Para driblar a pandemia e concentrar forças para que todos saiam lucrando, o universo secular da relojoaria de luxo assistiu a algo inédito de 7 a 13 de abril: 38 marcas de ponta se uniram no evento virtual Watches & Wonders, organizado pela Fondation de la Haute Horlogerie. Com base em Genebra, na Suíça, o megaevento com 500 reuniões online apresentou a jornalistas do mundo inteiro os principais lançamentos do ano. Mais do que um mero desfile de modelos arrojados das grifes mais desejadas do planeta – houve também o debate de tendências, de design e do quesito sustentabilidade, cada vez mais presente entre as prioridades das maisons.
A ocasião pôs no mesmo cardápio concorrentes que, tradicionalmente, mostravam suas novidades em eventos distintos: ou no SIHH (Salon International de la Haute Horlogerie), que acontecia em Genebra, em janeiro; ou na Baselworld, na Basileia, em abril. Desta vez, então, foi diferente: fábricas independentes e dois dos mais fortes grupos do setor, Richemont e LVMH, deram as mãos para abraçarem o planeta simultaneamente, hospedados na mesma plataforma digital.
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A Forbes pinçou sete marcas para trazer os lançamentos que já estão dando o que falar nesse segmento que exportou 13,8 milhões de relógios em 2020, volume que totalizou uma venda de US$ 34 bilhões em relógios no ano passado – uma queda superior a 20% se comparada a 2019. Veja, na galeria abaixo, novos modelos de Rolex, Patek Philippe, Vacheron Constantin, Jaeger-LeCoultre, Panerai, Cartier e IWC.
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Divulgação Cartier
Santos-Dumont
A Cartier e o Brasil têm uma ligação íntima desde
que Alberto Santos-Dumont comentou com o amigo
Louis-Joseph Cartier, neto do criador da joalheria francesa, a dificuldade de marcar o tempo ao pilotar
um dirigível, já que manejava manivelas e era complicado sacar o relógio de bolso – o papo no restaurante Maxim’s, na festa para celebrar a volta que o dirigível número 6 deu na Torre Eiffel em 1901, rendeu a criação de um relógio de pulso com o nome do aviador brasileiro. Cento e vinte anos depois, a marca apresenta uma edição especialíssima, limitada e numerada de 100 peças: o Santos-Dumont, um modelo extra-large (46,6 x 33,9 mm), espessura de 7,5 mm, coroa de platina cravejada de cabochão de rubi, com verso da caixa gravada com o esboço da máquina voadora “guide-rope maritime” e pulseira de couro de crocodilo. Antes de ir para o seu pulso, o modelo está muito bem acomodado em uma caixa de madeira lacada, ao lado de abotoaduras de ouro branco 18K. -
Divulgação Rolex
Cosmograph Daytona
A velocidade embutida na essência de outro clássico pode ter a seguinte conotação no lançamento do Oyster Perpetual
Cosmograph Daytona: imagine um meteorito rasgando o espaço sideral antes de colidir com a Terra. Pois o relógio do
automobilismo – batizado com o nome da praia da Flórida que foi palco de 80 recordes de velocidade, entre 1903 e 1935
– traz tal material no mostrador: um meteorito metálico. O modelo lendário foi lançado em 1963. Em 1966, o escocês Jackie Stewart ganhou esse relógio na primeira das três vezes que venceu o GP de Mônaco (1966, 71 e 73). Tricampeão da F1, Sir Jackie Stewart o usa até hoje. O novo cronógrafo chegou nas versões: ouro branco, amarelo e Everose 18 quilates.
Há diferença na pulseira: a de ouro branco é Oysterflex; nas outras duas, Oyster. Difícil não pensar na coincidência cósmica de um pedaço de meteorito ir parar justo no seu pulso. -
Divulgação Rolex
Oyster Perpetual Explorer II
Ao celebrar seus 50 anos, o novo Oyster Perpetual Explorer II segue com diâmetro de 42 mm (ele nasceu em 1971 com 40 mm e ganhou 2 mm a partir de 2011) e teve a caixa e a pulseira redesenhadas. Se seu irmão mais velho chama atenção pelo mostrador preto, o Explorer II é branco, exibe a data e tem um conjunto de ponteiros e indicadores que fazem toda a diferença quando é impossível distinguir entre o dia e a noite, seja em
cavernas, seja em regiões polares. A exibição Chromalight, que já era boa – acredite –, ficou melhor, otimizada, mais luminosa.
À prova d’água até 100 metros. O modelo é o favorito do norte-americano Ed Viesturs, que já alcançou o pico das 14 montanhas do planeta com mais de 8 mil metros sem oxigênio suplementar;
e de Christine Janin, que, em 1997, tornou-se a primeira mulher a chegar ao Polo Norte sem ajuda de cães. -
Divulgação Rolex
Oyster Perpetual Explorer
Sim, basta bater o olho para saber que estamos diante
de um clássico. Os algarismos 3, 6 e 9 se sobressaem logo de cara e não deixam dúvidas de se tratar de um relógio com o qual, definitivamente, não tem tempo ruim.
Basta nos lembrarmos de um feito: o Oyster Perpetual
Explorer acompanhou o neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgay ao ponto mais alto do planeta Terra, o cume do Monte Everest, a 8.848 metros, na fronteira do Nepal com a China, em 1953. Produzido com aço Oystersteel (exclusividade da Rolex – uma liga
usada em setores de resistência extrema, como a indústria aeroespacial), o novo modelo deixa de ter o diâmetro de 39 mm e volta às origens do início da década de 1950, com 36 mm. À venda na versão Rolesor amarelo, a
máquina é equipada com calibre 3230. -
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Divulgação IWC
Big Pilot’s Watch Perpetual Calendar
Com apenas 81 peças, Kurt Klaus, o relojoeiro-chefe na IWC na década de 1980, conseguiu desenvolver um mecanismo que traduz o calendário gregoriano em um relógio de pulso funcionando sem ajuste até 2499. A novidade da maison suíça de Schaffhausen (fundada pelo norte-americano Florentine Ariosto Jones em 1868) foi apresentada no
Da Vinci Chronograph Perpetual Calendar de 1985
e causou alvoroço. O lançamento do primeiro Big
Pilot com calendário perpétuo aconteceu em 2006.
Desde então, novas versões arrancam suspiros dos
fãs da marca – agora, dia 7 de abril de 2021, não foi
diferente. O mostrador azul com 46,2 mm de diâmetro traz dia da semana, do mês, os meses e as fases da lua nos hemisférios sul e norte, que precisa ser ajustado em um dia depois de 577,5 anos. -
Divulgação Jaeger-LeCoultre
Reverso Hybris Mechanica Calibre 185
No início da década de 1930, os oficiais das forças armadas britânicas na Índia não aguentavam mais arrebentar o visor do relógio nas partidas de polo. Solicitaram, então, que a Jaeger-LeCoultre criasse um modelo que suportasse os choques
inevitáveis da modalidade. Nascia, assim, um baluarte retangular da relojoaria mundial: o Reverso, uma caixa reversível que esconde o mostrador na parte interna. Para celebrar os 90 anos do modelo, a maison localizada no Vale de Joux propôs uma jornada pelo cosmos com esse modelo de complicações espetaculares envolvendo 800 componentes em 15 mm de espessura (51 x
31 mm) em uma edição limitada de dez relógios. Foram seis anos de desenvolvimento do primeiro relógio do mundo com quatro faces, 11 complicações e novas indicações astronômicas, como superluas e eclipses. Sem dúvida, uma viagem. -
Divulgação Patek Philipe
Nautilus 5711/1300A
Além de terem seus nomes eternizados na história graças à genialidade de cada um, sabe o que
Albert Einstein, Richard Wagner, Tchaikovsky e
Ella Fitzgerald têm em comum? Todos tinham
relógios da mesma marca: Patek Philippe, sempre imponente também por alcançar as cifras mais milionárias em leilões. Este ano, ela deixa de produzir um clássico da coleção Nautilus, o 5711/1300A, em grande estilo: o novo modelo tem 32 diamantes em volta do mostrador, que chega em verde-oliva. O verde, aliás, foi a cor que ditou a tendência de diversos lançamentos apresentados na Watches & Wonders. -
Divulgação Panerai
Submersible eLAB-ID
Nascida em Florença, em 1860, a Panerai passou
décadas fornecendo à marinha italiana instrumentos de alta precisão. Com o histórico de quem cresceu respeitando o mar, não surpreende a parceria com a Unesco na Década dos Oceanos (2021-2030). O compromisso com o meio ambiente fica ainda mais evidente no principal lançamento do ano: o Submersible eLab-ID, com 98,6% de sua composição formada de materiais recicláveis, fruto de uma conversa, há três anos, entre o CEO Jean-Marc Pontroué e Mike Horn, velejador sul-africano e embaixador da maison. Do cristal de safira aos ponteiros de ouro, passando por EcoTitanium e SuperLuminova, quase tudo é reciclável. O desejo é que outras marcas e
fornecedores entrem nessa onda. Como disse Pontroué, “agindo sozinhos, não salvaremos o mundo”. -
Divulgação Vacheron Constantin
Métiers d’Art Tributo aos Grandes Exploradores
Marca de relógios mais antiga do mundo, sem interromper as atividades nem por um segundo desde 1755 sob o símbolo da Cruz de Malta e famosa pelo pioneirismo de complicações extraordinárias, a Vacheron Constantin, entre as novidades de 2021, faz uma homenagem a navegadores portugueses dos séculos 15 e 16. Em três séries de edições limitadas de dez
peças, a maison de Genebra celebra Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral em obras-primas em miniatura. Os mostradores esmaltados (11 queimas no forno de 800 a 900 ºC) são inspirados em um mapa do Atlas Miller, de 1519, e a visualização da hora é colocada apenas do lado direito do mostrador. O espírito de viagem, exploração e descoberta de
artes remete às origens da marca, quando François Constantin se jogava no mundo para abrir
novos mercados. Um relógio para assistir à passagem do tempo.
Cartier
Santos-Dumont
A Cartier e o Brasil têm uma ligação íntima desde
que Alberto Santos-Dumont comentou com o amigo
Louis-Joseph Cartier, neto do criador da joalheria francesa, a dificuldade de marcar o tempo ao pilotar
um dirigível, já que manejava manivelas e era complicado sacar o relógio de bolso – o papo no restaurante Maxim’s, na festa para celebrar a volta que o dirigível número 6 deu na Torre Eiffel em 1901, rendeu a criação de um relógio de pulso com o nome do aviador brasileiro. Cento e vinte anos depois, a marca apresenta uma edição especialíssima, limitada e numerada de 100 peças: o Santos-Dumont, um modelo extra-large (46,6 x 33,9 mm), espessura de 7,5 mm, coroa de platina cravejada de cabochão de rubi, com verso da caixa gravada com o esboço da máquina voadora “guide-rope maritime” e pulseira de couro de crocodilo. Antes de ir para o seu pulso, o modelo está muito bem acomodado em uma caixa de madeira lacada, ao lado de abotoaduras de ouro branco 18K.
Reportagem publicada na edição 86, lançada em abril de 2021
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