Joias que combinam com o corpo e não com as roupas. Essa é a premissa que guia a criação das peças que saem do ateliê do designer Fernando Jorge em Londres e vão para lojas como Bergdorf Goodman, Bon Marché, Barneys e Matches. E daí para o closet de Rihanna, Charlize Theron, Lady Gaga, Natalie Portman, Michelle Obama. “Eu uso alguns clichês bem brasileiros como inspiração: a praia, o corpo à mostra, da sensualidade, e transformo tudo isso em uma joia fácil de vestir, que pode ser usada todo dia porque não faz par com tal roupa ou estilo, e sim com o corpo da mulher.”
A brasilidade não está só nos clichês, mas nas pedras escolhidas pelo designer, coloridas como citrino, a granada e o olho de tigre, além dos diamantes, que se encaixam nas estruturas curvilíneas de ouro. Essa ideia começou em Londres, durante o mestrado na Central St. Martins, escola que formou alguns dos principais talentos da moda inglesa. “Saí de lá com uma certa frustração em não ter algo com a expressão brasileira e achei que poderia usar minha experiência e bagagem para seguir esse caminho.”
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O ano era 2010 e o mundo vivia os efeitos da crise financeira. As pessoas buscavam algo duradouro para contrapor a instabilidade e as joias estavam em alta. Foi o timing perfeito para lançar sua primeira coleção.“Eu sabia que, diferentemente do que aconteceria no Brasil, em Londres eu poderia chegar nas melhores lojas não por minhas relações, mas pelo design”, diz o joalheiro, que deixou Campinas (SP) no final da década de 90 para estudar design na capital paulista e, aos 21 anos, conseguiu emprego em uma fábrica de joias. “Ali eu aprendi todas as etapas do processo.”
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Em 2005, Fernando entrou para o time de criação da joalheira Carla Amorim, onde passou três anos. Mudou-se então para Londres, onde fez seu mestrado e abriu seu primeiro show room. Aos poucos, conquistou espaço nas grandes multimarcas, clientes famosas e internacionais e um espaço no salão de joalheria da Bergdorf Goodman ao lado dos principais nomes do design mundial.
Tudo aconteceu aos poucos ao longo dos 10 anos desde que abriu seu primeiro show room. Assim como as joias, Fernando é amigo do tempo. Gosta de dizer que sempre fez tudo com muita paciência e planejamento pois nunca teve margem para o erro.“Eu não tinha uma família com nome, meus recursos eram limitados e eu sempre esperei o momento certo para me movimentar. Fazer joias é minha vocação e eu posso fazer isso a vida inteira, então não preciso ter pressa para nada.”
* Reportagem publicada na edição 97, lançada em maio de 2022
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