
Pelo terceiro ano consecutivo, Rafaela Aponte-Diamant, 80 anos, é a mulher self-made mais rica do mundo – ou seja, que construiu sua própria fortuna. A bilionária suíça deve sua riqueza à participação de 50% na MSC (Mediterranean Shipping Company), a maior empresa de transporte marítimo do mundo, fundada por ela e seu marido, Gianluigi Aponte, em 1970.
A Forbes estima que Rafaela e Gianluigi possuam, cada um, patrimônios de US$ 37,7 bilhões (R$ 215 bilhões) — um salto em relação aos US$ 33,1 bilhões (R$ 194,6 bilhões) estimados em 2024. Isso coloca Rafaela como a 44ª colocada na lista dos Bilionários da Forbes de 2025, e a 5ª mulher mais rica do mundo.
No total, apenas 113 mulheres bilionárias construíram suas próprias fortunas — embora algumas, como Rafaela Aponte, tenham criado seus negócios em parceria com maridos, irmãos ou sócios. Outras 293 mulheres da lista herdaram ao menos parte do patrimônio.
Ao todo, neste ano, 406 dos 3.028 bilionários do planeta são mulheres, representando 13,4% da lista. Isso significa um leve aumento em relação às 369 do ano passado, 13,3% do total.
O império marítimo da bilionária Rafaela Aponte-Diamant
Desde 2019, os Apontes vêm colhendo os frutos de um boom impulsionado pela pandemia, que adicionou bilhões de dólares às fortunas de dinastias do setor marítimo ao redor do mundo.
A partir de sua sede na Suíça, a MSC controla uma frota de 900 navios, capazes de transportar mais de 4,8 milhões de contêineres, segundo o banco de dados de transporte marítimo Alphaliner. A empresa não divulga seus dados financeiros, mas o especialista em navegação John McCown estima que a MSC tenha faturado mais de US$ 28 bilhões (R$ 164,6 bilhões) só em 2022.
A riqueza do casal está quase inteiramente ligada à MSC, que além da divisão de transporte de contêineres, também é dona da linha de cruzeiros MSC Cruises, da empresa de logística terrestre Medlog e da operadora de terminais portuários Terminal Investment Limited.
Do zero ao topo
O casal Aponte se conheceu em uma viagem de barco à ilha italiana de Capri, nos anos 1960. Gianluigi era capitão de navio, transportando turistas da cidade portuária de Nápoles — perto de sua cidade natal, Sant’Agnello — até os resorts da região. O pai de Rafaela era um banqueiro israelense radicado na Suíça. Pouco depois, Gianluigi se mudou para Genebra, onde passou a trabalhar como corretor em um banco suíço.
Em 1970, ele largou o emprego no banco e o casal obteve um empréstimo de US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) para comprar seu primeiro navio, um pequeno cargueiro chamado Patricia. No mesmo ano, fundaram a MSC em Genebra, expandindo os negócios por meio da compra de embarcações de segunda mão e da atuação em rotas menos movimentadas, como as que ligam a Europa à África. O segundo navio adquirido foi batizado de Rafaela e, em 1979, a frota já contava com 17 embarcações.
Com o tempo, a MSC se tornou uma das maiores empresas de transporte marítimo do mundo. Em 1988, ingressaram no setor de cruzeiros com a aquisição do navio Monterey — uma aposta acertada: a MSC Cruises é hoje uma das maiores companhias de cruzeiros do planeta, competindo com as rivais listadas em bolsa Carnival, Royal Caribbean e Norwegian. No mesmo ano, lançaram a Medlog, de logística terrestre. Em 2000, passaram a atuar em terminais portuários com a criação da Terminal Investment Limited. Em 2010, também investiram em balsas de passageiros no Mediterrâneo.
Mais de 50 anos após a fundação da MSC, a família ainda mantém controle absoluto da empresa, com Rafaela e Gianluigi como os únicos acionistas. Gianluigi ocupa o cargo de presidente executivo, e o filho do casal, Diego, é o presidente. Rafaela atua no conselho da MSC Foundation e é responsável pela decoração dos navios de cruzeiro.