Resumo:
- O relacionamento de B.C Forbes e Thomas Edison foi um misto de estranhamento que virou admiração;
- Após as publicações sobre como Edison começou sua busca pela energia elétrica, Forbes lançou um artigo sobre um telefone espiritual;
- O objetivo do inventor era criar um aparato que permitisse que os vivos se comunicassem com os mortos.
Nos primeiros anos da FORBES, Thomas Edison e B.C. Forbes, fundador da revista, tiveram um estranhamento na relação. Edison era, claramente, um fã da publicação – a capa da edição de 7 de agosto de 1920 trazia a seguinte citação do “homem mais ocupado do mundo”: “Eu leio FORBES. Eu gosto. Estimula as pessoas a trabalhar, pensar e fazer coisas para garantir o progresso no mundo”.
Na mesma edição, a revista escreveu com reverência: “Edison lê não por entretenimento, mas para aumentar sua bagagem de conhecimento. Ele armazena as informações com tanta vontade quanto a abelha suga o mel das flores. O mundo inteiro, por assim dizer, contribui com informações para sua mente”.
“Nós, da FORBES, seremos absolvidos”, continua o editor, “se confessarmos que estamos extremamente satisfeitos de saber que Edison, inquestionavelmente o cidadão mais eminente do mundo e um dos poucos imortais que agora vivem, acha esta revista útil para ele? Isso nos encoraja a desejar que nossa publicação ajude outras pessoas.”
Mas, um mês depois, essa amizade foi testada. Enquanto compartilhava a história sobre como Edison tinha começado sua busca pela energia elétrica, a revista também relatava como o jovem inventor havia lutado para sobreviver durante os 40 anos anteriores. Após pagar a um xerife local US$ 5 por dia para adiar um julgamento contra sua fábrica, Edison enfrentou um novo problema – ele não conseguia cobrir os custos de sua conta de gás. Depois de ter a energia à gás cortada, escreveu a publicação, “Edison decidiu descobrir se a eletricidade não poderia ser manejada para substituir o gás e dar às pessoas um caminho para seu suado dinheiro”.
O inventor não se sentiu confortável com a história relatada pelo editor e enviou uma carta para expressar seu descontentamento. Para ele, a revista interpretou mal uma nota manuscrita explicando sua versão da fatura não paga. Em uma carta de 10 de setembro de 1920, O Feiticeiro de Menlo Park, como era conhecido, escreveu bruscamente: “Forbes, a razão pela qual você pensa assim é porque não entendeu o que escrevi. Edison”.
Os contratempos, no entanto, não duraram muito. No mês seguinte, Forbes publicou uma nova entrevista com Edison na edição de 16 de outubro de 1920 da “The American Magazine”. O artigo exclusivo trouxe à luz um novo dispositivo bizarro no qual Edison, de 73 anos, aparentemente estava trabalhando: um telefone espiritual que permitisse que os vivos se comunicassem com os mortos.
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“Estou trabalhando há algum tempo na construção de um aparato para ver se é possível que personalidades que deixaram este plano se comuniquem conosco”, disse Edison à Forbes. “Se isso for realizado, não será por nenhum meio oculto, misterioso ou estranho, como os empregados pelos chamados médiuns, mas por métodos científicos.”
Então, assim como nos dias de hoje, a existência de uma vida após a morte foi um debate considerável, com figuras proeminentes como Harry Houdini e Sir Arthur Conan Doyle em lados opostos do espectro de crenças. (O criador de Sherlock Holmes supostamente encerrou sua amizade com o famoso mágico, um cético que ao longo da vida desmereceu muitos médiuns, depois que este condenou publicamente o espiritualismo, no qual Doyle acreditava profundamente.)
As próprias crenças de Edison permitiam a junção de fé e ciência: “Não posso mais duvidar da existência de uma inteligência maior que está executando as coisas”, disse ele à Forbes. “É com absoluta positividade que digo que algumas de nossas noções mais aceitas sobre o assunto são absolutamente insustentáveis e ridículas.” Edison acreditava que todos os corpos vivos eram compostos de “miríades e miríades de indivíduos infinitesimalmente pequenos, cada um em si uma unidade de vida”, e essas unidades, que funcionavam como “enxames”, eram eternas.
Edison afirmava que quando uma pessoa morre, os enxames tomam forma em outro lugar, passando a funcionar em algum outro ambiente ou receptáculo. Alguns enxames, teorizava, formavam a maior parte do pensamento e da direção, como chefes ou líderes fazem entre os humanos. “Essa teoria explicaria por que certos homens e mulheres têm maior intelectualidade, habilidades melhores e mais poderes do que outros”, explicou ele. “Isso explicaria também as diferenças de caráter moral”, com o movimento de enxames por trás das mudanças na personalidade de uma pessoa ao longo de sua vida.
Se fosse bem-sucedida, a máquina fantasma elétrica de Edison poderia detectar a personalidade do falecido, permitindo a transmissão de mensagens do reino espiritual.
“Se as unidades da vida que compõem a memória de um indivíduo se mantiverem unidas após a morte, não é possível que, no mínimo, essas faixas de memória possam reter os poderes que anteriormente possuíam, e manter o que chamamos de personalidade do indivíduo após a ‘dissolução” do corpo? Nesse caso, a memória ou a personalidade do indivíduo devem poder funcionar como antes”, argumentava.
“Estou esperançoso de que, ao fornecer o tipo certo de instrumento para ser operado por essa personalidade, possamos receber mensagens inteligentes dela em sua mudança de espectro. Se o aparato que estou construindo agora fornecer um canal para a entrada de conhecimento de um mundo desconhecido – uma forma de existência diferente desta vida -, poderemos dar um passo importante para a fonte de todo conhecimento, mais próximo da inteligência que dirige tudo.”
Apesar da repercussão que a FORBES provocou sobre o assunto, o telefone espiritual de Edison nunca viu a luz do dia e dos holofotes. Um protótipo da invenção nunca foi encontrado, embora muitos ainda especulem sobre sua existência, especialmente depois que a revista “Modern Mechanix” publicou um artigo em 1933 detalhando uma reunião secreta que, supostamente, teria ocorrido no laboratório de Edison no inverno de 1920, com a presença de vários cientistas não identificados.
Segundo a história, “Edison montou uma célula fotoelétrica. Um minúsculo lápis de luz, vindo de uma lâmpada poderosa, invadiu a escuridão e atingiu a superfície ativa dessa célula, transformando-a, instantaneamente, em uma fraca corrente elétrica. Qualquer objeto, por mais fino, transparente ou pequeno, causaria um registro na célula se atravessasse o feixe.” O grupo passou horas observando o instrumento e aguardando qualquer movimento que indicasse uma conexão bem-sucedida com o além. Sem sucesso.
Onze anos depois que Forbes escreveu sobre o telefone espiritual de Edison, o grande inventor morreu. Mas quem pode dizer que ele não conseguiu unir ciência com espiritismo? Se ao menos pudéssemos ligar para ele e perguntar…
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