Famoso por seus chás, o hotel Ritz de Londres foi vendido pela terceira vez em seus 114 anos de história, em um acordo que alguns acham ter sido apressado sob a cortina do novo coronavírus.
Um investidor não identificado do Qatar comprou o icônico hotel dos bilionários irmãos Barclay. O acordo coincidiu com o fechamento das portas do estabelecimento pela primeira vez em toda a sua história na sexta-feira (27 de março), quando o coronavírus atingiu o setor de hospitalidade de Londres.
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O comprador disse: “É um privilégio se tornar o proprietário do icônico Ritz Hotel”, em um comunicado da Macfarlanes, que aconselhou a aquisição. No entanto, um dos irmãos Barclay está dizendo que o hotel não foi vendido.
“Estamos surpresos e perturbados com o anúncio de que o hotel Ritz foi vendido. Não fomos consultados nem aprovamos essa venda”, disse um representante de Sir Frederick Barclay ao “Financial Times”.
Já existe uma disputa de família entre os respectivos filhos de Sir Frederick e Sir David Barclay, gêmeos idênticos com fortuna no valor de US$ 3,7 bilhões que vivem em um castelo construído em sua própria ilha no Canal da Mancha.
A fortuna e a propriedade do Ritz foram divididas entre a filha de Sir Frederick, Amanda, e os filhos de Sir David, Aidan, Howard e Alistair. Mas em um escândalo que parece ter saído direto da série “Succession”, da HBO, Sir Frederick e Amanda entraram com um processo judicial contra Aidan, Howard e Alistair por supostamente terem incomodado suas reuniões familiares no Ritz.
Anteriormente, Sir Frederick, normalmente o mais quieto dos gêmeos notoriamente reclusos, disse que processaria outros membros da família se o hotel fosse vendido por algo menos de £1 bilhão (US$ 1,2 bilhão).
Embora os valores não tenham sido divulgados, pessoas próximas ao acordo dizem que o investidor do Qatar pagou entre £800 milhões e £1 bilhão de libras (US$ 975 milhões e US$ 1,2 bilhão) pelo Ritz.
O hotel, que inclui três restaurantes e o Ritz Casino, foi colocado à venda em outubro de 2019 por £800 milhões (US$ 975 milhões) e atraiu o interesse inicial da Sidra Capital, da Arábia Saudita, e da LVMH de Bernard Arnault.
Embora seja um dos marcos mais famosos de Londres com uma história rica, o fechamento de um negócio tão grande em menos de cinco meses e durante um dos piores choques econômicos do mundo é incomum. “Infelizmente, não podemos deixar de pensar que esse acordo, se ocorreu, parece ter sido forçado no meio da crise dos coronavírus, na esperança de não ser contestado”, disse o porta-voz de Sir Frederick.
Quem são os novos donos do Ritz?
As notícias de que alguém do Qatar comprou um marco de Londres surpreendem poucos em uma cidade onde edifícios são frequentemente comprados por investidores do Oriente Médio.
A Autoridade de Investimentos do Qatar já é proprietária da Harrods, a loja mais icônica de Londres, bem como do Canary Wharf, seu distrito financeiro. O Banco Nacional do Catar, o QInvest, o Banco Islâmico do Catar e a desenvolvedora imobiliária Barwa Real Estate financiaram a construção do Shard, o edifício mais alto de Londres. Além disso, o Qatari Diar é dono da vila olímpica de Londres.
No entanto, a venda do Ritz a um investidor do país é uma surpresa. Entre 2011 e 2015, os irmãos Barclay participaram de uma batalha legal pela propriedade de três outros marcos de Londres: Claridges, Berkeley e Connaught. Seu oponente e agora proprietário majoritário era ninguém menos que a Autoridade de Investimentos do Qatar.
Com o império sendo picotado, todos os olhos estão voltados para outros bens pertencentes aos irmãos Barclay. Os falcões já estão rondando o Telegraph Newspaper Group.
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