No ano passado, o Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, um dos prêmios mais consagrados da publicidade mundial realizado desde 1954, precisou ser suspenso por conta da pandemia do novo coronavírus. O cancelamento do evento, no entanto, fez com que a edição deste ano ficasse ainda mais especial – principalmente para o Brasil, que foi um dos grandes destaques, levando 16 leões apenas no primeiro dia de competição.
Para cumprir com as medidas de restrição contra a Covid-19, o evento, pela primeira vez, deixou para trás a Riviera Francesa para explorar o ambiente online. De forma virtual, a premiação foi realizada durante a semana passada, entre segunda-feira (21) e sexta (25). Com vencedores nas 28 categorias, o Cannes Lions 2021 concedeu ao Brasil um total de 68 Leões. Entre os contemplados, está a Havas Health & You Brasil, uma agência de publicidade brasileira especializada em saúde.
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Compatível com o momento que o mundo vivencia, a agência, em parceria com o Colletivo Design, criou um sistema de identificação universal para evitar enganos médicos em atendimentos e cirurgias. O IDverse, como foi batizado, é uma espécie de “identidade de saúde”.
Nele, o paciente pode criar uma ficha detalhando todas as suas condições pré-existentes, como alergias e comorbidades, para que nenhuma conduta médica seja colocada em prática e o prejudique. Isso pode acontecer, por exemplo, em casos de pacientes com diabetes que não podem ser colocados no soro com glicose. Ou pessoas com alergia a látex que não podem ter contato com esse material em nenhum procedimento hospitalar.
Segundo a própria agência, esses eventos adversos – incidentes que resultam em dano não intencional a um paciente após cuidados médicos -, causam 26 mortes por hora no Brasil e 2,6 milhões de mortes por ano no mundo. Foi pensando nessa realidade ainda pouco falada que o IDverse foi criado. Seus símbolos padronizados foram projetados para serem impressos em diferentes superfícies, desde pulseiras de identificação até a pele do paciente. De domínio público, pode ser utilizado tanto por pessoas físicas quanto por hospitais.
“Estamos muito felizes por sermos premiados por um trabalho que ajuda a combater os eventos adversos. Afinal, eles estão entre as principais causas de morte do país, mais que todos os homicídios ou tipos de câncer combinados”, explica Laura Florence, diretora de criação executiva da agência.
A identificação pode ajudar, inclusive, em casos de acidentes nos quais as vítimas são levadas ao hospital sem consciência de poder se comunicar. Com o IDverse, a equipe médica consegue saber qual a melhor forma de agir de acordo com as condições pré-existentes do indivíduo. Nos últimos anos, alguns pacientes preocupados chegaram a tatuar sua condição de saúde no corpo com medo de passar, um dia, por uma situação dessas. No entanto, isso é feito sem ter um padrão reconhecido por paramédicos, médicos e enfermeiras, o que dificulta a comunicação.
“A inteligência por trás do design permite que novos símbolos sejam criados conforme a necessidade. Eles podem ser desenhados com uma caneta e representam as condições médicas, para que todos possam usar e entender seu significado, melhorando a identificação do paciente e reduzindo os eventos adversos”, completa Paulo Salles, diretor de arte sênior.
Para Udo Nery, redator sênior da agência, ganhar um troféu em Cannes por um projeto de saúde em plena pandemia deixa tudo com outra cara. “Ser reconhecido por uma ideia que ajuda a salvar vidas, no meio de uma crise sanitária, nos deixa ainda mais orgulhosos. Sabemos que o IDverse ainda tem muito a oferecer para a segurança das pessoas”, conclui.
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