Na maioria dos meses de dezembro, listo os meus hotéis favoritos e as novidades do ano. Com o fim de outro ano desafiador para o setor de hospitalidade, tenho admiração pelos lugares que conseguiram se manter funcionando e proporcionar experiências inesquecíveis a seus hóspedes.
Meus hotéis favoritos – alguns novos, outros somente novos para mim, listados aqui em ordem alfabética – não são só locais legais para turistas ficarem, mas também projetos apaixonantes para seus fundadores e bons ambientes de trabalho para seus funcionários. São lugares onde a história aconteceu, que se importam com sustentabilidade e onde a imaginação corre solta.
Aethos Ericeira, Portugal
Em cima de um penhasco de aproximadamente 40 metros de altura em uma reserva natural, o novo Aethos Ericeira tem uma iluminação espetacular e vistas maravilhosas do Atlântico. Suas 50 suítes e quartos se unem em uma paleta de cores naturais, materiais e texturas com linhas clean e uma leve simplicidade do design modernista. Os quartos premium têm vistas gloriosas do oceano, algumas delas com terraços privativos.
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O hotel é parte de um grupo maior de clubes e hotéis boutique para sócios na Europa que priorizam consciência, natureza, comunidade, bem-estar e design. Por conta do Aethos ser um dos poucos hotéis cinco estrelas em uma cidade famosa pelo surf, seu luxo invade até mesmo o esporte: aulas privadas de surf com Joana Andrade, a primeira mulher portuguesa a surfar ondas gigantes, campeã diversas vezes e fundadora da primeira escola de surf para mulheres. É aqui que eu lhe agradeço de novo por não fazer piada de mim.
COMO Castello del Nero, Toscana, Itália
O primeiro resort europeu do grupo COMO preencheu uma ambição importante da fundadora do grupo de hotéis de luxo Christina Ong, que tem uma forte fidelidade à Itália e que já se hospedou em uma antiga encarnação do Castello del Nero no início dos anos 2000. Agora, o histórico terreno de 740 acres tem um hotel com 50 quartos e suítes, muitos dos quais têm vistas do interior da Toscana. Os afrescos históricos das paredes do castelo e os tetos arqueados continuam intocados, enquanto a designer de interiores Paola Navone de Milão deu ao local uma estética moderna e leve do COMO. O resultado, como disse uma das minhas companhias de viagem, é igual a visitar uma “casa chique de tia”.
Grå Gåsen, Gotland, Suécia
A ilha de Gotland, no Mar Báltico, tem sido um importante ponto de férias de verão para os suecos – pergunte aos locais sobre a semana 29 – e agora está promovendo fortemente sua sustentabilidade, bem como sua excelente comida e design premiado. Em uma ilha com pequenos hotéis independentes, Grå Gåsen se destaca por seus 12 quartos decorados individualmente e um refeitório charmoso em um celeiro que remonta aos anos 1750. No restaurante, eles trazem diferentes chefes top todo verão para criar um menu com comida de elevado nível.
Hotel Neri, Barcelona, Espanha
Há muitas novidades e atrações únicas próximas ao Hotel Neri: o primeiro hotel boutique no bairro gótico e o único na cidade a pertencer à associação de hotéis de luxo Relais & Châteaux. Seu designer original foi um pioneiro do maximalismo hoteleiro. Pode parecer muito para fazer jus ao seu nome, mas esse hotel familiar, com 22 quartos, mais do que atinge o sucesso.
Seu design, com paredes de um palácio do século 12 e uma estrutura relativamente moderna do século 18, é esplendoroso. O serviço é descontraído, mas perfeito, o café da manhã é saboroso e o ambiente é uma mescla sedutora entre o antigo e o contemporâneo. Os quartos deluxe dão pontos extra para o hotel por terem terraços com banheiras externas ou chuveiros – mesmo no meio da cidade de Barcelona.
The Oberoi, Marrakech, Marrocos
No que diz respeito a hotéis de luxo, acredito que mais é melhor. O hotel The Oberoi Marrakech é um excelente exemplo disso. O resort, localizado nos desertos dos arredores da Cidade Vermelha, como Marrakech é conhecida, a aproximadamente 30 minutos do centro, é uma gloriosa relíquia da habilidade marroquina e do design arábico, com um prédio principal baseado na construção Médersa Ben Youssef do século 14 – azulejos coloridos e intrigantes talhas. Ele está localizado em um pomar de 28 acres com cheirosas árvores cítricas e vinhas de oliva que têm séculos de idade. Os 84 quartos são enormes, com o menor deles medindo mais de 70 metros quadrados, e luxuosos, todos com terraços privados e muitos com piscinas privativas.
The Omnia, Zermatt, Suíça
Quando você chega à cidade de Zermatt, é difícil não notar o Omnia na paisagem. O hotel está acima de tudo, bem no pico de uma rocha. A entrada é por um túnel que passa por uma montanha, e um elevador completa a jornada à instalação. Os seus donos são experts em design por serem os fundadores da empresa de móveis USM Haller. Esse mobiliário é usado por todo o hotel junto de peças de notáveis designers europeus que influenciaram bastante o setor nos Estados Unidos. Alguns deles são Mies van der Rohe, Vladimir Kagan e Eero Saarinen.
“A ideia era construir uma cabana na montanha de estilo norte-americano junto de elementos europeus”, de acordo com as palavras do seu diretor-administrativo Christian Eckert. “Há lounges e lareiras que estimulam os hóspedes a se unirem, bem como longas mesas no restaurante onde cada prato do menu é completamente vegano, com a proteína animal sendo uma adição opcional”, ele completa, destacando o espírito de comunidade do estabelecimento.
Pollicastro, Lecce, Itália
No coração da cidade mais sexy da região sul de Puglia, o relativamente novo estabelecimento Pollicastro é um daqueles exclusivos hotéis italianos cujo estilo traz a história à tona. Um empreendimento familiar de uma família de artistas e artesãos, o hotel de 12 quartos fica em um palácio do século 16, decorado por pedras e metais rústicos, artes e mobiliário contemporâneos e um glamuroso rooftop que tem vistas esplêndidas da antiga cidade. Pelo local ser mais um bed & breakfast do que um hotel, há um café da manhã espetacular com uma seleção de menus de degustação que levam seus hóspedes pelas saborosas e doces iguarias gastronômicas da região.
Sextantio Grotte della Civita, Matera, Itália
Um dos meus tipos favoritos de acomodação na Itália é o “albergo diffuso”, no qual uma vila que seria abandonada tem uma segunda chance como um hotel em um formato de vila. Quando você volta a valorizar o conforto e para de assumir que todas as amenidades do hotel magicamente aparecem por lá, os pontos positivos da hospitalidade se tornam aparentes. Isso vai a outro nível no projeto Sextantio na cidade de Materia, uma vila na região de Basilicata, no sul da Itália, que foi nomeada pela Unesco como um patrimônio mundial por suas centenas de cavernas, muitas das quais foram usadas como moradias até o século 20.
O hotel tem uma história extensa, mas é parte do renascimento do local na forma de 18 quartos nos quais as cavernas trazem uma atmosfera romântica e têm chuveiros quentes, camas confortáveis e aquecimento no piso.
Vidago Palace, Portugal
Há um século, este resort de águas termais no norte de Portugal era um imã da alta sociedade europeia, sendo um hotel conhecido por suas festas grandiosas, por seus elementos luxuosos e seus jardins. Entretanto, ficou abandonado quando as pessoas descobriram as praias e que resorts termais não eram mais a moda. Em 201o, o local voltou a ficar em alta após uma espetacular restauração que durou quatro anos.
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Por dentro, seu estilo esbanja o glamour da Belle Époque, com muitos dos detalhes do local preservados da sua versão original. Eles incluem materiais nobres e mobílias personalizadas, bem como uma nova seleção de lindos tecidos, papéis de parede de seda, dramático paisagismo e iluminação contemporânea. O restaurante, localizado no antigo salão de baile do palácio, é comandado por Vitor Matos, chef premiado com uma estrela Michelin.
Villa René Lalique, Alsácia, França
Por cem anos, Lalique foi admirada por suas exclusivas jóias, perfumes e coleções de itens de cristal e de vidro. O que pouco se sabe é que a Maison Lalique é também uma jóia em relação à hospitalidade. Isso pode ser visto no seu hotel mais famoso, a Villa René Lalique, que foi construída pelo seu fundador em 1920 como uma casa de família perto de sua fábrica. Após uma recente e luxuosa renovação, o local reabriu como um hotel de seis suítes e foi rapidamente incluído na associação de hotéis de luxo Relais & Château, além de premiado com duas estrelas Michelin.
Não há como esquecer que você está na casa de Lalique. O design foi feito com um comprometimento impecável a tal história – há cristais e vidros estilizados em todo lugar. Nas mãos de um designer com menos talento, a decoração poderia ter ficado brega ou excessiva, mas neste hotel tudo funcionou lindamente. É uma perfeita expressão da famosa frase de René Lalique: “Melhor buscar a beleza do que esbanjar luxo”.