Há oito anos, Iude Richele nem imaginava que sua vida daria uma reviravolta da gastronomia à fotografia. Formado chef de cozinha na França, onde morou por sete anos, foi em 2015, de volta ao Brasil, que um cabo mudou a rota de sua carreira.
“Um diferencial que me ajudou muito a me destacar como fotógrafo foi um cabo específico para transferir fotos, que na época ninguém mais tinha. Isso me permitiu conectar com pessoas-chave que impulsionaram minha carreira”, conta o mineiro, que já fotografou nomes de peso como Rihanna, Kris Jenner, Anitta, Bruna Marquezine, J Balvin.
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Com o networking estabelecido e uma certa ousadia, Iude vem se destacando no mercado de eventos com sua abordagem inovadora. “Meu trabalho não é apenas sobre capturar imagens, mas envolve uma profunda estratégia de networking e uma compreensão apurada das nuances do mercado.”
Ele é o criador do conceito “fashion social”, que inspira muitos fotógrafos que usam suas fotos como referência. Sua trajetória no mercado é marcada por métodos inovadores, como o uso de iluminação LED e a fast foto (foto na hora), que lhe proporcionou um diferencial significativo.
Atualmente, Iude está focado na internacionalização de seu trabalho, com o objetivo de fotografar grandes eventos como o Met Gala e o Oscar. Seu olhar atento aos detalhes e sua capacidade de inovar o colocam em uma posição de destaque, e ele está determinado a mostrar que a fotografia vai muito além de um simples clique.
Confira nosso bate-papo na entrevista a seguir:
Iude, para começar conte sobre você.
Sou mineiro, tenho 33 anos e morei fora do Brasil por sete anos. Há oito anos, estou em São Paulo, dedicando-me totalmente à fotografia. Recentemente, tenho focado na internacionalização do meu trabalho, especialmente no conceito que denominei de “fashion social”. Muitos fotógrafos internacionais usam minhas fotos como referência, principalmente no mercado de eventos, onde consegui criar um diferencial significativo.
Mencionou sua origem e como começou na fotografia. Pode compartilhar mais detalhes?
Sou de Candeias, uma pequena cidade no interior de Minas Gerais. Nunca planejei ser fotógrafo porque não tinha referências na minha cidade, exceto o Denilson Foto Freire, que foi quem fez meus olhos brilharem pra fotografia. Morei em Paris por sete anos, onde estudei gastronomia e desenvolvi meu interesse pelas artes, especialmente fotografando comida. Paris foi um marco na minha vida – a primeira vez que viajei de avião, a transição para a vida adulta, tudo aconteceu lá. Aprendi francês sozinho, o que enriqueceu minhas experiências profissionais, especialmente na semana de moda.
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E como foi a transição para São Paulo?
Depois de anos em Paris, decidi voltar e morar em São Paulo, onde trabalhei com alimentação, tinha um site de personal chef e um food truck. Comecei a fotografar de forma orgânica. Um diferencial que me ajudou muito foi um cabo específico para transferir fotos, que ninguém mais tinha. Isso me permitiu me conectar com pessoas-chave que impulsionaram minha carreira.
Conta mais sobre sua abordagem particular para a fotografia de eventos.
Quando comecei a fotografar, ninguém fazia fotos da maneira que eu fazia. Eu entregava as fotos na hora e utilizava iluminação LED, algo inovador na época. Isso realmente destacou meu trabalho e ajudou a expandir minha presença no mercado. Agora, meu objetivo é levar essa abordagem para grandes eventos internacionais como o Met Gala e o Oscar.
Como você vê a fotografia dentro do contexto de negócios?
Minha ideia principal é que, no mundo dos negócios, especialmente na fotografia, nunca se trata apenas de tirar uma foto. Há muitos fatores envolvidos no meu trabalho. Networking é crucial, assim como as relações que você estabelece com todos os níveis de pessoas – desde celebridades, estilistas, maquiadores até toda a entourage. No francês, há um termo que usamos, “savoir faire”, que significa saber fazer. Não é apenas querer fazer, mas saber como fazer. Essa combinação de habilidades e conhecimentos é o que realmente faz a diferença.
Assim como em muitas carreiras, o networking desempenha um papel essencial na sua carreira como fotógrafo. Pode falar mais sobre isso?
Sem dúvida. O networking é a espinha dorsal do meu trabalho. Graças às conexões que fiz ao longo dos anos, tenho acesso a lugares e oportunidades que nunca imaginei. Cada interação, seja com uma celebridade ou um assistente de produção, contribui para a minha rede. Essa rede não só me ajuda a conseguir trabalhos, mas também a executá-los de forma diferenciada e eficiente, com um resultado esteticamente agradável.
Falando em resultados, mencionou diferentes estilos de fotografia. Como você define sua estética?
Sempre busquei uma estética muito clean, que é ao mesmo tempo comercial e sofisticada, que apelidei de “fashion social” . Existem vários estilos de fotografia – fashion, comercial, cool, entre outros. Cada um desses estilos exige uma abordagem diferente, e eu procuro adaptar minha técnica e visão para atender às necessidades específicas de cada projeto.
E olhando para o futuro, como vê a fotografia sendo moldada pela tecnologia?
O futuro da fotografia promete ser moldado por avanços tecnológicos e mudanças culturais. A inteligência artificial (IA) e a edição automatizada estão se tornando cada vez mais sofisticadas, com ferramentas como Adobe Photoshop, Lightroom e reconhecimento de imagens. A IA aprimora a capacidade de organizar e pesquisar grandes volumes de fotos, permitindo encontrar imagens específicas através de descrições de texto e consultas visuais. Câmeras de smartphones estão melhorando a qualidade das imagens, combinando exposições e aplicando algoritmos de processamento, permitindo novas formas de captura e técnicas avançadas de fotografia.
A tecnologia está realmente transformando a maneira como trabalhamos. Alguma consideração sobre a importância da estratégia em sua carreira?
A estratégia é fundamental em todas as decisões. Não saímos de casa só para tirar uma foto; precisamos observar o entorno, pensar em quem podemos atingir e planejar como queremos que as pessoas vejam nosso trabalho. Temos que refletir sobre nossos objetivos e perseguir nossos sonhos com determinação. A fotografia vai muito além de um simples clique – envolve planejamento, execução e, acima de tudo, paixão pelo que fazemos.
Quais são seus planos futuros?
Meu foco é continuar crescendo e destacando a importância do trabalho além das fotos. Estou empenhado em internacionalizar meu trabalho no próximo ano, buscando reconhecimento com pessoas estratégicas e de prestígio global. Acredito que há muito potencial para expandir e mostrar que a fotografia vai muito além de um simples clique, envolvendo planejamento, execução e um profundo entendimento do que se quer transmitir.