Chegando em casa após dar um passeio pela manhã no Black Badge Cullinan, encontrei trabalhadores com coletes laranja e capacetes na calçada esperando para entrar na propriedade. Eles seguiram o caminho e atravessaram o portão. À medida que eu saía do veículo, lenta e facilmente, direcionei a equipe para a parte de trás. Quando entraram, um capataz gritou: “É um carro legal, chefe”.
O Cullinan pode parecer grande e imponente, mas é baseado na arquitetura de alumínio e na suspensão multilink do Phantom VIII, o melhor sedan de luxo do mundo, e isso é o grande diferencial. A capacidade é ampliada com tração nas quatro rodas, saliências curtas e distância até o solo adequada para trilhas empoeiradas. O espaço entre os eixos do Cullinan é praticamente igual ao de um Chevrolet Suburban, mas possui apenas duas filas de assentos, de modo a criar uma ampla área para as pernas do indivíduo que sentar no banco traseiro. Além disso, com o grande afastamento entre as cabeças dos passageiros e o teto e os ferrolhos de porta na vertical, qualquer pessoa pode entrar ou sair com elegância, embora tenha de dar um passo considerável para fora.
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Com uma segunda geração do Rolls V12 twin-turbo de 6,75 litros, fornecimento de 600 cavalos de potência e 91,7 kgfm de torque a incrivelmente baixas 1600 rpm –isso não é muito mais do que o motor inativo–, o Cullinan faz jus ao termo de marketing da Rolls “sem esforço em qualquer lugar”. Shooting Brake talvez seja uma definição melhor para o Cullinan do que SUV, de modo a conjurar imagens de um caçador de veados nas montanhas com rifles Purdey nas costas.
O Black Badge nasceu quando o CEO, Torsten Müller-Ötvös, e seu chefe de design viram os Phantom VIIs mais antigos em Los Angeles pintados de preto fosco e com seus interiores elegantes da Rolls-Royce. O comentário irônico faz parte do humor dos hot rods do Sul da Califórnia. O executivo sugeriu o símbolo matemático do infinito para uma submarca e a equipe de design desenvolveu o conceito: interiores costurados em couro preto macio misturado com cores secundárias da pop art como azul pavão, laranja brilhante e vermelho escarlate.
O Black Badge significa desempenho aprimorado na estrada, com mais torque e potência, e transmissão automática para oferecer controle de lançamento impecável. É um pouco difícil chamá-lo de Rolls-Royce série M (automóveis da BMW que apresentam a máxima performance nas pistas de teste mais exigentes do mundo), mas essa é a ideia básica e os carros Black Badge são intensos. Por incrível que pareça, o BB Cullinan podem atingir 100 km/h em menos de cinco segundos –nada mal para um veículo de três toneladas.
O Black Badge Cullinan não é uma câmara anecoica como o Phantom. Quantidades sutis de som do trem de força e ruídos de pneus chegam à cabine. Ao invés de um silêncio assustador –o Phantom é tão silencioso que uma borboleta presa no interior pode perturbar a quietude instaurada–, há uma pitada de atitude. Quem não gosta da ideia de um V12 twin-turbo Hot Rod? Além da capacidade de total silêncio, o Cullinan carece da sensação de passeio em um tapete mágico, que se sente no Phantom e nos modelos puramente rodoviários Rolls-Royce. O BB Cullinan entrega um ótimo resultado até mesmo nos piores caminhos. É suave e silencioso, principalmente nas rodovias, mas não é igual ao irmão Phantom. Os fundamentos da suspensão controlam facilmente o movimento e o peso considerável das rodas.
Ao testar os carros originais Black Badge há vários anos, passei um tempo em um Ghost com um interior de couro vermelho. Se fosse o meu BB Cullinan, eu optaria pelo exterior preto com o interior desse mesmo material e detalhes em fibra de carbono. Imagine o impacto de cair o queixo quando as portas da carruagem se abrirem e as pessoas próximas virem o tamanho da ousadia.
O ano passado foi o mais bem-sucedido da história da Rolls-Royce, com o Cullinan aumentando os volumes de produção em 25%, sem canibalizar as negociações de outros modelos. As vendas superaram apenas 5200 veículos, consideravelmente menos que os totais anuais Ferrari ou Lamborghini. A propriedade da Rolls continua sendo um clube exclusivo. Mais uma prova de que o conselho da BMW deveria simplesmente deixar a Müller-Ötvös como CEO e designar um substituto que pode eventualmente sucedê-lo. Obviamente, 2020 será ruim para a maioria dos negócios e ninguém terá vendas correspondentes a 2019, mas a Rolls-Royce conseguiu reabrir sua fábrica de Goodwood, no Reino Unido, na segunda-feira (4), aniversário da primeira reunião de Charles Rolls e Henry Royce.
O capô impossivelmente longo do Cullinan, a grade arrojada, os para-lamas dianteiros esculpidos na altura do peito e uma potência mássica que faz ecoar a era clássica. Em meus últimos momentos com o Cullinan, me posicionei para frente e trabalhei na chave para forçar o “Espírito do Êxtase” (principal símbolo da Rolls-Royce, presente na extremidade do capô de todos os seus carros desde 1911 e representado como uma estatueta feminina inclinada prestes a alçar voo) subir e descer de sua câmara de segurança sob a carroceria – uma atividade divertida. Com a lembrança do fechamento de Pebble Beach (pequena comunidade costeira independente e privada no Condado de Monterey), meus pensamentos voltaram-se para os carros grandes da era clássica que eu sentirei falta em agosto: phaetons, torpedoes e boattail speedsters. Como aqueles carros de luxo sobrenaturais da era clássica, o Cullinan é tão grandiosamente dimensionado que requer um homem cujo caráter e personalidade possam equilibrar seu peso gravitacional.
Veja, na galeria de imagens a seguir, detalhes do imponente Black Badge Cullinan:
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Reprodução/Forbes O ex-diretor de design da Rolls-Royce e autor do Cullinan e do Phantom VIII, Giles Taylor, adorava falar em metáfora. Para descrever a tensão da superfície do Cullinan, ele a comparou a um guerreiro saxão que se preparava para arremessar uma lança. Esse carro parece preparado para a batalha.
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Reprodução/Forbes O Rolls de segunda geração V12 twin-turbo de 6,75 litros oferece 600 cavalos de potência, 91,7 kgfm de torque a incrivelmente baixas 1600 rpm.
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Reprodução/Forbes Embora o Cullinan tenha uma altura considerável, as soleiras das portas são baixas, de modo a facilitar a simples entrada ou saída do veículo. Para alguém alto, o Cullinan é um sonho ergonômico.
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Reprodução/Forbes As portas traseiras e o elegante processo de entrada e saída encantam a todos.
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Reprodução/Forbes A Rolls prestou muita atenção nas linhas de visão, críticas em um veículo desse tamanho. Com acabamento em couro Mandarim, o painel parece a montanha Grand Tetons, em Wyoming (EUA), ao amanhecer.
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Reprodução/Forbes O “Espírito do Êxtase” é o principal símbolo da Rolls-Royce, presente na extremidade do capô de todos os seus carros desde 1911 e representado como uma estatueta feminina inclinada prestes a alçar voo.
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Reprodução/Forbes A porta de carga inferior cai e dois assentos traseiros se abrem com o pressionar de um botão.
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Reprodução/Forbes O sistema de áudio oferece reprodução impecável.
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Reprodução/Forbes O Cullinan é esculpido em proporções majestosas, quase sobrenaturais. Ajustar mentalmente o comprimento do capô leva alguns dias.
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Reprodução/Forbes A suspensão do Cullinan pode suportar facilmente o peso e a altura das rodas de 22 polegadas.
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Reprodução/Forbes Aperte a câmera e os botões “Park ” ao manobrar em locais apertados para evitar arranhar a carroceria.
O ex-diretor de design da Rolls-Royce e autor do Cullinan e do Phantom VIII, Giles Taylor, adorava falar em metáfora. Para descrever a tensão da superfície do Cullinan, ele a comparou a um guerreiro saxão que se preparava para arremessar uma lança. Esse carro parece preparado para a batalha.
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