Nos 20 anos de Brasil, o Polo serviu à Volkswagen como um embaixador de novas tecnologias. O próprio início de sua produção por aqui levou a uma modernização da fábrica da Anchieta, o que incluiu 400 robôs, solda a laser e pintura automatizada.
Em 2009, o hatch, inaugurou a era dos carros flex sem o reservatório de gasolina para partida a frio. Foi o ensaio para uma versão verdadeiramente “verde”, a Bluemotion, com direito a pneu com sílica, para gerar menos atrito com o piso, e apêndices aerodinâmicos a fim de melhorar o fluxo de ar – tudo para uma redução de 15% em consumo e emissões.
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Em 2017, a atual geração estreou por aqui a plataforma MQB-A0, uma estrutura alinhada com o melhor que a VW tinha lá fora, composta por cerca de 50% de aços de ultra e alta resistência.
Nesta atualização de meio de vida, o Polo não é emissário de nenhuma revolução tecnológica – é apenas um ótimo carro.
Turbo e manual
Representantes daquele segmento conhecido no mundo pré-pandêmico como “hatch compacto premium” têm encarado jornada dupla. Além do papel original, composto por funções como prazer ao volante, bom nível de equipamentos, itens tecnológicos importados de categorias superiores e design sofisticado, recebem agora o de carro de entrada.
Daí partir de R$ 82.990, menos de R$ 20 mil acima dos dois carros zero-quilômetro mais baratos do País, Renault Kwid e Fiat Mobi.
Forbes Motors testou a versão TSI, que sai por R$ 92.990 e combina algo cada vez mais raro no mercado: motor turbo e câmbio manual.
O pacote desta configuração inclui airbags dianteiros e laterais, ar-condicionado analógico, assistente para partida em subidas, Controles de estabilidade (ESC) e tração (ASR), bloqueio eletrônico do diferencial (EDS), faróis de LED com luz de condução diurna de LED integrada, e volante multifuncional, apenas para citar os equipamentos mais relevantes.
Os bancos usam forração em tecido que pende para a sobriedade e transmite bom gosto e conforto. Ausência de ajuste de altura e distância da coluna de direção é lamentável em um modelo desta categoria, mesmo que em versão de entrada. Por outro lado, a concepção do Polo é tão correta que tal recurso, presente apenas nas configurações Comfort e Highline, não impediu encontrar a posição ideal. Item muitas vezes negligenciado pela concorrência e valorizado nos carros da montadora alemã é o apoio do pé esquerdo, avançado e amplo.
Ao pisar na embreagem e engatar primeira, se renova a percepção de que a Volkswagen é referência em engates curtos e precisos quando o câmbio é manual (no caso, de cinco marchas). Fora o posicionamento do pedal da embreagem, mais afastado do pedal do freio, e seu peso correto (nem leve demais, como se não estivéssemos pisando em nada, nem pesado).
O motor 1.0 turbo, de 116 cv e 16,8 kgfm de torque, surpreende nas arrancadas. Era esperada uma agilidade comum a esse tipo de propulsor, mas aqui o torque máximo aparece já a 1.750 rpm, o que intensifica a boa desenvoltura do hatch de 1.112 kg.
Câmbio e motor vão conversando bem na cidade até alcançar a estrada, onde o Polo consegue manter o ritmo dos 120 km/h sem qualquer dificuldade. Novamente o motorista se dá conta de que os engates são próximos e convidativos.
A central multimídia não é a mais sofisticada que a VW oferece, mas dá conta do recado – e o principal: mantém os botões físicos para volume e estação do rádio. Já no painel de instrumentos totalmente digitalizado que tenta reinventar a roda, sobram opções (um tanto fúteis) de configuração, mas falta um básico conta-giros.
Emplacamentos
Entre os hatches compactos premium – segmento outrora mais bem delimitado e que hoje comporta modelos como Hyundai HB20, Chevrolet Onix, Peugeot 208, Toyota Yaris e Honda City Hatchback, além do próprio Polo –, o representante da Volkswagen é o último colocado em vendas, com apenas 2.414 emplacamentos até o fim de setembro.
Bem distante de HB20 e Onix, líderes que somaram respectivamente 70.745 e 60.582 licenciamentos no mesmo período. Talvez lá o Polo não chegue, porque o forte desses modelos são as vendas para frotistas. Quem sabe desbancar o Peugeot 208, terceiro colocado, que somou 22.922 emplacamentos entre janeiro e setembro.
Para além do currículo de mais de 18 milhões de unidades vendidas mundialmente desde 1975, dirigibilidade, personalidade e conteúdo para isso, o Polo tem.