Uma das notícias que mais repercutiram nesta terça-feira (19) foi o desaparecimento do submarino que fazia visitas turísticas para ver destroços do Titanic, na costa sudeste do Canadá. A empresa responsável pelo passeio é a OceanGate Expeditions, que leva pessoas até o local do naufrágio em suas expedições de oito dias, a 3.800 metros de profundidade. São cinco passageiros por passeio – o piloto, três convidados pagantes e um “especialista em conteúdo” –, a um custo de US$ 250 mil (R$ 1,1 milhão) por pessoa.
Mesmo 111 anos depois do maior naufrágio da história, que tirou 1.522 vidas entre os 2.208 passageiros a bordo do navio “infundável”, a história do Titanic segue mais viva do que nunca. Dezenas de museus pelo mundo exibem artefatos recuperados do fundo do oceano, mais de 70 peças audiovisuais – entre filmes, documentários e séries – já foram produzidas sobre a tragédia e milhões de dólares, tempo e esforço intelectual (e tecnológico) foram despendidos para estudar o cemitério de metal no fundo do Atlântico, a 4.000 metros abaixo do mar.
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Mas por que essa tragédia específica desperta tanto interesse entre curiosos e estudiosos?
Uma das hipóteses é a incredulidade em torno do acidente com o iceberg. Além de ser o maior transatlântico da época, o Titanic foi vendido como um navio tão resistente e majestoso que jamais poderia afundar. Em sua viagem inaugural, com nomes famosos e algumas das pessoas mais ricas do mundo a bordo, ele bateu sozinho em uma massa de gelo no meio do Atlântico Norte. A ironia é tanta que Don Lynch, historiador oficial da Titanic Historical Society, descreveu o episódio quase como inacreditável ao Reader’s Digest: “As pessoas são fascinadas pelo Titanic hoje pelas mesmas razões que sempre foram. Se fosse escrito como ficção, ninguém acreditaria que poderia ter realmente acontecido”.
Para James Cameron, diretor do filme que retrata o naufrágio do ponto de vista do romance em alto mar – e uma das maiores bilheterias de todos os tempos –, o fascínio também tem a ver com um certo tipo de frustração. “O desastre do Titanic foi o rompimento de uma bolha. Na primeira década do século 20, a sensação era de encantamento. Elevadores! Automóveis! Aeroplanos! Rádio sem fio! Tudo parecia assombroso. E aí tudo desabou”, afirmou o cineasta.
Veja 4 números que ajudam a entender o fascínio popular pelo Titanic até hoje
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Getty Images 2h40
Esse foi o tempo que demorou para o transatlântico afundar por completo. O fim trágico e quase tão longo quanto o filme de Cameron deu brecha para acontecimentos que são contados até hoje: a embarcação toda iluminada naufragava enquanto milhares de pessoas tentavam se salvar em botes salva-vidas, dados com prioridade para mulheres e crianças da alta sociedade. As distinções de classe do Titanic se mantiveram até o fim, assim como a música tocada pela banda do navio. Os livros de história também contam que o capitão Edward J. Smith, que fazia sua última viagem antes de se aposentar, ficou em seu posto e decidiu heroicamente afundar com o navio – apesar da carta de uma das sobreviventes, revelada em 2012, contar uma outra versão: de que ele estava bebendo no salão do bar do Titanic na noite da colisão. “Ele deu ordem a outra pessoa para olhar o navio. Foi culpa do capitão”, escreveu Emily Richards, na época.
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Getty Images US$ 2,5 bilhões
Era o tamanho da fortuna estimada, atualizada na cotação atual, do homem mais rico a bordo do Titanic (e dos mais ricos do mundo na época): John Jacob Astor IV, empresário norte-americano cuja família era dona do Astoria Hotel, em Nova York. Ele estava voltando para a América junto com sua esposa grávida, depois de uma lua de mel na Europa. Outros milionários notáveis que ocupavam a primeira classe do transatlântico eram Isidor Straus, cofundador da loja de departamentos Macy’s, e o herdeiro de mineração Benjamin Guggenheim.
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Artnet/Reprodução 5.500
Artefatos foram recuperados do Titanic desde que ele foi descoberto no fundo do oceano, em 1985. Entre os objetos, estão joias, esculturas, pedras preciosas como diamantes e obras de arte. O mais caro a afundar (e que não foi recuperado) foi um quadro enorme do pintor neoclássico francês Merry-Joseph Blondel, avaliado em US$ 3 milhões. A obra do século 19, chamada “La Circassienne au Bain”, pertencia ao empresário sueco Mauritz Håkan Björnström-Steffansson. Sobrevivente do naufrágio, ele pediu o maior valor de seguro pelo quadro: US$ 100 mil em valores da época.
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Reprodução 14 de Maio de 1912
Essa foi a data, exatamente um mês após a tragédia, que o primeiro filme sobre o acontecimento foi lançado. O filme mudo “Saved from the Titanic” foi estrelado pela atriz Dorothy Gibson, que realmente sobreviveu ao naufrágio na vida real. Ela até usou as mesmas roupas que estava usando na noite. Apesar de “Titanic”, de James Cameron, ser o mais famoso de todos, mais de 70 produções audiovisuais já foram realizadas sobre o transatlântico, entre filmes, séries e documentários.
2h40
Esse foi o tempo que demorou para o transatlântico afundar por completo. O fim trágico e quase tão longo quanto o filme de Cameron deu brecha para acontecimentos que são contados até hoje: a embarcação toda iluminada naufragava enquanto milhares de pessoas tentavam se salvar em botes salva-vidas, dados com prioridade para mulheres e crianças da alta sociedade. As distinções de classe do Titanic se mantiveram até o fim, assim como a música tocada pela banda do navio. Os livros de história também contam que o capitão Edward J. Smith, que fazia sua última viagem antes de se aposentar, ficou em seu posto e decidiu heroicamente afundar com o navio – apesar da carta de uma das sobreviventes, revelada em 2012, contar uma outra versão: de que ele estava bebendo no salão do bar do Titanic na noite da colisão. “Ele deu ordem a outra pessoa para olhar o navio. Foi culpa do capitão”, escreveu Emily Richards, na época.