A América Latina passa por uma revolução canábica. Com o aumento da conscientização sobre o potencial da planta para saúde e economia, a narrativa tem mudado a ponto de impulsionar uma transformação não apenas comportamental, mas também em segmentos como a indústria musical.
Gêneros como cumbia 420 e trap – impulsionados por artistas que apoiam a planta – estão em ascensão, desempenhando um papel fundamental em tirar o estigma existente em torno do seu uso. Nesse contexto, um número crescente de artistas latinos está se tornando participante ativo dessa revolução, expressando suas opiniões sobre a erva e seus benefícios por meio de letras, entrevistas e mídias sociais.
Anitta já expressou seu apoio à legalização da cannabis de forma ampla, criticando a guerra às drogas e defendendo a tributação das empresas de cannabis. “Proibir as drogas não impede as pessoas de usá-las”, afirmou a cantora brasileira. Esse sentimento ressoou com Alemán, um renomado rapper mexicano, que, em uma entrevista à Forbes, destacou as virtudes medicinais da cannabis e sua capacidade de gerar crescimento econômico e oportunidades de emprego.
O artista porto-riquenho Ozuna também faz coro: ele tem defendido o uso da cannabis medicinal, enfatizando seu potencial para melhorar a saúde e proporcionar alívio para pessoas que lutam contra câncer e dor reumática, por exemplo. Da mesma forma, o rapper venezuelano Akapellah desafiou abertamente o estigma em torno do uso da erva, defendendo sua legalização e elogiando suas aplicações medicinais, terapêuticas e recreativas.
Marcelo D2, outro músico proeminente e defensor de longa data da cannabis, vê a legalização como um meio de corrigir um erro histórico, referindo-se especificamente à guerra às drogas. Da mesma forma, a música argentina La Valenti, sobrevivente de câncer, chamou a cannabis de “salva-vidas”, mitigando os efeitos colaterais debilitantes de seus tratamentos de quimioterapia.
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Como podemos ver nessa diversidade de vozes, os músicos latinos não apenas ecoam, mas moldam a conversa sobre a cannabis, refletindo seu papel multifacetado na saúde, economia, cultura e estilo de vida.
E o potencial do mercado de cannabis na América Latina é enorme, embora as vendas atuais ainda sejam relativamente modestas. Porto Rico, por exemplo, lidera com impressionantes US$ 250 milhões em vendas anuais estimadas de cannabis medicinal, superando em muito as vendas no Brasil – foram cerca de US$ 37,1 milhões em 2022, de acordo com a consultora pioneira do mercado de cannabis Prohibition Partners. Apesar de ter uma população 65 vezes menor, as vendas porto-riquenhas são mais de seis vezes maiores que as brasileiras.
Outros mercados, incluindo Argentina, Chile e Colômbia, também estão atrás. No entanto, o futuro é promissor: as vendas em toda a região latino-americana devem aumentar quase cinco vezes até 2026, chegando a mais de US$ 404 milhões.
Antecipando o boom do mercado, uma variedade notável de músicos latinos não apenas defendem a cannabis, mas também estão se aventurando nos negócios com a erva.
Veja a seguir 9 músicos latinos que têm suas próprias marcas de cannabis:
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Divulgação Marcelo D2
Nascido no bairro carioca de São Cristóvão e morador de Madureira, Marcelo Maldonado Peixoto, mais conhecido como Marcelo D2, não é apenas um músico que criou uma das bandas de rap rock mais influentes do Brasil, mas também é conhecido como um dos “usuários mais famosos de cannabis” do país. Em 1997, ele foi preso por “promover o uso de drogas”, mas essa acusação não se sustentou. Hoje, D2 é uma voz significativa para milhares de entusiastas da cannabis em solo nacional.
A conexão do cantor com a cannabis é profunda e duradoura. Mas com o lançamento recente de sua linha de produtos à base de cannabis, D2 deu outro passo audacioso nessa jornada: colaborando com a empresa paraguaia Koba, o rapper introduziu três óleos de CBD, formulados a partir do extrato completo da planta. Todos os óleos são recomendados para fins medicinais, no auxílio de tratamento de transtornos como ansiedade, insônia e estresse. No Brasil, é preciso de prescrição médica para adquirir o produto.
Essa empreitada não apenas consolida D2 como um empresário líder na indústria, mas também o torna o primeiro artista no Brasil a lançar uma linha de produtos de cannabis com seu nome.
Além dos óleos de CBD, ele também apresentou o “Universo D2” no início deste ano. Este mercado busca preencher a lacuna entre a população em geral e o mundo em crescimento da cannabis no país, fornecendo uma plataforma para mostrar diversos produtos, serviços, notícias e eventos relacionados à indústria – inclusive itens de moda, como camisetas, bonés e bolsas, feitas de cânhamo. A visão de Marcelo para o Universo D2 é cristalina: ele o enxerga como um hub que agrega valor de marca e ideias inovadoras.
Testemunha das ramificações da proibição da erva em primeira mão antes de se destacar com o grupo musical Planet Hemp, Marcelo acredita que a legalização da maconha deve primeiro abordar as injustiças históricas. O rapper enfatiza a necessidade de reparação, destacando o precedente estabelecido por regiões como o estado norte-americano do Colorado, que prioriza aqueles que sofreram – especialmente com prisões indevidas ou penas severas – devido a leis rigorosas de drogas.
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Divulgação Akapellah
Renomado por sua influência notável na cena de hip-hop latino, Akapellah transcendeu as fronteiras com sua música, que junta a cultura latina com temas universais do hip-hop. Proveniente de Maracay, na Venezuela, o artista faz letras carregadas de críticas sociais e sabedoria de rua, em um verdadeiro testemunho da cena urbana da região.
Mas além de sua próspera carreira musical, Akapellah se destacou na indústria da cannabis, criando sua própria linha de sementes – um empreendimento impulsionado por sua paixão fervorosa pela erva e suas características genéticas. Comprometido em atender às preferências de seus fãs e outros entusiastas da cannabis, ele meticulosamente desenvolveu uma cepa que mistura benefícios medicinais com uma experiência intensamente tranquilizante.
A cepa, chamada O.B.G. Kush, é uma variedade projetada especificamente para induzir o relaxamento e auxiliar o sono, com potencial solução para insônia e distúrbios musculares. Rica em CBD, ela é descrita como “altamente” medicinal, mas também pode ser ideal para quem deseja relaxar.
Expandindo seu crescente portfólio no universo da erva, Akapellah também lançou recentemente nos EUA sua marca de cigarros de cannabis pré-enrolados, a “Los Porros de Don Pedro”.
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Divulgação Original Juan
Com uma abordagem única ao hip-hop old-school, o artista dominicano Original Juan desafiou os limites do rap, com uma música que equilibra elegantemente sons tradicionais e modernos.
Agora, ao explorar caminhos além da indústria da música, o rapper expandiu seu alcance criativo ao lançar a “Green Tiger”, sua própria cepa de cannabis exclusiva. Desenvolvida em parceria com a BSF Seeds, ela incorpora o caráter único de Original Juan: tem rendimentos impressionantes em um período notavelmente curto, é resistente a climas severos e até a fungos. No sensorial, combina sabores doces e frutados.
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Divulgação Connie Isla
Connie Isla, uma artista versátil da Argentina, conquista corações com sua fusão harmoniosa de pop, folk, tango e ritmos latinos. Vocais poderosos e letras provocadoras, que mesclam arte e ativismo, a fizeram uma voz ativa pela conscientização ambiental, indicando o início de uma nova era na música latina.
Acrescentando mais um elemento à sua carreira, Connie lançou uma linha de cosméticos naturais com CBD, a NEM, desenvolvida em colaboração com a Future Farm Hemp Argentina. A linha inovadora de skincare aproveita os benefícios do príncipio medicinal da erva com o objetivo de revolucionar a indústria global de cosméticos. Ao todo são três produtos, que usam as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias do CBD para ajudar a tratar de problemas como ressecamento e danos causados por radicais livres.
Mantendo-se fiel aos ideais éticos de Connie, a marca também se compromete a doar 5% de cada venda de produto NEM para a Cascos Verdes, uma ONG que promove a inclusão de indivíduos com capacidades intelectuais diversas.
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Divulgação Nitro
Rapper freestyle do Chile, Nitro se solidificou nos últimos tempos como um dos talentos emergentes do hip-hop latino-americano por sua habilidade de criar versos improvisados.
Aventurando-se em uma nova área, o artista lançou sua própria cepa de cannabis, a “Nitro Haze Femnized”, também desenvolvida pela BSF Seeds. O híbrido, resultado do cruzamento entre os tipos Lebron Haze e Black Dómina 98 da erva, pode atingir um teor de THC de até 21%.
O rapper até sugere que sua cepa poderia servir como uma solução potencial para aqueles que lidam com problemas de apetite ou dores crônicas.
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Divulgação L-Gante
Força inovadora na cena musical argentina, o artista L-Gante se estabeleceu como um pioneiro, quebrando barreiras com sua fusão de cumbia, reggaeton e trap (e maconha), apelidada de Cumbia 420.
Fiel à sua reputação de inovação, L-Gante lançou no final do ano passado a sua linha de sementes de cannabis, em colaboração com a Champions Seeds. A nova empreitada apresentou duas cepas de sementes feminizadas: uma sativa, Mafilia, e outra indica, Cumbia 420.
Conhecido como um ardente embaixador da cultura da cannabis, a música e o discurso público do músico defendem orgulhosamente o uso recreativo da maconha, além de promover as propriedades medicinais da cannabis. Sem se deixar abalar pelas críticas decorrentes de seu consumo público da erva, L-Gante está dedicado a aprender e disseminar informações precisas sobre seu uso: “Sou jovem e quero aprender, precisamos nos educar para disseminar a palavra.”
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Divulgação Homer El Mero Mero
A cena da música latina urbana da Argentina encontrou outra estrela ascendente em Homer El Mero Mero, famoso por sua mistura única de ritmo e narrativa. Suas colaborações, como “Titubeo”, com L-Gante, destacam seu estilo musical exclusivo.
Durante suas viagens por Barcelona, Madri e Amsterdã em busca da cepa de cannabis ideal, Homer inicialmente acreditava que nunca encontraria o cultivar perfeito. No entanto, em Barcelona, um encontro com um representante da Seedstockers levou a uma revelação: o artista reconheceu a necessidade de desenvolver a sua própria cepa de cannabis.
O resultado é a La Rucu Cucu, concretizada em fevereiro de 2022. A revelação da cepa em um teatro na Argentina para uma plateia lotada foi recebida com aplausos estrondosos e entusiasmo palpável. Inspirado por esse sucesso, Homer começou a explorar a possibilidade de criar outra cepa, um testemunho de sua paixão pela erva.
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Divulgação -
Divulgação The La Planta
A banda uruguaia The La Planta ganhou reconhecimento significativo ao longo do tempo, com um som que combina reggae, pop e rock. Ao todo, seu amplo repertório musical abrange cerca de 50 músicas, que consistentemente alcançaram o topo das paradas musicais locais.
Mas para além de suas realizações musicais, a banda expandiu sua influência na esfera da cannabis. Eles lançaram sua própria linha de produtos da erva, apresentando a cepa exclusiva “A 420 Indica”, cultivada em parceria com a Gold Roach, que busca refletir a música, a vibe e a conexão da banda com a cannabis. A abordagem inovadora incorpora as letras da em cada embalagem.
Marcelo D2
Nascido no bairro carioca de São Cristóvão e morador de Madureira, Marcelo Maldonado Peixoto, mais conhecido como Marcelo D2, não é apenas um músico que criou uma das bandas de rap rock mais influentes do Brasil, mas também é conhecido como um dos “usuários mais famosos de cannabis” do país. Em 1997, ele foi preso por “promover o uso de drogas”, mas essa acusação não se sustentou. Hoje, D2 é uma voz significativa para milhares de entusiastas da cannabis em solo nacional.
A conexão do cantor com a cannabis é profunda e duradoura. Mas com o lançamento recente de sua linha de produtos à base de cannabis, D2 deu outro passo audacioso nessa jornada: colaborando com a empresa paraguaia Koba, o rapper introduziu três óleos de CBD, formulados a partir do extrato completo da planta. Todos os óleos são recomendados para fins medicinais, no auxílio de tratamento de transtornos como ansiedade, insônia e estresse. No Brasil, é preciso de prescrição médica para adquirir o produto.
Essa empreitada não apenas consolida D2 como um empresário líder na indústria, mas também o torna o primeiro artista no Brasil a lançar uma linha de produtos de cannabis com seu nome.
Além dos óleos de CBD, ele também apresentou o “Universo D2” no início deste ano. Este mercado busca preencher a lacuna entre a população em geral e o mundo em crescimento da cannabis no país, fornecendo uma plataforma para mostrar diversos produtos, serviços, notícias e eventos relacionados à indústria – inclusive itens de moda, como camisetas, bonés e bolsas, feitas de cânhamo. A visão de Marcelo para o Universo D2 é cristalina: ele o enxerga como um hub que agrega valor de marca e ideias inovadoras.
Testemunha das ramificações da proibição da erva em primeira mão antes de se destacar com o grupo musical Planet Hemp, Marcelo acredita que a legalização da maconha deve primeiro abordar as injustiças históricas. O rapper enfatiza a necessidade de reparação, destacando o precedente estabelecido por regiões como o estado norte-americano do Colorado, que prioriza aqueles que sofreram – especialmente com prisões indevidas ou penas severas – devido a leis rigorosas de drogas.
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