Na coluna de julho último, “Arte contemporânea em 4 episódios”, dediquei um dos “episódios” ao multimídia Xavier Veilhan, que acaba de estrear sua primeira exposição
solo no Rio em nosso endereço carioca até 29 de outubro. Um dos nomes de ponta da arte francesa contemporânea, Veilhan representou a França na Bienal de Veneza de
2017 e apresentou sua obra no Brasil pela primeira vez na forma de duas instalações (Rays e Mobiles, ambas de 2014), montadas na mega exposição Made by… Feito por
Brasileiros.
O evento, batizado Invasão Criativa, arquitetado pelo empresário e colecionador francês, Alexandre Allard (leia-se Cidade Matarazzo/Rosewood São
Paulo), exibiu um time com nomes da vanguarda das artes visuais brasileira e internacional no antigo Hospital Matarazzo, em 2014. Quem esteve, não esquece.
No ano seguinte, a obra de Veilhan marcou presença em nossa sede, em São Paulo, com Horizonte Verde, a primeira individual na América Latina desse artista que se
articula em várias frentes como escultura, pintura, vídeo, fotografia, performance, e ainda desenha grandes painéis de Led e projeta espaços arquitetônicos. Suas
esculturas produzidas com a precisão de sua volumetria multifacetada, uma das marcas do artista, resultam em retratos tridimensionais, que oscilam entre o familiar e
o extraordinário em um jogo de tensão entre a figuração e a abstração. Dentre as personalidades homenageadas em seus retratos tridimensionais, como ele costuma
chamar suas esculturas, estão nomes da música como Brian Eno e Quincy Jones, e mestres da arquitetura como Le Corbusier e Richard Neutra.
Leia mais: Arte contemporânea em 4 episódios
Outro elemento de destaque em sua obra são os móbiles. Neles o balanço entre esferas e varetas, elaborado em composições infinitas, jamais é solucionado da mesma
maneira. Este mesmo recurso pode ser admirado na grande instalação permanente, The Great Mobiles (East and West), 2017, em aço inoxidável, alumínio e resina de
poliéster, com cerca dezessete metros de altura, que paira em um dos saguões do Aeroporto Internacional de Seoul, capital da Coréia do Sul.
Outro viés de sua linguagem artística são as instalações com cabos de aço. Elas desenham o espaço através de conjuntos de delicadas linhas paralelas, brincando com a transparência do ar ao mesmo tempo em que dão uma sensação de musicalidade.
Quem esteve na Made by… Feito por Brasileiros, certamente se lembrará que Veilhan montou no pátio central da propriedade a grande instalação Rays com mais de sete
metros de altura utilizando esse recurso lúdico de linearidade quase imperceptível, em contraste com o verde da folhagem tropical e a arquitetura mediterrânea do antigo
hospital.
No Rio, a exposição que ocupa os dois pisos da galeria, intitulada apenas com seu nome, contou com a presença do artista, que foi também entrevistado na inauguração
pela artista brasileira Lucia Koch. A mostra traz obras que demonstram seu interesse pela tecnologia e sua brilhante reinterpretação do classicismo na estatuária e no
retrato, além de uma nova série de obras cinéticas em madeira. O artista também esteve na pré-estreia mundial de seu vídeo “Film de l’Est”, apresentado na Cinemateca
do MAM Rio. O evento, contou com curtas de artistas como Cao Guimarães e Raul Mourão, e encerrou com uma conversa mediada pela diretora artística do museu
carioca, a curadora e pesquisadora Keyna Eleison. Fecho a coluna com uma reflexão deste grande artista contemporâneo: “A arte é uma ferramenta visual para qual devemos olhar para entender nosso passado, presente e futuro”.
Serviço
Xavier Veilhan
Galeria Nara Roesler Rio de Janeiro
Até 29 de outubro, 2022
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Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte [email protected]
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos
Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado,
ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em
Nova York.
[email protected]
Instagram galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/