A ozonioterapia medicinal é um tratamento que foi descoberto na Primeira Guerra Mundial para recuperação de soldados gravemente feridos praticamente sem efeitos colaterais em que se usa o oxigênio medicinal transformado por meio de uma máquina em uma mistura de oxigênio com ozônio, uma molécula que contém três átomos de oxigênio.
Como o ozônio atua em nosso organismo?
O ozônio, que tem um elétron “despareado”, causa um grande processo de antioxidação no organismo, combatendo as células adoecidas e a formação de radicais livres. Ele atua diretamente na cascata anti-inflamatória do corpo, modificando as citoquinas inflamatórias, por isso tão funcional para inflamações. Além disso, ele destrói a membrana dos fungos e inibe a replicação viral e bacteriana, sendo considerado o antigermicida mais eficaz que temos. Em comparação ao cloro, por exemplo, usado desde em centros cirúrgicos até para limpeza nas residências e desinfecção de legumes e vegetais, estudos comprovam que ele é 3.500 vezes mais eficaz. O ozônio atua estimulando diretamente a matriz de colágeno e elastina, e por essa razão vem sendo cada vez mais utilizado nas patologias de desgastes articulares e, além disso, em processos estéticos.
O ozônio pode ser usado diretamente para resultados estéticos?
Sim! Tanto pelas suas propriedades de reduzir a inflamação, local ou sistêmica, quanto por estimular a matriz de colágeno e elastina, hoje há procedimentos e protocolos muito impactantes tanto para procedimentos faciais relacionados ao envelhecimento quanto para redução drástica de celulites e gordura localizada. O gás de ozônio destrói células inflamadas, e tanto a celulite quanto os adipócitos, células de gordura, são células inflamadas.
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Por que ele é pouco difundido no Brasil?
Em nosso país, a ozonioterapia medicinal é aprovada pela Anvisa, agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde, e aplicada por meio do SUS (faz parte das Práticas Integrativas do SUS desde 2018). Pode ser aplicada por médicos em caráter experimental, mas é aprovada nos Conselhos de Enfermagem, de Fisioterapia, de Odontologia, de Veterinária e outros, devido aos seus inúmeros benefícios conhecidos por tantos anos de aplicação dessa prática. Na Alemanha, por exemplo, onde ele já é amplamente utilizado há tantas décadas, todas as ambulâncias são equipadas com máquina geradora de ozônio, pois, segundo estudos, nos 30 primeiros minutos de um AVC, caso o ozônio seja aplicado, há uma taxa de 98% de recuperação do quadro geral sem deixar sequelas. Incrível, não?
A busca por tratamentos complementares para nossa saúde, para entendê-la como um todo e aproveitar os magníficos recursos que temos hoje, e que principalmente integrem o equilíbrio físico e emocional, a curto e a longo prazo, é a maior inteligência que podemos ter para honrar nossas vidas.
Quais as formas de aplicação do ozônio?
Para cada objetivo e necessidade do organismo há uma via de administração que será determinada pelo profissional capacitado que fará esta avaliação, mas as principais são:
Aplicação subcutânea e intra-articular: altamente eficazes para degenerações articulares, como condromalácia, hérnias discais, artrite reumatoide, lesões nas articulações, até lipomas, varizes, rugas e gordura localizada;
Aplicação pelo sangue: há duas maneiras. Pequena auto-hemoterapia, que consiste em retirar pequena quantidade do sangue (aproximadamente 5 ml), ozonizá-lo e reaplicar no músculo. Muito importante para estimular o sistema imunológico, já tendo muitos estudos na Europa com essa correlação, e ótima forma de oxigenar o músculo e estimular a regeneração, energia e crescimento de células musculares. Já a grande auto-hemoterapia consiste em uma prática antiga e que hoje é associada ao ozônio para estimular a grande circulação do organismo e proporcionar redução importante de processos inflamatórios e degenerativos. Excelente como coadjuvante em doenças cardiovasculares e doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal, e até em vários tipos de cânceres, uma vez que tem alto poder antioxidante no organismo e grande capacidade de destruição de células degeneradas, como as células tumorais. Por isso, é um grande aliado da medicina alopática.
Via retal: muito impactante para doenças inflamatórias intestinais e para rapidamente disseminar o ozônio com velocidade para tantas células do organismo que se beneficiam dele. Doenças autoimunes têm excelentes respostas com a ozonioterapia como tratamento coadjuvante.
Via otológica: muito indicada para inflamações e infecções respiratórias. Para crianças, é a via principal de administração, evitando inclusive que muitas dessas infecções evoluam e, em muitos casos, o uso de antibióticos, que destroem a mucosa intestinal. Para enxaquecas, degenerações oculares e sintomas respiratórios também é altamente eficaz.
Via tópica: na forma de óleo ozonizado de girassol, de oliva, ou outros, muito usado para feridas, acne, infecções locais, dermatites, cicatrização pós-cirúrgica, e para simplesmente melhorar o aspecto da pele em geral por estimular o colágeno e a elastina.
Via bags: uma forma de usarmos luvas e calças específicas para colocar direto em contato com a pele o gás de ozônio para acelerar o processo de cura de feridas, como em diabéticos, que têm uma cicatrização mais lenta, como para dermatites atópicas e alergias intensas, até mesmo em síndromes dolorosas como túnel do carpo. No SUS já se usa ozonioterapia para escaras e ferimentos desde 2015, apesar de pouco disseminada em relação a hospitais da Alemanha, Espanha e Portugal que fazem uso dessa incrível terapia há tantas décadas.
Via água ozonizada: tanto para consumo é altamente recomendada para equilibrar o pH e processos digestivos (no Instituto Human, local onde atuo, é a única água que usamos e oferecemos aos pacientes), como para tratamento de feridas e desinfecção de legumes, vegetais e frutas, pois, como falamos acima, é muito mais eficaz do que o cloro. Muitas piscinas usam o ozônio para tratar as suas águas em vez do cloro por sabermos os malefícios deste último para a saúde.
Via cosméticos: os benefícios do ozônio, apesar de ainda tão restritos no Brasil, estão se difundindo com grande velocidade, e cada vez mais empresas estão investindo em shampoos, cremes, pastas dentais, desodorantes e outros com o uso do ozônio devido a tantas propriedades magníficas para nós.
Fonte: Thaisa Albanesi, médica especializada em Functional Medicine, Regenerative Medicine e Sports Medicine, nos Estados Unidos pelas Sociedades A4m; Age Medicine Management e IFM (Institute of Functional Medicine), atua no Brasil no Instituto Human com medicina personalizada.