Para o mercado e os amantes da música eletrônica, Lukas Ruiz, de 29 anos, conhecido como Vintage Culture, é um fenômeno de sucesso internacional. Nascido no Paraguai e com a infância vivida em Mundo Novo (MS), o Under 30 da Forbes em 2017 hoje lota pistas badaladíssimas em turnês que vão de Ibiza a Las Vegas. Paralelamente, ele costuma lançar uma música atrás da outra e compartilhar setlists na internet que viram referências de repertórios para DJs para eventos do mundo todo.
“Meu foco sempre serão as grandes canções”, resume o DJ que comandou as picapes da Forbes X Party, no Palácio Tangará, em novembro do ano passado. “Por baixo da produção, devem existir melodia e letra fortes.” Uma história de vida bem diferente do sonho de infância: Lukas queria ser piloto de colheitadeira, como o pai.
Após uma turnê bem-sucedida pelos Estados Unidos, emplacou recentemente não só o primeiro, como também o segundo lugar na lista de TOP 10 tracks mais vendidas no Beatport, uma plataforma de compra e streaming de músicas online, especializada em dance music. O lançamento Drinkee, com John Summit e Sofi Tukker, está no topo da lista, seguido pela música Free.
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Para completar, ele foi eleito o 11º DJ na lista dos 100 melhores de 2022, segundo a publicação DJ Mag, em uma respeitada premiação do mercado fonográfico internacional. Na pesquisa deste ano, foram contabilizados 1,3 milhão de votos. “Entre os territórios menores que participaram, recebe mos votos da Micronésia, Ilha de Man, Palau, Malvinas e até um voto da Cidade do Vaticano, demonstrando um alcance global.”
De fato, sua disposição para o trabalho parece sem fronteiras e ilimitada. Em novembro, em uma boate de Búzios (RJ), ele fez um show que durou insanas 24 horas. “O palco é o meu lugar favorito no mundo. No palco, sou totalmente eu mesmo.”
Entre sets e festas, Vintage Culture coordena empreitadas ambiciosas em negócios da noite – e promete muitas surpresas para 2023, incluindo colaborações com lendas da música que o inspiraram e artistas talentosos em ascensão. A seguir, os melhores trechos da entrevista com Lukas.
FORBES – Vintage Culture é um fenômeno: um dos DJs mais bem pagos do país. O que esse sucesso significa para você?
Lukas Ruiz – Esse sucesso não apareceu da noite para o dia ou aconteceu apenas por sorte. Foi resultado de um trabalho árduo por mais de 10 anos. E, mesmo depois do meu sucesso no Brasil, foi como começar tudo de novo para desbravar os mercados internacionais. Temos que perseverar para alcançar nossos objetivos na vida e nunca desistir. Recomendaria aos produtores musicais que estão começando a definir metas de curto prazo e trabalhar para alcançá-las passo a passo, como subir uma escada. Minha equipe e eu nos concentramos em um país por vez. Assim, mapeamos o mercado internacional de grandes festas até eu conseguir me estabelecer em diferentes lugares. Minha terra natal é o Brasil, depois vem a Europa continental, seguida pelo Reino Unido e, finalmente, a América do Norte. Foi um plano estratégico iniciado em 2016.
Quais são os maiores desafios para atingir o sucesso internacional a ponto de lotar casas de shows, clubes e estádios de futebol com sua música?
O maior desafio em atingir esses objetivos finais é manter a fé e a crença em si mesmo. Em qualquer profissão, sobretudo nas artes, existem muitas decepções. Aparecem pessoas pelo caminho que te desencorajam. Nem todo mundo vai acreditar no seu trabalho, então, você deve acreditar em si mesmo. Por muitos anos, mesmo depois de eu ser atração principal de festivais no Brasil, os gerentes de A&R das gravadoras de Londres ou Los Angeles nunca nem tinham ouvido o nome Vintage Culture. Tenho muito orgulho do trabalho que eu e minha equipe realizamos ao longo desses anos tenha alcançado os objetivos que definimos para a Vintage Culture. E ainda temos um longo caminho a percorrer.
“O palco é o meu lugar favorito no mundo. No palco, sou totalmente eu mesmo.”
Qual a importância de integrar os rankings de música eletrônica internacionais como o da DJ Magazine?
O que me deixa mais feliz em alcançar essas altas classificações na DJ Magazine é que são os fãs quem votam. Esses rankings são conduzidos pelo público – os amantes da música na cena da dança eletrônica. Em partes específicas do mundo, esses rankings têm um impacto. Na Ásia, por exemplo, os rankings notificam locações e promotores sobre quais artistas estão tendo sucesso internacional. Como resultado, esses promotores podem dar aos artistas da lista a oportunidade de se apresentar em um novo mercado na Tailândia, Indonésia ou China, por exemplo. É possível que essas colocações positivas tragam novas oportunidades.
Pode falar um pouco sobre seu novo festival? Quais são os próximos passos nesse sentido?
Meu novo festival é um sonho que sempre tive: comandar um evento festival autoral, no qual me apresento do começo ao fim. A concepção do evento prevê três palcos. Tocarei em cada um deles, mas não posso dar muitos detalhes, porque teremos grandes surpresas. Já o meu outro festival, Só Track Boa, continua em 2023 e teremos pela primeira vez um cruzeiro do festival, e as demais edições nos estádios das principais capitais. Em São Paulo, será em Interlagos. O Só Track Boa é um festival que promove a união do público dos artistas. Na última edição em São Paulo, tivemos um recorde de público de 40 mil pessoas.
Quanto ao seu lado empresarial, você investe bastante em negócios paralelos à música, como a moda, por exemplo. Como se deu essa expansão do seu lifestyle para outros produtos?
Essas expansões para outras áreas, como linhas de roupa, festivais de música ou uma gravadora, são todas progressões naturais e orgânicas. Antes de mais nada, essas áreas artísticas giram em torno da minha música. A linha de roupa é voltada para o público que frequenta meus shows. Esses fãs são minha inspiração. Encontro ideias de estilos e de moda de todo mundo. Entrelaço essas ideias em uma coleção para meus fãs. Um estilo único, todo nosso. Então, Só Track Boa, o festival de música, se transformou em uma celebração da unidade. É aqui que o público que me acompanha há anos se encontra com novos fãs. Nós ficamos amigos e todos temos uma coisa em comum: amamos a mesma música, e essa música nos faz sentir vivos. Podemos esquecer nossas diferenças e nossas preocupações. Podemos nos concentrar no que temos em comum e fazer uma pausa na vida cotidiana.
Pensando na infância que teve no interior, qual foi sua maior conquista?
Começar com uma origem humilde, em uma cidade pequena, e ter meu trabalho reconhecido e apreciado no mundo inteiro é algo de que tenho muito orgulho. Isso é algo que valorizo. Cada pequeno sucesso e cada grande sucesso são especiais para mim. Aprecio cada minuto, pois trabalhei todos os dias para conseguir isso. Também tenho orgulho de manter os amigos e a mesma equipe profissional desde o início. Minha equipe é muito leal a mim, e sou leal a eles. Nós temos um círculo de confiança muito próximo. Me mantive perto da minha família e eles apoiam cada movimento que faço. Com essa rede de apoio, me sinto confiante para me desafiar e colocar novas ideias no mundo. O que você está testemunhando é apenas o começo para o Vintage Culture. 2023 será um ano cheio de surpresas, prometo.
*Entrevista publicada na edição 104, lançada em janeiro de 2023