Manu Gavassi sempre teve uma mente criativa, e exemplos não disso não faltam. Só se lembrar do marco que foi a artista no BBB20: a minissérie de vídeos gravados para o Instagram mudou para sempre a forma como participantes do reality se comunicam com o público externo, mesmo confinados. Logo depois, o curta-metragem “Deve ser horrível dormir sem mim” e o anúncio do álbum “Gracinha“, que deu ao público nove faixas inéditas e uma média-metragem vendida ao Disney+, galgaram o espaço que Manu precisava no mundo audiovisual.
Agora, a cantora multifacetada oficialmente transformou seu talento criativo em negócio, com o novo Estúdio Gracinha, aberto neste mês com o produtor Felipe Simas. A parceria é o resultado de uma relação consolidada ao longo de uma década, com sucesso na indústria fonográfica e audiovisual, evoluindo para uma sociedade.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
A produtora visa dar voz às próprias narrativas de Manu, seja como atriz, roteirista ou diretora, com liberdade criativa como valor central. O objetivo é trazer uma abordagem única no cenário audiovisual contemporâneo.
Eleita Under 30 em 2020, Manu já havia adiantado sobre o lançamento do estúdio em um episódio do podcast Forbes Talks. Entre os projetos que o estúdio já está trabalhando, um dos destaques é a biografia da Nara Leão: “Adquirimos os direitos da biografia, que fiquei atrás por três anos até conseguir”, comenta.
Manu Gavassi falou à Forbes sobre a novidade e sua nova fase de carreira. Confira a seguir:
Em que momento da sua carreira você percebeu sua veia diretora e roteirista?
Acho que começou de fato quando escrevi um livro (ainda muito nova e contando histórias da minha adolescência, mas mudando os nomes, risos) e queria adaptá-lo para filme. Um amigo (Matheus Souza, roteirista e diretor) me deu uma dica de que eu mesma seria capaz de fazer e pensei: “será mesmo?!”. Comecei a estudar roteiro sozinha. Fiz muitas experimentações de storytelling nos últimos cinco anos nos meus projetos musicais (desde “fotonovela” até curta-metragens para Disney Plus, passando por vários curta-metragens que priorizavam a história e nem a música em si) e hoje vejo que cada passo disso tinha um sentido maior, que apontava para um novo caminho. Sinto que desde sempre eu tive um jeito questionador. Pra mim, não era fácil só cumprir o meu papel, eu gostava de perguntar sempre o “porquê”, seja gravando em estúdio ou interpretando uma personagem. Ter a visão do todo era fundamental pro meu desempenho.
O que falta nos demais estúdios que o Gracinha vai oferecer?
Uma voz criativa que de fato tenha peso nas decisões e unifique todas as frentes daquele material. Nos Estados Unidos, as séries sempre tem um showrunner, alguém que vai cuidar para que aquele projeto faça sentido além da narrativa, conceitualmente. Aqui, essa figura não é muito comum. Eu quero cuidar da história para que ela seja de fato bem contada e isso envolve muita gente: a figura da direção e do roteiro estão falando a mesma língua? Figurino, beleza e arte estão acompanhando o que quer ser passado também? Vejo muitos projetos em que parece que isso não é levado em consideração e pra mim é parte fundamental de contar histórias.
Leia também:
- Forbes Talks: “Sempre tive o controle da minha narrativa”, diz Manu Gavassi
- Renata e Lilly Sarti: mulheres de sucesso há 18 anos
- “O que muda o jogo para as mulheres é o posicionamento”, diz fundadora do Todas Group
Qual a importância para você de não depender de um estúdio externo, agora que tem o seu próprio?
Eu percebi que, na falta de alguém que entendesse minha visão em determinado projeto, eu acabava fazendo sozinha com a minha pequena (porém incrível) equipe, destaque pro Felipe Simas, meu empresário e agora sócio. A gente se apaixona por cada desafio e mesmo as vezes sem saber onde estávamos nos metendo, pesquisamos, juntamos um time talentoso e executamos. Isso me mostrou que eu tinha essa capacidade e esse sonho. E que nossa parceria executando era de fato promissora.
Qual produção foi o ponto de virada da sua carreira, aquela que te despertou o desejo de ter um estúdio?
O meu álbum visual (média-metragem) GRACINHA, que vendi pra Disney Plus. Quando me vi sonhando, depois escrevendo, vendendo a ideia para executivos do mercado, executando em três meses e com um budget super limitado para imprimir toda a estética que precisávamos para a história, com tudo dando meio errado e depois tudo dando muito certo, acho que foi aí eu falei: “Eu tenho certeza que quero fazer isso para o resto da minha vida”. Por isso o nome do estúdio. E também por ser um nome feminino e quase pejorativo, acho que é levemente provocador em um mercado com tantos homens tomando as decisões sempre.
Qual projeto mais te empolga no momento?
Adquirimos os direitos da biografia da Nara Leão (“Ninguém pode com Nara Leão”, do Tom Cardoso), que fiquei atrás por três anos até conseguir. Já estava com outra pessoa, mas eu sempre soube no meu coração que contaria essa história. Fiquei louca por ela quando cavei mais a fundo a figura única e disruptiva que ela foi na música brasileira. Também temos os direitos de “Os Coadjuvantes”, de Clara Drummond, livro que minha irmã me mostrou e é uma sátira bem afiada sobre a elite das artes. Extremamente bem escrita e por vezes até difícil de digerir. Fico muito animada com a possibilidade de contar em formato de filme.
Qual seu objetivo com o Estúdio Gracinha?
Consigo resumir de maneira simples: ser feliz. E isso pra mim inclui levar histórias pensadas e lapidadas com muito carinho para as pessoas.