quando o Peru iniciou uma guerra contra o império espanhol, que colonizou parte das Américas. O general argentino José de San Martin planejava invadir Lima, e o vice-rei da Espanha decidiu que seria melhor remover todas as riquezas das áreas de zona de guerra para garantir a segurança.
Os espanhóis contrataram o respeitado capitão britânico William Thompson e seu navio Mary Dear para salvaguardar o que hoje é conhecido como o Tesouro de Lima. Uma embarcação cheia de moedas de ouro, prata, diamantes e uma estátua da Virgem Maria de ouro maciço em tamanho real. O capitão Thompson e seus homens gananciosos acabaram por matar todos os soldados e sacerdotes espanhóis a bordo e foram para a ilha do Coco, onde enterraram a enorme recompensa.
Um navio de guerra espanhol os perseguiu, e a tripulação foi condenada, exceto o capitão Thompson e seu imediato, que concordaram em cooperar para localizar e recuperar o tesouro. Mas os dois escaparam assim que desembarcaram na ilha e nunca foram recapturados. Desde então, centenas de exploradores tentam localizar as riquezas, mas sempre falham. As primeiras expedições foram montadas por um homem chamado John Keating, que supostamente era amigo de Thompson, em 1844. Em uma viagem, Keating teria recuperado ouro e joias do local do tesouro depois de receber um mapa de Thompson.
Há rumores de que ele tenha compartilhado o seguinte inventário documentado do tesouro, em seu leito de morte:
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- Um baú contendo guarnições de altar de pano de ouro com dosséis, ostensórios e cálices, todos revestidos com pedras preciosas de até 1.244 peças.
- Um baú com dois contêineres de relíquias de ouro pesando 150 quilos, com 624 topázios, cornalina, esmeraldas e 12 diamantes.
- Um baú contendo três contêineres de relíquias de metal fundido pesando 70 quilos, com 860 rubis, 19 diamantes e outras pedras preciosas.
- Um baú contendo 4.000 dobrões espanhóis, 124 espadas, 5.000 coroas de ouro mexicano, 64 punhais, 120 cintos de ombro e 28 escudos redondos.
- Um baú contendo oito caixas de cedro e prata, com 3.840 pedras cortadas, anéis com placas e 4.265 pedras brutas.
- Sete baús com 22 candelabros em ouro e prata pesando 250 libras e 164 rubis.
- Uma estátua de ouro maciço de mais de dois metros da Virgem Maria com o menino Jesus. Pesando 350 quilos, seria adornada com 1.684 joias, incluindo esmeraldas de dez centímetros, topázios de 15 centímetros e sete cruzes de diamantes.
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Quando o aventureiro alemão August Gissler se tornou o governador oficial da ilha do Coco, em 1897, não estava interessado no pequeno grupo de produtores de tabaco que morava lá, a maioria dos quais ele havia trazido de seu país de origem. Ele estava obcecado em localizar a santa em ouro maciço e também o tesouro do pirata Benito Bonito. Ao longo dos anos, cavou um extenso sistema de túneis subterrâneos em busca da riqueza. Ele só deixou a ilha em 1908, depois de reunir pistas sobre o local onde o tesouro estava localizado, embora tenha ficado apenas com algumas moedas aleatórias.
Tesouro de Devonshire
Os piratas que escondiam tesouros na ilha do Coco começaram muito tempo antes do famoso tesouro de Lima. Em 1818, o oficial naval britânico capitão Bennett Grahame comandou o HMS Devonshire para uma pesquisa costeira no Pacífico Sul. Ele acabou mudando de carreira para se tornar pirata depois de acumular mais de 350 toneladas de ouro dos galeões espanhóis que invadiu durante seu serviço. O capitão e a maioria de sua tripulação foram presos e executados por suas ações.
Uma das tripulantes sobreviventes do navio, Mary Welsh, que foi enviada para uma colônia penal, mas depois foi libertada, disse que viu o capitão Grahame e seus homens enterrando o tesouro na ilha do Coco. Com localização e memória da localização exata, Mary liderou uma expedição à Ilha, mas depois de muitas tempestades, os marcos de que se lembrava já haviam desaparecido há muito tempo.
Tesouro do pirata Benito Bonito
Com mais 350 toneladas de ouro e muitos galeões espanhóis em 1818 na carreira, há rumores de que Benito Bonito tenha enterrado seus tesouros em um túnel profundo na área de baía Wafer, na ilha do Coco.
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Seu maior erro foi quando permitiu que dois ingleses se juntassem ao seu time de piratas. Vários anos depois, os homens foram capturados e enviados para a prisão e, em troca da liberdade, prometeram oferecer o esconderijo de Benito Bonito nas Índias Ocidentais, o que resultou no fim da vida de pirata de Bonito.
Exploradores realizaram mais de 500 expedições na ilha, sem sucesso, antes que o governo finalmente proibisse sua entrada. Em 2012, as mídias britânica e canadense relataram que o aventureiro/engenheiro Shaun Whitehead estaria se preparando para uma grande e tecnológica pesquisa arqueológica da ilha. Essa expedição acabou nunca acontecendo.
Falei com Whitehead, que me disse: “Os membros da equipe visitaram a ilha e tínhamos permissões para realizar uma pesquisa arqueológico-zoológica mais abrangente. No entanto, as permissões duram apenas seis meses e enquanto esperávamos a companhia de produção televisiva para resolver o problema, a licença expirou. Quando tentamos novamente, o governo costa-riquenho decidiu que havia muita publicidade relacionada ao tesouro e, assim, recusou conceder permissão adicional”.
Há relatos de que o suposto Tesouro de Lima foi encontrado e recuperado, mas todos são considerados uma farsa criada para desviar a atenção da ilha. Há também histórias de que as riquezas estão em um local alternativo, mas nada se provou. Além disso, muitos céticos dizem que, na verdade, não há nenhum tesouro e tudo é um fabuloso conto de piratas. Escolho acreditar no mistério da ilha, mas nunca saberemos a verdade verdadeira, uma vez que novas explorações estão permanentemente proibidas.
Conversei com Genna Marie Davis da empresa de mergulho Undersea Hunter Group, que me disse: “É uma tarefa complicada escrever sobre os tesouros da ilha do Coco, porque há tantas informações de boatos, histórias e dados conflitantes emaranhados que é difícil discernir a verdade. As histórias são muito divertidas, mas é preciso vê-las com um pouco de cautela. Havia até muita desinformação propositalmente espalhada por caçadores de tesouros que tentavam despistar seus concorrentes.”
A presença de visitantes durante a noite é estritamente proibida na ilha e a área só pode ser acessada por um caro passeio de barco com mergulho. Somente guardas florestais que moram em estações estão autorizados pelo governo da Costa Rica a permanecer na ilha enquanto cumprem seu dever de proteger a reserva.
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