De origem milenar, não é possível dizer com exatidão como a cerveja surgiu. No entanto, pesquisadores já revelam com tranquilidade que a fabricação da bebida começou há mais de 6.000 anos, na região da Mesopotâmia. Documentos históricos mostram que a bebida acompanhou a evolução da sociedade, passando de sumérios e egípcios à contemporaneidade. Para todos esses povos, um sentimento em comum: a alegria de apreciar a bebida fermentada.
Em 2007, na Califórnia, quatro amigos norte-americanos decidiram transformar essa paixão pela bebida em data comemorativa. Como ainda não existia o “Dia da Cerveja”, eles começaram a comemorar a iguaria na primeira sexta-feira de agosto. A iniciativa dos jovens acabou sendo aprovada em diversos cantos do globo. Hoje (6), mais de 50 países estão curtindo o Dia Internacional da Cerveja como uma data oficial.
O Brasil, terceiro país que mais consome cerveja no mundo, segundo pesquisa deste ano com dados do Credit Suisse, da Euromonitor e da Statista, com certeza não fica de fora dessa lista. De acordo com as informações, os brasileiros bebem, em média, seis litros de cerveja por mês, atrás apenas dos Estados Unidos (2º lugar) e da China (grande vencedor). No entanto, será que os brasileiros conhecem o tanto de estilos e sabores que existem no mercado cervejeiro?
“Existe uma infinidade de estilos de cerveja”, destaca Luiza Tolosa, fundadora da Cervejaria Dádiva. “Acho que uma boa divisão que fazemos é: cervejas leves, amargas e intensas. São os três paladares principais da bebida. Mas, dentro dessa classificação, há estilos para todos os gostos.” De leves e clássicas, como a pilsen, até as mais exóticas, como as sours. Sendo assim, se você não gosta de cerveja, talvez ainda não tenha provado a ideal para o seu paladar.
Para Luiza, a melhor forma de encontrar a bebida certa é prestando atenção aos detalhes de cada estilo. “Se você não gosta de limonada, por exemplo, ou de bebidas muito ácidas, provavelmente não vai gostar de sour.” Além disso, vale dar atenção ao momento do dia em que a bebida será tomada. “Se está calor e você quer se refrescar, talvez a pilsen seja a melhor opção. Para terminar a noite, uma mais intensa, talvez escura”, completa. Para quem não tem medo de testar, outra forma deliciosa de encontrar o par perfeito no mundo cervejeiro é degustando.
Para ajudar nesse processo, a Forbes Brasil conversou com Luiza Tolosa e Guilherme Matheus, mestre-cervejeiro e fundador da Cervejaria Mafiosa, sobre as características principais de cinco estilos famosos de cerveja: sour, stout, dubbel, pilsen e IPA. Talvez uma dessas seja a cerveja perfeita para o seu paladar.
Confira mais detalhes na galeria de imagens abaixo:
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GettyImages/Pavel Kant Sour
A cerveja sour é ideal para quem busca uma bebida mais ácida. “Quem gosta do azedinho ao beber um suco de limão sem açúcar, tem grandes chances de gostar da sour beer”, afirma Luiza Tolosa, fundadora da cervejaria Dádiva.
Produzida com a adição de leveduras selvagens na fermentação – que pode ser controlada ou espontânea -, a cerveja é conhecida pelos estilos lambic, cuja categoria gueuze pode chegar a 8% de teor alcoólico, e berliner weisse, que apresenta um teor alcoólico mais baixo, não passando dos 4%. Os rótulos se diferem em níveis de álcool, acidez e adjuntos, como frutas, condimentos e lactose. Para quem é novo neste universo, a dica é começar pelas mais suaves e, aos poucos, avançar para as complexas.
No Brasil, a catharina sour, criada por cervejarias catarinenses, assemelha-se à berliner weisse, mas oferece, além da adição de frutas, um teor alcoólico um pouco mais elevado, chegando a 5,5%. O estilo é reconhecido por guias internacionais, como o BJCP (Beer Judge Certificate Program) e o BA (Brewer’s Association).
Quando o assunto é harmonização, as sobremesas podem ser opções certeiras. Comidas como cheesecake, mousse de chocolate e outros preparos que não exagerem no doce podem ficar muito mais interessantes quando acompanhados de cervejas sour.
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GettyImages/Jon Hicks Pilsen
Esta é uma cerveja mais leve, com teor alcoólico entre 4% e 5%, com notas de cereais, pão e um toque leve de amargor. “São fáceis de beber e, por isso, conquistaram o mundo”, diz Luiza. Por ser menos complexa e alcoolizada, a pilsen é considerada uma cerveja de alta drinkability (mais “bebível”), ideal para quem deseja consumir mais de uma cerveja durante o dia ou ingerir bebidas em maiores quantidades.
Além disso, com aromas e sabores equilibrados, a Pilsen é leve e refrescante ao paladar. Perfeita para os dias mais quentes do ano – talvez seja por isso que o estilo faz tanto sucesso aqui no Brasil. De certa forma, a Pilsen é a cerveja clássica, que todos os brasileiros estão acostumados a ver em churrascos familiares e festas de final de ano. “Muitas vezes as pessoas associam essa cerveja a momentos ao livre, no verão. Então, de fato, se você busca refrescância, com certeza consegue através de uma pilsen”, completa a fundadora da Dádiva.
O estilo surgiu com a criação da marca Pilsner Urquell, na cidade de Pilsen, situada na região da Bohemia, na República Tcheca. Conhecida pela sua acentuada cor dourada, a bebida harmoniza bem com uma diversidade de alimentos. No entanto, queijos frescos, como ricota e mozarela, são uma ótima escolha para quem quer degustá-la.
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GettyImages/izusek Stout
Este é um exemplo clássico de cerveja escura – também conhecida como cerveja preta. Originária da Irlanda, a bebida de aspecto encorpado e cremoso traz notas características de chocolate amargo, café e malte torrado.
Segundo Guilherme Matheus, sócio-fundador e cervejeiro da Mafiosa Cervejaria, as stouts podem ser encontradas em estilos mais leves ou intensos. As dry stout, cujos rótulos mais famosos são Guinness, Murphy e Beamish, possuem um teor alcoólico baixo, em torno dos 4%. Já as russian imperial stouts – como Cerveja Leopoldina e a Stone – são mais fortes em álcool e amargor, com níveis próximos dos 12%. No caso das pastry stouts, conhecidas por utilizarem sabores típicos de sobremesas, as receitas levam ingredientes de panificação e confeitaria, como baunilha, pistache, café, coco, chocolate e cumaru, entre outros.
“As stouts mais leves podem agradar muitas pessoas, principalmente quem gosta de café e torrado. Por ser muito famosa, é procurada pelo público mais leigo em cervejas artesanais. Os estilos mais extremos são ideais para quem aprecia bebidas mais fortes, como uísque e outros destilados”, diz o especialista.
Na hora de harmonizar, a dica é investir nas sobremesas à base de chocolate e nos queijos gouda e amarelo. Para os mais ousados, as stouts leves também podem acompanhar feijoadas e alimentos defumados, como churrascos.
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GettyImages/Sergey Peterman Dubbel
Criada na Bélgica, durante a Idade Média, a dubbel compõe a família das cervejas brown (amarronzadas). De bebida de coloração âmbar escuro, com reflexos avermelhados que relembram ao cobre, a bebida se destaca pelos complexos aromas de malte, podendo conter notas de chocolate, caramelo e até frutas passas (uva, banana e maçã).
Com espuma densa e cremosa, de longa duração e um sabor que começa doce e termina moderadamente seco, esta é a cerveja ideal para quem busca opções mais refinadas. “É perfeita para quem gosta de vinho e quer ter uma experiência gastronômica completa, usando a cerveja como acompanhamentos para as refeições”, explica Guilherme Matheus, sócio-fundador e cervejeiro da Mafiosa Cervejaria. A bebida pode ser apreciada com um boeuf bourguignon, costelinha de porco ou cozidos de carne.
La Trappe Dubbel, St. Bernardus Pater 6, Affligem Dubbel, Chimay Première, Corsendonk Pater, Grimbergen Double, Trappistes Rochefort 6, Westmalle Dubbel e Val Dieu Brune, são alguns exemplos de rótulos dubbel disponíveis no mercado, com teores alcoólicos entre¨6% e 8%.
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GettyImages/Lauri Patterson IPA
O estilo IPA, com um teor alcoólico que – tradicionalmente – vai de 5,5 a 7,5%, representa as iniciais do termo “India Pale Ale”, que foi desenvolvido na Inglaterra do século 19, para abastecer a colônia inglesa na Índia. A ideia era abusar da quantidade de lúpulo na bebida para ajudar na conservação do líquido nas longas travessias pelo mar. Elas chegavam na Índia intactas, com aroma e sabor preservados. Mas, por conta do nível maior de lúpulo, o estilo tem um amargor mais intenso. “Toda cerveja tem um pouco de amargor, porque toda cerveja leva lúpulo. No entanto, as IPAs possuem uma carga muito maior do ingrediente”, explica Luiza.
Embora seja o estilo mais consumido pelo público de cervejas artesanais, ele não é para todos. Para escolher degustá-la, é preciso estar preparado para intensidade. E é exatamente por isso que as IPAs harmonizam tanto com pratos gordurosos, como churrascos, pratos grelhados e queijos derretidos. “De certa forma, o que dá o match é a intensidade”, diz a empreendedora.
Sour
A cerveja sour é ideal para quem busca uma bebida mais ácida. “Quem gosta do azedinho ao beber um suco de limão sem açúcar, tem grandes chances de gostar da sour beer”, afirma Luiza Tolosa, fundadora da cervejaria Dádiva.
Produzida com a adição de leveduras selvagens na fermentação – que pode ser controlada ou espontânea -, a cerveja é conhecida pelos estilos lambic, cuja categoria gueuze pode chegar a 8% de teor alcoólico, e berliner weisse, que apresenta um teor alcoólico mais baixo, não passando dos 4%. Os rótulos se diferem em níveis de álcool, acidez e adjuntos, como frutas, condimentos e lactose. Para quem é novo neste universo, a dica é começar pelas mais suaves e, aos poucos, avançar para as complexas.
No Brasil, a catharina sour, criada por cervejarias catarinenses, assemelha-se à berliner weisse, mas oferece, além da adição de frutas, um teor alcoólico um pouco mais elevado, chegando a 5,5%. O estilo é reconhecido por guias internacionais, como o BJCP (Beer Judge Certificate Program) e o BA (Brewer’s Association).
Quando o assunto é harmonização, as sobremesas podem ser opções certeiras. Comidas como cheesecake, mousse de chocolate e outros preparos que não exagerem no doce podem ficar muito mais interessantes quando acompanhados de cervejas sour.
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