Um dos movimentos da Bentley para reagir à queda de vendas que abalou seu prestígio e ameaçou sua existência no fim dos anos 1970 não poderia ter sido mais polêmico: turbinar o tradicional, icônico e longevo V8 de 6,75 litros, único motor na prateleira da marca inglesa desde 1959.
Nascia então o Mulsanne Turbo, apresentado ao mundo no Salão de Genebra de 1982 como o primeiro Bentley sobrealimentado. Para muitos, foi o carro que recuperou a alma da fabricante e a diferenciou da Rolls-Royce, a quem pertencia desde 1930.
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Quarenta anos depois, a Bentley se prepara para outro turning point que redefinirá desta vez não apenas o desempenho de seus modelos, mas sobretudo a forma como serão pensados, construídos e vendidos – a partir de 2025, a marca renovará seu portfólio com um novo carro elétrico por ano.
“A Bentley está no meio da fase de transformação mais significativa da longa e ilustre história da empresa. Profissionais de amanhã enfrentam os desafios mais empolgantes de uma geração, à medida que nos tornamos um negócio exclusivamente de carros elétricos”, definiu Matthias Rabe, membro do board de pesquisa e desenvolvimento da empresa britânica, que neste ano contratou 100 engenheiros para sua missão elétrica.
2025, o ano da virada
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Foto: Divulgação Aston Martin
Destino parecido traçou a Aston Martin. Depois do híbrido Valhalla (foto), que começa a ser entregue em 2024, o primeiro elétrico estreará em 2025. Tal como a conterrânea Bentley, ainda não revelou nome ou detalhes do seu futuro superesportivo movido a baterias.
“Estamos transformando nosso negócio e acreditamos que agora é a hora de nos desafiarmos a fazer uma diferença maior, para nos tornarmos um negócio sustentável de ultraluxo líder mundial”, vislumbra Tobias Moers, CEO da Aston Martin, que promete um portfólio totalmente eletrificado a partir de 2030.
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Foto: Divulgação McLaren
Outra produtora de carros extremamente luxuosos e potentes que promete trocar paulatinamente o borbulhante som dos V8 por um zunido é a McLaren – só não disse quando e como se eletrificará. Rumores na imprensa internacional apontam para um superutilitário esportivo. O que seria uma dupla quebra de paradigmas, já que a companhia fundada em 1963 pelo piloto neozelandês Bruce McLaren jamais fez algo diferente do que cupês e conversíveis de duas portas. O Artura (foto) é o segundo híbrido da McLaren, que prepara seu primeiro elétrico
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Foto: Mauro Ujetto/Divulgação -
Foto: Divulgação Lamborghini e Maserati
Na Lamborghini, o plano de eletrificação atende por Direzione Cor Tauri. Encarado como um “roadmap” da descarbonização, o projeto começa com o lançamento do seu primeiro modelo híbrido ainda neste ano, passa pela eletrificação completa da gama até o fim de 2024, e pela redução de 50% das emissões de CO2 até o início de 2025 e culmina com o primeiro Lamborghini 100% elétrico na segunda metade da década – para a companhia, metaforicamente, este quarto carro representa a Direzione Cor Tauri, a estrela mais brilhante da constelação.
Quanto à Maserati, a eletrificação também está nas pistas: o Tipo Folgore disputará a 9ª temporada da Fórmula E e é apresentado como “o máximo em eletrificação de alto desempenho, eficiência e tecnologia de ponta, uma plataforma para transferir inovação dos circuitos para as ruas”. Fora das pistas a marca já apresentou os modelos GranTurismo Folgore e Gracale Folgore. O GranTurismo Folgore (foto) é o primeiro carro na história da Maserati a adotar um trem de força 100% elétrico
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Foto: Divulgação Rolls-Royce
“Agora é a hora de mudar o rumo do futuro do luxo”, disse o CEO da marca inglesa, Torsten Müller-Ötvös, durante a apresentação do Spectre, o primeiro passo da empresa para uma gama totalmente eletrificada até 2030. “A propulsão elétrica é perfeitamente adequada para nós, mais do que qualquer outra marca automotiva. É silencioso, refinado e cria torque quase instantaneamente, passando a gerar uma potência tremenda. Isso é o que chamamos de flutuabilidade.”
De acordo com a Rolls-Royce, os números finais de potência, aceleração e alcance estão sendo refinados, já que o Spectre ainda está na fase final de testes – que compreendem 2,5 milhões de quilômetros, o equivalente a 400 anos de uso –, mas dados preliminares apontam para 520 km de autonomia e 92 kgfm de torque.
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Foto: Divulgação Com arquitetura toda em alumínio, o Spectre alcançou 0,25 cx de coeficiente de arrasto, o que o torna o Rolls-Royce mais aerodinâmico da história. Até mesmo a estatueta Spirit of Ecstasy passou por 830 horas de modelagem de design e testes de túnel de vento para ser aperfeiçoada.
No interior, o Spectre traz portas Starlight, que incorporam 4.796 “estrelas” suavemente iluminadas e que podem ser encomendadas com painéis de madeira Canadel. Posicionado entre o Cullinan e o Phantom, o Spectre custará a partir de US$ 413, 5 mil nos EUA quando estrear, no fim do ano.
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Foto: Divulgação Cadillac
Constituída sob a égide dos motores V8, a Cadillac – desde 1902 a marca mais luxuosa da General Motors – terá como principal produto um elétrico. Fruto de um projeto de US$ 81 milhões, o Celestiq foi lançado oficialmente em outubro, mas terá as primeiras unidades entregues apenas no fim do ano.
Isso porque será construído à mão, já que a Cadillac prevê a fabricação de dois veículos por dia, e não mais do que seis montados ao mesmo tempo, tendo o futuro proprietário como convidado em cada etapa de customização.
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Foto: Divulgação Para justificar o preço de partida de US$ 300 mil e a pretensão de peitar Bentley e Rolls-Royce, o Celestiq traz tecnologias sofisticadas, como um teto de vidro de quatro painéis que permitirá que o motorista e os passageiros definam individualmente o nível de transparência. Há também uma tela de 55 polegadas que pode ser parcialmente escurecida, a fim de evitar distrações do motorista.
Baseado na nova plataforma da empresa para modelos movidos a energia elétrica, a Ultium, o Celestiq virá com 600 cavalos de potência, 88 kgfm de torque e autonomia de 480 km.
*A Cadillac prevê a fabricação de dois veículos por dia e não mais do que seis montados ao mesmo tempo, tendo o futuro proprietário como convidado de cada etapa de customização.
Aston Martin
Destino parecido traçou a Aston Martin. Depois do híbrido Valhalla (foto), que começa a ser entregue em 2024, o primeiro elétrico estreará em 2025. Tal como a conterrânea Bentley, ainda não revelou nome ou detalhes do seu futuro superesportivo movido a baterias.
“Estamos transformando nosso negócio e acreditamos que agora é a hora de nos desafiarmos a fazer uma diferença maior, para nos tornarmos um negócio sustentável de ultraluxo líder mundial”, vislumbra Tobias Moers, CEO da Aston Martin, que promete um portfólio totalmente eletrificado a partir de 2030.
* Reportagem publicada originalmente na edição 104 da Forbes Brasil, de dezembro de 2022