Colarinhos brancos podem ser um elemento básico no guarda-roupas de um cavalheiro, mas não são normalmente encontrados na casa de banho de um hotel. No entanto, encontram-se aqui, no The Fifth Avenue Hotel, inaugurado em outubro no bairro NoMad, em Nova Iorque. E faz sentido: a mansão original do século 19, remodelada como um palácio renascentista em 1907, foi outrora um local de eventos da sociedade durante os Anos Dourados e é fácil imaginar um convidado da primeira proprietária, a famosa anfitriã Charlotte Goodridge, pedindo ao seu criado que o ajudasse com o colarinho antes de ir à ópera. A partir deste mês, o hotel voltará a ser parecido com uma residência, e muito luxuosa, com o lançamento do Your Mansion at The Fifth Avenue Hotel, uma experiência de três noites no imóvel histórico.
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“Isso deve ser voltado para festas de casamento prolongadas, aniversários importantes, celebrações e reuniões familiares”, explica Elizabeth Mullins, a diretora-geral do programa. “E queremos que seja algo totalmente personalizado e único.” O convite inclui 21 suítes, que podem acomodar 44 pessoas, um salão de baile adaptado para refeições, entretenimento, filmes, jogos ou qualquer atividade que seja solicitada, o serviço de mordomo 24 horas, um concierge para coordenar todas as atividades, transfer para o aeroporto, uma frota de automóveis para transportar os hóspedes pela cidade, um fotógrafo exclusivo para captar momentos especiais, um mixologista privado, várias refeições como café da manhã, chá da tarde e coquetéis à noite e uma maratona de compras de US$ 100 mil (R$ 517 mil, na cotação atual) com um personal shopper na luxuosa loja de departamento Bergdorf Goodman, que fica na mesma avenida.
Dado o design opulento da mansão, contudo, não seria surpreendente se os hóspedes decidissem passar a maior parte do tempo sem sair do local. A partir do momento em que se entra, a sensação é de estar numa época anterior e mais graciosa, perfumada por uma fragrância de cassis, orris abs, madeira de cedro e flor de oliveira, criada exclusivamente para o hotel e denominada Eau de L’Aire (em homenagem ao poeta francês Charles Baudelaire, o santo padroeiro do hotel e inspiração para o nome da empresa proprietária, a Flâneur Hospitality – segundo a famosa descrição do autor, o flâneur seria um espectador apaixonado da vida moderna). No átrio, há paredes cobertas de espelhos antigos, pisos de mármore, janelas em arco, armários vintage cheios de artefatos que algum viajante experiente pode ter adquirido em outro canto do mundo, lustres daqueles em forma de globos antigos e uma vasta tapeçaria (com detalhes representando insetos, se olhar com atenção). O balcão da recepção é de madeira de bétula e mármore.
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O hotel está repleto de arte e o primeiro exemplo é a pintura Queen Mary, uma mulher sedutora que exibe várias chaves, após o hall: os hóspedes viram à direita numa passagem de madeira para entrar na mansão ou à esquerda para acessar uma moderna torre de 24 andares, na antiga casa de carruagens. No andar de cima, o design dos quartos, do Martin Brudnizki Design Studio, é peculiar, exuberante e muito, muito colorido. O mobiliário personalizado concebido pelo proprietário, Alex Ohebshalom, evoca intencionalmente pormenores do final do século 19 e influências estrangeiras: grandes candelabros de vidro murano com frutas de cristal; mesas de apoio que incorporam intrincados padrões de madrepérola; divisórias de quarto semelhantes a pórticos de jardins renascentistas; armários de bar lacados em vermelho, que fazem lembrar antiguidades chinesas, contêm pinturas douradas de dragões no interior das portas; os sofás em veludo são tão confortáveis, à moda antiga, que é uma exigência se afundar neles. E há cor por todo o lado: paredes rosa-salmão nos corredores, paredes verde-floresta com estuque esculpido à mão e detalhes em coroa nos quartos, candeeiros vermelhos e dourados, papel de parede com pinturas animais de uma imaginação febril em dourado, azul e verde nas casas de banho.
Os hóspedes também terão acesso ao bar que fica aberto à noite, à biblioteca privada e acolhedora, com livros que podem ser tirados das prateleiras para leitura, a um conservatório e um estúdio. O Café Carmellini, um dos restaurantes mais procurados da cidade, permanecerá acessível ao público externo, mas somente os hóspedes da Mansion poderão ocupar as mesas da varanda com vista para o piso principal. Uma vez que o chefe Andrew Carmellini supervisiona todos os serviços alimentares do hotel, mesmo que não estejam no café, é possível experimentar a sua requintada cozinha, em parte francesa e em parte italiana, que vai desde omeletes com queijo Comté envelhecido durante 24 meses e cogumelos selvagens no petit-déjeuner até os pratos Red Snapper Meunière, Tortellini de pato e Squab en Croute durante o jantar.
O custo deste idílio de três dias é US$ 950 mil (R$ 4,9 milhões). Uma experiência dos Anos Dourados a um preço dourado.
*Laurie Werner, colaboradora da Forbes EUA, cobre viagens e gastronomia de luxo há 20 anos.