Durante uma expedição no início de agosto, um grupo de mergulhadores poloneses encontrou um naufrágio que poderia facilmente ter sido ignorado como um barco de pesca afundado. O sonar, um dispositivo usado para detectar naufrágios, não indicava que houvesse muito sob a superfície.
Ainda assim, alguns profissionais curiosos – Marek Cacaj e Pawel Truszynski – decidiram fazer um mergulho rápido para ver o que poderia estar escondido no fundo do Mar Báltico, nas águas entre a Suécia e a Polônia. Eles encontraram um tesouro de garrafas de champanhe do século 19, que estavam carregadas nos lados de um navio à vela bem preservado, a 58 metros de profundidade. Além das garrafas, também foi encontrado vinho, água mineral e porcelana, que poderiam ter pelo menos 170 anos de idade.
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“Havia tanta coisa que foi difícil para nós julgar as quantidades”, disse uma atualização registrada pela Associação Baltictech, um grupo de mergulhadores que promove o Mar Báltico como o lugar mais interessante para explorar naufrágios. “Certamente vimos mais de 100 garrafas de champanhe e cestos de água mineral em garrafas de barro.”
Segundo a pesquisa preliminar da associação, é possível que o navio estivesse a caminho da Rússia e carregado com mercadorias para o Czar Alexandre II. O champanhe pode ter sido produzido por Louis Roederer, uma renomada casa de champanhe de Reims, na França, fundada em 1776.
“Estamos em contato com o fabricante, e eles acabaram de confirmar que, em 1876, começaram a produzir champanhe especialmente para a corte do czar”, disseram os mergulhadores. “Esse champanhe precisava ser duas vezes mais doce que o padrão, porque essa era a expectativa da autoridade russa.”
Mais explorações estão planejadas, e as autoridades suecas terão que aprovar qualquer escavação do carregamento, mas a descoberta levanta a questão: “Será que o champanhe ainda estaria bebível?”. Fiz essa pergunta ao Master Sommelier Bobby Stuckey, fundador do Frasca Hospitality Group, vencedor do prêmio da James Beard Foundation e estrelado pelo Michelin.
“Desde que a rolha não tenha sido afetada pela água do mar, ele deve estar bom para beber,” diz Stuckey. Afinal, não há luz no fundo do Báltico, e a água é fria.
Os champanhes feitos há um século, porém, tinham maior acidez e provavelmente precisariam de uma dosagem maior – ou seja, a adição de açúcar, explica Stuckey.
O naufrágio está localizado ao sul da ilha sueca de Öland, fora das águas territoriais polonesas. A Baltictech está em parceria com a Universidade de Södertörn, na Suécia, e com o Professor Johan Rönnby, em contato com o Instituto de Pesquisa de Arqueologia Marítima, para definir os próximos passos.
Naufrágios etílicos
De vez em quando, mergulhadores encontram garrafas de vinho ou champanhe, mas o tesouro de mais de 100 garrafas recentemente descoberto pela Baltictech é notável.
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Em 2010, mergulhadores na costa da Finlândia encontraram uma escuna com um tesouro de 168 garrafas de champanhe de 170 anos, também armazenadas nas águas escuras, frias e de baixa salinidade do Mar Báltico. Uma análise de 2015, publicada nos “Proceedings of the National Academy of Sciences,” revelou que, ao ser girado em um copo para oxigenar, o aroma mudou de algo “que lembrava queijo” e “cabelo molhado” para algo mais agradável – picante, defumado, com notas de couro, frutas e flores.
A descoberta da Baltictech também incluiu cerca de 100 garrafas seladas de água Selters, que o grupo destacou como interessante, porque a água mineral era tratada “quase como medicamento e só chegava às mesas reais. Seu valor era tão precioso que os transportes eram escoltados pela polícia.”
A Selters ainda é produzida, e os mergulhadores consultaram historiadores para determinar que, com base na forma e no selo das garrafas, o carregamento pode ter sido produzido entre 1850 e 1867.