“Estou falando com você da minha sala e tudo o que eu vejo da janela é verde”, diz Celso D. Valle, diretor do Palácio Tangará, um dos hotéis mais luxuosos de São Paulo. “Para o público paulistano, isso aqui é um refúgio dentro da própria capital. Nessa fase de restrição de viagens, oferecemos exatamente o que as pessoas estão procurando: segurança em relação à Covid-19 e contato com a natureza”. De certa forma, o diretor parece ter acertado em cheio o público-alvo do momento. Após 10 meses de retomada das atividades, o hotel registra recordes históricos de ocupação.
Neste primeiro semestre de 2021, o Tangará apresentou um aumento de receita de 10% em comparação com 2019, mesmo tendo diminuído em 90% o número de eventos sociais e corporativos em comparação ao ano anterior à pandemia. Mais do que isso, o tempo de permanência média no hotel teve um aumento de 27% nesse período. “Março e abril foram difíceis porque tivemos restrições, mas junho foi o nosso melhor mês. O final de semana do Dia dos Namorados teve 100% de ocupação. Teve tanta demanda que nós fizemos dois dias de programação especial para os casais, com jantar e música ao vivo, tanto na sexta quanto no sábado”, conta D. Valle. “O mês de julho também promete ser positivo. Já temos quase 30% do hotel vendido para o mês.”
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O cenário otimista do Tangará nesse período de retomada é resultado de um esforço de seis meses – período esse em que o hotel ficou completamente fechado por conta da pandemia. “Nós fechamos dia 24 de março e reabrimos apenas em setembro. Não imaginávamos que seria tanto tempo sem atividades, mas fizemos investimentos importantes nesse período”, revela o diretor. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões para uma retomada de sucesso. “Em março do ano passado, nós apagamos a luz e fechamos a porta. A ideia, em setembro, não foi destrancar a porta e continuar como se nada tivesse acontecido. Queríamos trazer novidades e uma nova recepção para nossos hóspedes”, explica.
Como primeira medida para a reabertura, o hotel decidiu contratar a consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein para adaptar suas operações aos mais altos níveis de exigência no que tange à higienização e sanitização de todas áreas públicas. “É uma consultoria permanente e temos auditorias quinzenais com a equipe do hospital. Isso passa uma segurança maior aos nossos parceiros, sejam hóspedes, fornecedores ou colaboradores.” Com todo o controle para evitar contágios, D. Valle se orgulha ao revelar que nenhum tipo de transmissão do vírus foi registrada na propriedade nos últimos dez meses de operação.
Assim como a preocupação com a segurança, um outro ponto essencial precisava da atenção do hotel para a retomada: o perfil de seus clientes. Acostumado a receber grandes reuniões corporativas, o Tangará, no período pré-pandemia, tinha um público internacional que representava cerca de 30% de seus hóspedes. Com o fim dos eventos presenciais e o controle de viajantes nas fronteiras, era preciso criar outra estratégia de mercado. Foi pensando nisso que o hotel começou a direcionar esforços para o público brasileiro, principalmente os paulistas.
Com seis salas de spa, duas piscinas aquecidas, sala de ginástica, restaurantes e área externa em contato com a natureza, a propriedade oferece opção de lazer para quem não quer viajar para longe. Foi pensando nesse público local que um novo restaurante, o Pateo do Palácio, fez parte dos investimentos para a retomada.
Com 85 lugares totalmente ao ar livre e distanciamento mínimo de 2,5 metros entre as mesas, o novo espaço conta com um cardápio elaborado pelo premiado chef Jean-Georges, que coleciona estrelas Michelin em seus restaurantes ao redor do mundo. De forma independente, o restaurante também pode ser reservado por pessoas que não estão hospedadas no hotel. “A procura pelo serviço foi muito superior às nossas expectativas imediatas”, revelou o diretor.
Mais do que as novidades, D. Valle ressalta que os seis meses de paralisação foram marcados por muito marketing, o que ajudou a criar expectativa popular sobre a retomada. “Durante o período em que o Palácio Tangará permaneceu fechado, diversos pacotes foram criados, de forma a nos mantermos ativos e não perdermos a visibilidade construída desde a abertura. A aceitação foi excelente e mais 1 mil diárias foram vendidas neste período”, afirma.
O investimento, no entanto, foi um risco que se mostrou acertado. Segundo o diretor, a taxa de ocupação do Tangará está 200% acima da média da indústria hoteleira da cidade de São Paulo em 2021. Em dez meses de operação – desde setembro -, o hotel já recuperou os valores gastos nos investimentos. “Retomamos com 178 colaboradores. Agora já estamos com uma equipe de 231, então estamos contratando. Esse é um sinal muito positivo”, reforça ele.
Com otimismo para os próximos meses, D. Valle acredita que o pior já passou. Com o aumento da taxa de vacinados, a esperança para o último trimestre de 2021 está alta. “Já temos 40 casamentos marcados para o ano que vem. Estamos em julho de 2021 e temos apenas 12 sábados disponíveis para celebrações em 2022”, revela. Com uma agenda de eventos promissora, o hotel se prepara para colher frutos de seus esforços após o grande baque da pandemia no setor.
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