A 93ª edição do Oscar será realizada amanhã (25), no que promete ser uma cerimônia como nunca vimos antes. Segundo a Academia, a premiação ganhará um caráter cinematográfico e contará com palcos em diferentes países, além do tradicional Dolby Theatre, em Hollywood.
O coronavírus impactou fortemente a indústria cinematográfica. Com as salas de cinema fechadas, grandes lançamentos programados para 2020 foram adiados, uma vez que os tradicionais estúdios não estavam dispostos a fazer estreias para públicos limitados, nem deixar de arrecadar com as bilheterias ao lançar suas produções diretamente nos serviços de streaming.
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Nesse cenário, os principais lançamentos do ano passado foram fruto de trabalhos independentes ou, então, capitaneados pelas próprias plataformas de streaming. A Netflix bateu seu recorde de indicações à maior premiação do cinema mundial, com 35 nomeações em 2021. Outras plataformas também foram lembradas pela Academia: Amazon Prime Video recebeu 12 indicações, enquanto a Disney+ teve 15.
Os indicados deste ano refletem não só a mudança nos hábitos de consumo, mas também de mentalidade. Depois de muitas críticas, o Oscar parece estar recuperando o tempo perdido e incluindo mais diversidade em suas indicações. “Judas e o Messias Negro” fez história ao receber indicação na principal categoria sendo totalmente produzido por negros. Asiáticos também encontraram mais representatividade neste ano: a diretora Chloé Zhao, de “Nomadland”, tem enorme chance de se tornar a primeira mulher asiática a ganhar na categoria de melhor direção. Ao lado de Emerald Fennell, ela quebrou outra barreira, já que é a primeira vez que duas mulheres competem nesta categoria em 93 edições do prêmio.
Há, ainda, uma terceira diferença em relação aos anos anteriores: os orçamentos. Justamente pelos motivos já citados, as cifras das produções candidatas à estatueta de melhor filme são inferiores àquelas da mesma categoria das edições passadas. Em 2020, por exemplo, os valores gastos nos nove indicados variaram de US$ 11 milhões a US$ 160 milhões. Neste ano, o filme mais caro não passou dos US$ 35 milhões.
As informações foram reunidas do site IMDb, da Forbes e de veículos especializados em entretenimento e cinema como “The Hollywood Reporter”, “Variety” e “Deadline”. Em alguns casos, como “O Som do Silêncio” e “Bela Vingança”, os orçamentos exatos não foram divulgados pela produção, mas a informação consta exatamente como mencionado pela direção dos filmes em entrevistas.
Veja, na galeria a seguir, os orçamentos dos longas indicados na categoria melhor filme no Oscar 2021:
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Divulgação “O Som do Silêncio”
Orçamento: Não divulgado oficialmente, mas estimado entre US$ 1 milhão e US$ 9 milhões
“O Som do Silêncio” narra a história de um jovem baterista que percebe que está ficando surdo gradualmente. O longa gira em torno das angústias e tensões geradas pelas mudanças na vida do protagonista.
Dirigido por Darius Marder e protagonizado por Riz Ahmed e Olivia Cooke, o longa concorre também aos prêmios de melhor ator, melhor montagem, melhor som e melhor roteiro original.
O filme, estreia do diretor em longas-metragens, levou 10 anos para ficar pronto, em uma história que envolveu outros produtores e roteiros. A trajetória de “O Som do Silêncio” foi tão turbulenta que os financiadores quase desistiram no último minuto. Marder insistiu em gravar o filme em película, mostrando shows verdadeiros com público real. Ahmed, o protagonista, passou sete meses estudando para compor o personagem. O orçamento foi divulgado como sendo de “sete dígitos”.
Depois de estrear no Festival Internacional de Toronto, o longa foi comprado pela Amazon, que disponibilizou o filme em sua plataforma de streaming.
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Divulgação “Minari”
Orçamento: US$ 2 milhões
O filme norte-americano dirigido por Lee Isaac Chung, estrelado por Steven Yeun (“The Walking Dead”), Yoon-Yeo Jeong, Alan S. King e Han Ye-ri, se passa nos anos 1980 e conta a história de um menino coreano-americano de sete anos que se depara com um novo modo de vida quando sua família se muda para a zona rural do Arkansas, Estados Unidos.
Apesar de produzido e gravado nos Estados Unidos, o filme tem 90% dos diálogos em coreano e foi inspirado na história do próprio diretor, representando os imigrantes que tentaram uma nova vida em solo norte-americano. O longa encontrou espaço em uma Hollywood que busca se atualizar em termos de diversidade, após o sucesso estrondoso do sul-coreano “Parasita”, vencedor na categoria de melhor filme no Oscar do ano passado, primeiro filme estrangeiro a conquistar o feito.
O longa também concorre aos prêmios de melhor ator (Steven Yeun), melhor atriz coadjuvante (Yuh-Jung Youn), melhor direção e melhor trilha sonora original.
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Divulgação “Nomadland”
Orçamento: cerca de US$ 5 milhões
“Nomadland”, dirigido por Chloé Zhao, é uma das maiores apostas para vencer o prêmio de melhor filme da 93ª cerimônia do Oscar. O longa foi indicado em seis categorias – além de melhor filme, também melhor atriz (Frances McDormand), melhor fotografia, melhor direção, melhor montagem e melhor roteiro adaptado.
Na obra, Frances McDormand interpreta Fern que, após o colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, decide viajar e tornar-se uma nômade moderna que tem um estilo de vida fora do convencional.
O roteiro foi inspirado no livro “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century” (“Terra Nômade: Sobrevivendo nos Estados Unidos no Século 21”, em tradução livre). O destaque do filme é a abordagem quase documental, em que a protagonista atua ao lado de pessoas reais, e não de atores, que realmente vivem como nômades pelos Estados Unidos.
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Divulgação “Bela Vingança”
Orçamento: Não divulgado, mas descrito como “muito baixo”
Além do Oscar de melhor filme, “Bela Vingança” concorre a outros quatro prêmios: melhor atriz (Carey Mulligan), melhor direção (Emerald Fennell), melhor montagem e melhor roteiro original.
Carey Mulligan, que já atuou em outras grandes produções como “O Grande Gatsby”, interpreta Cassie, uma mulher com traumas que frequenta bares e finge estar bêbada para se vingar de homens mal-intencionados.
Esta foi a estreia da jovem Emerald na direção de longas-metragens. Ao lado de Chloé Zhao, de “Nomadland”, ela fez história: é a primeira vez nos 93 anos da premiação que duas mulheres são indicadas a melhor direção.
Apesar de contar com distribuição do estúdio Focus Features, o filme foi produzido de forma independente, gravado em apenas 23 dias. A diretora não revela os custos de produção, mas em entrevista à Forbes, pontuou que se tratou de um orçamento “muito, muito baixo”.
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Divulgação “Meu Pai”
Orçamento: US$ 20 milhões
Dirigido por Florian Zeller e estrelado por Anthony Hopkins (“Hannibal” e “O Silêncio dos Inocentes”) e Olivia Colman (“The Crown” e “Fleabag”), que também atuam na produção executiva. Além de indicado a melhor filme, o longa recebeu cinco nomeações no Oscar e Hopkins e Olivia foram indicados a melhor ator e melhor atriz coadjuvante, respectivamente.
Lançado este mês no Brasil, o filme, que já recebeu diversas críticas e avaliações positivas, narra a história de um pai que está enfrentando um processo de deterioração da memória e sua filha, que tem dificuldades para garantir que ele será bem cuidado quando ela se mudar para Paris.
“Meu Pai” também foi indicado a melhor roteiro adaptado, já que a história foi inicialmente interpretada no teatro, com roteiro original do próprio diretor Florian Zeller. O longa se destaca pelo trabalho de edição para transmitir ao público como a demência prejudica o dia a dia de Anthony, além, é claro, das atuações intensas da dupla protagonista.
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Divulgação “Mank”
Orçamento: Aproximadamente US$ 25 milhões
“Mank” é uma produção original da Netflix lançada em 2020 que conta com nomes como Gary Oldman, Amanda Seyfried, Charles Dance e Lily Collins no elenco. O filme retrata a forma como o roteirista Herman J. Mankiewicz via Hollywood na década de 1930 enquanto terminava “Cidadão Kane” (1941), que se tornou um dos maiores clássicos do cinema.
Além da indicação de melhor filme, o longa aparece também nas categorias de melhor ator (Gary Oldman), melhor atriz coadjuvante (Amanda Seyfried), melhor fotografia, melhor figurino, melhor direção (David Fincher), melhor maquiagem e penteados, melhor trilha sonora original, melhor direção de arte e melhor som.
O filme demorou 30 anos para ser feito. O primeiro roteiro foi escrito ainda na década de 1990 pelo pai do diretor, Jack Fincher. A dupla trabalhou no texto inúmeras vezes e a ideia original era gravá-lo logo, mas a produção foi impossibilitada pela vontade de David Fincher de fazer as filmagens usando técnicas antigas, a exemplo do filme que inspira o roteiro. Fincher pai faleceu em 2003 e, somente em 2020, o longa estreou.
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Divulgação “Judas e o Messias Negro”
Orçamento: US$ 26 milhões
A produção dirigida pelo norte-americano Shaka King conta a história de Fred Hampton, ativista pelos direitos civis das pessoas negras e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras.
O filme, lançado em fevereiro deste ano, é também um dos indicados nas categorias de melhor fotografia e melhor roteiro original e rendeu a Daniel Kaluuya (“Corra!”) e Lakeith Stanfield (“Corra!” e “Atlanta”) a indicação ao prêmio de melhor ator coadjuvante. Ao todo, foram cinco indicações ao Oscar.
O roteiro foi negado por produtoras como Netflix e A24, mas aprovado pela Warner Bros. Metade do orçamento, já limitado para um filme de época, foi financiado por Charles D. King, fundador e CEO da empresa de mídia multiplataforma Macro, responsável por outros indicados ao Oscar, como “Um Limite Entre Nós” e “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi”.
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Divulgação “Os 7 de Chicago”
Orçamento: US$ 35 milhões
“Os 7 de Chicago” é outra produção original da Netflix que foi indicada ao Oscar de melhor filme em 2021. Estrelado por Sacha Baron Cohen, Eddie Redmayne, Yahya Abdul-Mateen II e Joseph Gordon-Levitt, entre outros nomes conhecidos do cinema, o longa acompanha a manifestação contra a guerra do Vietnã que culminou em um dos julgamentos mais famosos da história dos Estados Unidos.
Além de melhor filme, foi indicado também aos prêmios de melhor ator coadjuvante, melhor fotografia, melhor montagem, melhor canção original (“Hear My Voice”) e melhor roteiro original.
O longa ganhou vida 14 anos após Steven Spielberg discutir a ideia pela primeira vez com o diretor e roteirista Aaron Sorkin (“Steve Jobs”, “A Rede Social”, “A Grande Jogada”). Mais de 30 produtores participaram da criação do filme ao longo dos anos.
Depois de pronto, o longa ainda enfrentou problemas causados pela pandemia e os cinemas fechados em todo mundo. A Paramount, distribuidora, decidiu apostar no streaming. A Netflix comprou os direitos do longa por US$ 56 milhões.
“O Som do Silêncio”
Orçamento: Não divulgado oficialmente, mas estimado entre US$ 1 milhão e US$ 9 milhões
“O Som do Silêncio” narra a história de um jovem baterista que percebe que está ficando surdo gradualmente. O longa gira em torno das angústias e tensões geradas pelas mudanças na vida do protagonista.
Dirigido por Darius Marder e protagonizado por Riz Ahmed e Olivia Cooke, o longa concorre também aos prêmios de melhor ator, melhor montagem, melhor som e melhor roteiro original.
O filme, estreia do diretor em longas-metragens, levou 10 anos para ficar pronto, em uma história que envolveu outros produtores e roteiros. A trajetória de “O Som do Silêncio” foi tão turbulenta que os financiadores quase desistiram no último minuto. Marder insistiu em gravar o filme em película, mostrando shows verdadeiros com público real. Ahmed, o protagonista, passou sete meses estudando para compor o personagem. O orçamento foi divulgado como sendo de “sete dígitos”.
Depois de estrear no Festival Internacional de Toronto, o longa foi comprado pela Amazon, que disponibilizou o filme em sua plataforma de streaming.
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