Até muito recentemente, se você quisesse um grande SUV elétrico de três fileiras, o Tesla Model X era o único no jogo. Agora são três opções, com o Mercedes-Benz EQS SUV e o Rivian R1S chegando neste outono. Enquanto o Rivian é voltado para aventureiros ao ar livre, o Mercedes é um análogo elétrico e luxuoso do GLS, movido a gasolina.
Em breve haverá ainda mais, mas as versões de duas fileiras do EQS SUV também competem com o recente iX, da BMW. À medida que o campo da eletricidade cresce, o mesmo acontece com a concorrência, e este Mercedes certamente atrairá muita atenção dos compradores ávidos por elétricos premium.
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Derivado do futurista e luxuosamente equipado EQS Sedan e sobre a mesma plataforma, o EQS SUV se destaca tanto quanto, mas oferece mais espaço, um formato mais convencional e alguns talentos e recursos que o sedã não oferece. Existem algumas desvantagens, ou seja, ainda mais peso, mas este é claramente o SUV totalmente elétrico mais luxuoso do mercado e distintamente menos estranho do lado de fora do que o iX.
Infelizmente, nenhuma versão AMG parece estar no horizonte e o tamanho extra significa peso extra sobre o sedã, mas há muito o que amar nesse carro cheio de tecnologia de ponta, belos detalhes e confortos relaxantes. Fora o bom desempenho dentro e (surpreendentemente) fora do asfalto.
Haverá três versões: 450+ (tração traseira e motor único de 355 cavalos de potência e 58 kgfm de torque), 450 4Matic (tração integral e motor duplo de 355 cv e 82 kgfm de torque) e 580 4Matic (tração integral e motor duplo de 536 cv e 87 kgfm de torque), com alcances de 456 a 488 quilômetros.
Para ver como ele se compara aos seus concorrentes mais próximos, experimentei todas as três versões em um evento de mídia organizado pela Mercedes em Denver, Colorado.
Ao volante do EQS SUV
A forma suave e musculosa faz com que o EQS SUV pareça menor do que realmente é, pois são 5,13 metros de comprimento. Mas, rodando, você sempre sabe o quão robusto ele é – o grande Benz pesa pouco menos de três toneladas na versão 450+.
Guiando o EQS SUV pelas curvas da Arapaho National Forest, a grande máquina provou ser surpreendentemente envolvente e muito estável, mas nenhuma quantidade de truques de amortecimento variável e suspensões a ar podem realmente disfarçar todo esse volume.
Ainda assim, mesmo estradas sinuosas podem ser divertidas neste SUV, particularmente no modo Sport, que enrijece a suspensão, reduz a altura entre o solo e firma a resposta da direção. Dito isto, é muito mais preciso e parecido com um carro do que barcas como o Cadillac Escalade ou o Lincoln Navigator. O BMW iX é mais ágil, mas também é menor e mais leve.
O iX e o Model X são de 270 a 410 kg mais leves do que o EQS SUV, o que torna todas as versões do Mercedes mais lentas do que seus principais concorrentes. O mais rápido, o 580 4Matic, chega aos 100 km/h em cerca de 4,5 segundos, mas mesmo o BMW básico faz isso em 4 segundos e o Tesla também básico é ainda mais rápido.
As distâncias de parada também parecem mais longas do que a impressionante frenagem de seu irmão GLS, movido a gasolina. Depois de ser fechado na estrada por um Toyota Tacoma, tive a certeza de que o sistema de frenagem automática funciona muito bem. Você não pode parar os gremlins do caos, mas o EQS intervém rapidamente quando detecta algum perigo.
Como no EQS Sedan, existem quatro configurações de regeneração de freio (Strong, Normal, None e Intelligent), que levam em consideração o tráfego e a geografia e são controladas por paddle shifts atrás do volante. O modo Strong (Forte) não é tão agressivo quanto em alguns outros EVs e, desconcertantemente, o pedal do freio se move sozinho durante a regeneração.
O controle de cruzeiro adaptativo é padrão e, embora não seja um verdadeiro sistema autônomo, é tão suave e preciso quanto o Super Cruise da GM e o Autopilot, da Tesla. Na Europa, a Mercedes-Benz já está vendendo seu sistema Drive Pilot, semi-autônomo Nível 3.
Dentro da floresta
Embora poucos compradores levem seus SUVs para terrenos desafiadores, a Mercedes-Benz fez questão de mostrar a capacidade do EQS 580 4Matic em uma trilha estreita e rochosa perto de Idaho Springs. O Rivian R1S é o rei dos utilitários esportivos elétricos, mas o EQS SUV se mostrou bastante hábil nessa situação.
O modo off-road aumenta a altura do solo em 25 mm e também inclui controle de descida de rampas. Há também um útil inclinômetro, e assim o EQS SUV não teve problemas em obstáculos moderados – tendo até enfrentado alguns maiores. Mas a característica mais útil aqui foi o esterçamento do eixo traseiro, capaz de virar as rodas em até 10 graus.
A direção do eixo traseiro torna o EQS SUV excepcionalmente manobrável, com um raio de giro de pouco mais de 11 metros. Acima de 60 km/h, as rodas traseiras acompanham as dianteiras, tornando as mudanças de faixa mais estáveis.
Enquanto o R1S domina o off-road, o EQS SUV pode fazer coisas fora da estrada que o iX e o Model X simplesmente não podem – a montagem de pneus todo-o-terreno no Tesla é muito mais difícil pelo design dos freios e da suspensão.
Como em todas as outras situações de condução no EQS SUV, o passeio off-road foi realizado em quase total silêncio. Aventurar-se na natureza neste veículo significa nunca assustar a vida selvagem com seu motor ou abrir mão de seu conforto sereno.
Conforto energizante
Como o EQS Sedan e o EQS SUV estão tão intimamente relacionados, é natural que a cabine do utilitário seja muito parecida com a do sedã, mas isso não é ruim. E embora o Hyperscreen de 56 polegadas seja futurismo de parede a parede e a iluminação ambiente seja um sonho de neon, o resto do interior joga com os pontos fortes de luxo tradicionais da Mercedes-Benz. É lindamente detalhado, confortável e imaculadamente trabalhado.
Nas versões 450+ e 450 4Matic as telas são menores, mas o Hyperscreen é opcional nelas e padrão na 580 4Matic. Na verdade, são três telas em uma: a central de 17,7 polegadas e duas unidades de 12,3 polegadas em ambos os lados, para motorista e passageiro. Ao contrário do sedã, a tela do passageiro do SUV agora pode transmitir vídeo em movimento, mas os sensores escurecerão a tela se detectarem que o motorista está se distraindo.
O sistema de navegação de realidade aumentada e o head-up display da versão 580 4Matic tornam quase impossível entrar na pista ou na curva erradas, além de terem ótima aparência. A desvantagem da hipertela, apesar do excelente design de experiência do usuário do sistema de infoentretenimento MBUX, é a possível distração.
Você se acostuma a ajustar quase tudo por meio da tela sensível ao toque e, felizmente, as saídas do ar-condicionado são manuais. Mas ainda há muito o que navegar, e usar o assistente digital “Ei, Mercedes”, controlado por voz, geralmente pode acertar as coisas.
Motoristas do EQS SUV terão que parar para recarregar a bateria a cada 480 km, mas o software “Energizing Comfort” vem com som, vibração do assento e experiências visuais para mantê-los energizados. Esse conceito parecia brega, até que usei o ciclo “Sons do Mar”. As vibrações cristalinas do sistema de som Burmester eram realmente relaxantes.
Em termos de qualidade de material e design do interior, apenas o iX se compara. Mas beira o austero, enquanto o Mercedes é excessivamente luxuoso. O Tesla parece barato com seus plásticos e o Rivian soa mais simples e utilitário.
Os bancos dianteiros, aquecidos e ventilados, são tão confortáveis quanto os de um Bentley Bentayga, e o banco traseiro é extremamente espaçoso na configuração de duas filas, com mais de 1 m de espaço para as pernas, mais do que BMW, Tesla ou Rivian. As coisas ficam mais sombrias com três fileiras, já que ali os assentos são para crianças pequenas, e encaixá-los lá atrás significa mover a segunda fila um pouco para a frente.
Autonomia e recarga
Entre os concorrentes diretos do EQS SUV, a Tesla ainda domina. Na realidade, o Model X geralmente entrega abaixo de suas expectativas, mas compensa com uma rede de recarregadores mais abrangente.
A Mercedes afirma que todas as três variantes do EQS podem carregar de 10% a 80% em 31 minutos em um carregador rápido de 200 kW, embora encontrar um deles ainda possa ser uma verdadeira odisseia. Por enquanto, é mais sensato planejar o carregamento noturno em casa (são 12 horas e meia de zero a 100% em um Wallbox de 240 V) ou assumir que a maioria dos carregadores rápidos não terá mais de 150 kW, o que significa esperas mais longas.
O Mercedes-Benz EQS SUV estreia nos EUA neste mês, custando entre US$ 105.550 e US$ 127.100. É uma alternativa verdadeiramente atraente diante da Tesla (e de muitos SUVs de luxo movidos a gasolina), produzido por uma marca reconhecida pela qualidade e inovação tecnológica. Existem algumas desvantagens: não é tão rápido quanto alguns de seus rivais, a terceira fileira é apertada e o carregamento rápido pode ser mais difícil.
Mas é de longe o SUV elétrico de grande porte mais luxuoso do mercado até agora e uma máquina confortável e fácil de usar.