Em 25 de julho de 1960, o Rio de Janeiro sediava o 1º Festival do Escritor Brasileiro. Organizado pela UBE (União Brasileira de Escritores), à época presidida por ninguém menos do que Jorge Amado e João Peregrino Júnior, o evento reuniu 160 autores para discutir o ofício e garantir mais visibilidade aos profissionais da escrita. A iniciativa deu certo: o então ministro da Educação e Cultura, Pedro Paulo Penido, instituiu a data como o Dia Nacional do Escritor, celebrada até hoje em homenagem aos brasileiros que detêm o poder de colocar no papel histórias e informações capazes de nos transportar para outros mundos e de aumentar nossa bagagem cultural.
A literatura nacional, de fato, tem grandes nomes, muitos dos quais nem chegaram a receber o devido reconhecimento – pelo menos não em vida, como os clássicos casos de Lima Barreto, Nelson Rodrigues e Oswald de Andrade. Apesar disso, alguns autores conseguiram se destacar ao longo da história e representaram a diversidade literária brasileira tanto no país, quanto no exterior.
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Conheça, na galeria de imagens a seguir, 12 dos mais premiados escritores do Brasil:
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Leonardo Cendamo/Getty Images Jorge Amado
Um dos responsáveis pela criação da data comemorativa talvez seja também o escritor brasileiro mais premiado de todos os tempos: segundo a ABL (Academia Brasileira de Letras), o baiano conta com mais de 20 reconhecimentos nacionais e internacionais. O mais importante deles é o Prêmio Camões – hoje, a maior premiação de literatura de língua portuguesa, concedida a apenas 13 brasileiros -, em 1994, pelo conjunto da obra. Entre outras de suas conquistas, estão o Prêmio Internacional Lênin, o Prêmio Pablo Neruda e o Prêmio da Latinidade.
Traduzido para 48 idiomas, Jorge Amado ficou famoso principalmente pelo retrato fiel da vida na Bahia de suas obras, que denunciavam a desigualdade e o preconceito racial no Brasil – caso, por exemplo, de “Capitães de Areia”. Ele também é o escritor brasileiro com o maior número de trabalhos adaptados para cinema, televisão e teatro, como os clássicos “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Gabriela, Cravo e Canela” – que lhe rendeu o Prêmio Jabuti (o mais importante troféu literário nacional) de melhor romance, em 1959.
Outras obras: “Tieta do Agreste”, “Tereza Batista Cansada de Guerra”, “Terras do Sem-Fim”, “Cacau”, “Tocaia Grande”, “Jubiabá”, “Tenda dos Milagres”, entre outras.
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Acervo Instituto Moreira Salles Rachel de Queiroz
Primeira mulher a participar da Academia Brasileira de Letras, a romancista cearense também quebrou barreiras ao ser o primeiro nome feminino a ganhar o Prêmio Camões, em 1993. Seu romance de estreia, “O Quinze”, sobre a grave seca de 1915 no Nordeste, é sua obra mais popular e aclamada – de um conjunto digno do Prêmio Machado de Assis (concedido pela própria ABL), do Prêmio Nacional de Literatura de Brasília e de dois prêmios Jabuti. Em 2000, também foi eleita um dos “20 Brasileiros Empreendedores do Século 20”, em pesquisa realizada pela PPE (Personalidades Patrióticas Empreendedoras).
Outras obras: “João Miguel”, “As Três Marias”, “Dôra, Doralina”, “Memorial de Maria Moura”, entre outras.
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Divulgação Lygia Fagundes Telles
Hoje com 98 anos, a paulistana é considerada a maior escritora nacional ainda viva e foi a segunda (e, até agora, a última) mulher do Brasil a receber o Prêmio Camões. Incentivada por Carlos Drummond de Andrade e Érico Veríssimo, Lygia seguiu carreira na literatura, sendo uma das suas grandes obras “As Meninas”, que lhe rendeu um prêmio Jabuti (do total de cinco que ganhou ao longo da vida), além do Coelho Neto da ABL e o reconhecimento de melhor ficção da Associação Paulista de Críticos de Arte. Internacionalmente, já foi condecorada com a Ordem das Artes e das Letras pelo governo francês.
Outras obras: Lygia já escreveu outros livros premiados, como “Antes do Baile Verde”, “Seminário dos Ratos”, “A Disciplina do Amor”, “As Horas Nuas”, “A Noite Escura e Mais Eu” e “Invenção e Memória”.
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Marcos Santos/USP Imagens Antonio Candido
Uma das maiores referências intelectuais da história do Brasil, o crítico literário, sociólogo e professor da USP faleceu em 2017, deixando um legado aclamado por premiaçãoes como o Prêmio Camões, em 1998; o mexicano Prêmio Internacional Alfonso Reyes, para grandes contribuições na área de pesquisa e crítica literária; o Prêmio Machado de Assis; e três Jabuti. A sua principal obra é “Formação da Literatura Brasileira”, de 1959.
Outras obras: “Os Parceiros do Rio Bonito”, “Literatura e Sociedade”, “O Discurso e a Cidade”, “Tempo de Clima”, entre outras.
Outras obras: “Os Parceiros do Rio Bonito”, “Literatura e Sociedade”, “O Discurso e a Cidade”, “Tempo de Clima”, entre outras.
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Divulgação João Cabral de Melo Neto
Poeta e escritor de estilo ímpar, o integrante do movimento modernista da década de 1940 no Brasil é responsável por um dos grandes clássicos da literatura do país: “Morte e Vida Severina”. Ele foi o primeiro dos 13 brasileiros a conquistar um Camões, já na segunda edição do prêmio, em 1990. Também recebeu um Jabuti em 1967 por seu trabalho de poesia e os prêmios José de Anchieta, Olavo Bilac e o de Poesia do Instituto Nacional do Livro – além de ter sido eleito imortal da Academia Brasileira de Letras.
Outras obras: “Pedra do Sono”, “O Cão Sem Plumas”, “A Educação pela Pedra”, “Crime na Calle Relator”, entre outras.
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Greg Salibian/Wikimedia Commons Ferreira Gullar
Poeta, escritor, tradutor e teatrólogo, o maranhense é considerado um dos maiores autores brasileiros do século 20 e fundador do neoconcretismo – movimento que pregava maior subjetividade e liberdade de criação literária. Com seu trabalho de poesia experimental radical, Gullar chegou a ser indicado para o Nobel de Literatura em 2002, ganhou o Prêmio Machado de Assis em 2005, o Prêmio Camões em 2010 e dois Jabuti (em 2007 e 2011) por melhor conto e melhor livro de ficção do ano com “Resmungos” e “Em Alguma Parte Alguma”, respectivamente.
Outras obras: “Poema Sujo”, “O Poema Enterrado”, “Um Pouco Acima do Chão”, “A Luta Corporal”, “Muitas Vozes”, entre outras.
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O Cruzeiro/Arquivo EM Dalton Trevisan
Com 96 anos, o curitibano discreto (que não gosta de aparecer, nem dar entrevistas) é um dos maiores e mais tradicionais contistas brasileiros. Pelo conjunto da obra, cujo livro mais famoso é “O Vampiro de Curitiba”, recebeu o Prêmio Camões em 2012, além de quatro Jabuti, dois prêmios da Biblioteca Nacional, um Portugal Telecom e um Machado de Assis, entre outros ao longo do tempo.
Outras obras: São mais de 40 livros lançados, entre eles “A Polaquinha”, “O Maníaco do Olho Verde”, “Pico na Veia”, “Cemitério de Elefantes”, “O Anão e a Ninfeta”, entre outras.
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Divulgação Carlos Drummond de Andrade
Um dos maiores nomes da poesia brasileira, Drummond também foi contista e cronista – e um dos únicos escritores do país que, de fato, conseguiu viver da própria literatura. Ao longo dos seus 85 anos, o mineiro conquistou vários reconhecimentos, entre eles quatro Jabuti, o Prêmio de Poesia da Associação Paulista de Críticos Literários, o Padre Ventura, Fernando Chinaglia (da União Brasileira de Escritores) e o Prêmio Nacional Walmap de Literatura.
Principais obras: “Sentimento do Mundo”, “Rosa do Povo”, “Claro Enigma”, “Contos de Aprendiz” e a “Bolsa e a Vida” estão entre seus mais de 40 títulos publicados.
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Divulgação Chico Buarque de Holanda
Icônico músico da MPB, dramaturgo e escritor, Chico foi o último nome a trazer o Prêmio Camões para o Brasil, em 2019 – em uma decisão unânime e inédita da premiação, que levou em consideração, além da literatura, o conjunto da obra do artista na música e no teatro. O carioca também já venceu três prêmios Jabuti, por seus romances “Estorvo”, “Budapeste” e “Leite Derramado”, e foi reconhecido com um troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte.
Outras obras: “Fazenda Modelo”, “Benjamim”, “O Irmão Alemão”, “A Bordo do Rui Barbosa”, “Chapeuzinho Amarelo”, “Calabar”, “Essa Gente” (o mais recente, depois de receber o Camões), entre outras.
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Renato Parada/Divulgação Milton Hautom
Descendente de libaneses e natural de Manaus, Hatoum é hoje um dos grandes nomes brasileiros ainda vivos da literatura contemporânea. Com o romance “Cinzas do Norte”, ganhou os prêmios Jabuti, Livro do Ano, Bravo!, APCA e Portugal Telecom. Outras obras, como “Dois Irmãos” (talvez o seu livro mais conhecido, já traduzido para 12 idiomas e adaptado para televisão, teatro e quadrinhos), e “Relato de um Certo Oriente” também lhe renderam dois Jabuti e indicações ao Prêmio Literário Internacional IMPAC de Dublin. Em 2008, foi homenageado pela Ordem do Mérito Cultural, que destaca personalidades e instituições que mais contribuíram para a cultura brasileira.
Outras obras: trilogia “O Lugar Mais Sombrio”, “A Cidade Ilhada”, “Órfãos do Eldorado” e “Um Solitário à Espreita”, entre outras.
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Acervo Cecília Meireles Cecília Meireles
Uma das mais célebres poetisas nacionais, integrante da segunda fase do movimento modernista no Brasil, Cecília deixou um legado de mais de 50 obras, entre contos, crônicas e livros infantis. Suas conquistas começaram cedo, logo ao se formar no ensino primário, quando recebeu uma medalha de ouro do poeta Olavo Bilac, então inspetor escolar do Rio de Janeiro. Por “Viagem”, recebeu o Prêmio de Poesia Olavo Bilac em 1939, da ABL, além de dois Jabuti e do Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra.
Outras obras: “Romanceiro da Inconfidência”, “Espectros”, “Ou Isto ou Aquilo”, “A Janela Mágica”, “Vaga Música”, entre outras.
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Matej Divizna/Getty Images Paulo Coelho
O escritor brasileiro de 73 anos é um fenômeno no exterior, com obras publicadas em mais de 170 países e traduzida para 81 idiomas. Ao todo, já vendeu mais de 320 milhões de exemplares em todo o mundo e ocupou o primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 nações. Em outubro de 2008, conseguiu o feito de entrar para o Guinness Book of Records de livro mais traduzido do mundo (69 línguas) pelo “O Alquimista”, seu título mais conhecido.
O escritor reúne uma série de prêmios internacionais, entre eles o Elle Awards de melhor escritor internacional (Espanha), Platin-Buch (Áustria), Kiklop (Croácia), Álava en el Corazón (Espanha), Wilburd (União Europeia), Prêmio Budapeste (Hungria), Bambi de Personalidade Cultural do Ano (Alemanha), além de títulos como o de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra, a mais importante condecoração concedida pela França.
Outras obras: “Onze Minutos”, “O Zahir”, “A Bruxa de Portobello”, “Aleph”, “Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei”, “Veronika Decide Morrer”, “O Diário de Um Mago”, “Brida”, entre tantas outras.
Jorge Amado
Um dos responsáveis pela criação da data comemorativa talvez seja também o escritor brasileiro mais premiado de todos os tempos: segundo a ABL (Academia Brasileira de Letras), o baiano conta com mais de 20 reconhecimentos nacionais e internacionais. O mais importante deles é o Prêmio Camões – hoje, a maior premiação de literatura de língua portuguesa, concedida a apenas 13 brasileiros -, em 1994, pelo conjunto da obra. Entre outras de suas conquistas, estão o Prêmio Internacional Lênin, o Prêmio Pablo Neruda e o Prêmio da Latinidade.
Traduzido para 48 idiomas, Jorge Amado ficou famoso principalmente pelo retrato fiel da vida na Bahia de suas obras, que denunciavam a desigualdade e o preconceito racial no Brasil – caso, por exemplo, de “Capitães de Areia”. Ele também é o escritor brasileiro com o maior número de trabalhos adaptados para cinema, televisão e teatro, como os clássicos “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Gabriela, Cravo e Canela” – que lhe rendeu o Prêmio Jabuti (o mais importante troféu literário nacional) de melhor romance, em 1959.
Outras obras: “Tieta do Agreste”, “Tereza Batista Cansada de Guerra”, “Terras do Sem-Fim”, “Cacau”, “Tocaia Grande”, “Jubiabá”, “Tenda dos Milagres”, entre outras.
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