Dirigir para sobreviver não basta. Ocupar o posto mais exclusivo no automobilismo mundial é algo que depende de muitos fatores, além do talento e da determinação do piloto. Bons contatos e, principalmente, investimento, são os grandes divisores de águas.
“Para chegar na Fórmula 1 não há um caminho lógico ou matemático, há muitos fatores que incidem nesta trajetória onde, sem dúvida, tem que ser constante, trabalhador e escutar muito. Mas nada te garante que você pode chegar no topo do motorsport”, afirma Fernando Alonso.
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Além de piloto do grid atual da F1, o bicampeão atua como empresário de Gabriel Bortoleto, piloto brasileiro da FIA F3. “Como sempre digo, são 20 os afortunados que a cada ano participam da Fórmula 1, 20 pilotos de todo o mundo”, completa.
Viabilizar o retorno de um brasileiro ao grid principal da Fórmula 1 pode trazer um retorno consideravelmente positivo para uma empresa nacional. Dessa maneira, uma parceria de sucesso entre piloto e empresas é essencial para que o Brasil, conhecido como um verdadeiro celeiro de talentos, ocupe o posto que está em aberto desde 2017, com a saída de Felipe Massa da principal categoria mundial.
Com oito títulos mundiais conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, o cenário automobilístico conta atualmente com seis jovens talentos brasileiros nas categorias de base ou como pilotos reserva da F1. Todos eles são patrocinados por empresas nacionais, como é o caso de Bortoleto. Financiado pelas brasileiras Americanet e KTF Sports, ele é o atual líder da Fórmula 3 após vencer as duas primeiras etapas do campeonato.
“Apoiar um piloto desde o início de sua carreira nos oferece a oportunidade de demonstrar nosso comprometimento com o esporte, que se comunica diretamente com nosso público-alvo. Isso nos permite criar uma associação duradoura, assim como por exemplo, muitos se recordam do Banco Nacional, que vestiu a cabeça do Ayrton Senna por toda a sua trajetória na F-1”, explica Lincoln Oliveira, CEO da Americanet.
O empresário destaca ainda que o custo anual médio para um piloto no FIA F3 é de aproximadamente 2 milhões de euros, já incluindo as despesas com equipe e os demais custos indiretos. Atualmente 100% do investimento na temporada do Gabriel é suportado por empresas com sede no Brasil.
“As categorias Fórmula 3 e Fórmula 2 têm atraído crescente interesse do público brasileiro. Há muito tempo, os fãs brasileiros esperam por um representante, e qualquer piloto brasileiro com potencial é bem recebido e acompanhado de perto pela mídia. Assim, o público interno passa a conhecer nossa marca e nosso segmento, que frequentemente atua em parceria com fundos de investimento europeus e americanos. Ter uma marca reconhecida além das fronteiras do Brasil se torna um grande benefício para nós”, arremata Lincoln.
Contudo, se por um lado os principais objetivos das empresas ao patrocinar um piloto de Fórmula 1 em potencial é se aproximar do público e ampliar o reconhecimento de sua marca, inclusive a nível internacional, para a outra parte, esse apoio é essencial para o sucesso.
“Saber que você tem um suporte financeiro adequado e que isso te proporciona a chance de ter um time pessoal forte ao seu lado é de extrema importância para um piloto”, diz Gabriel Bortoleto.
Entretanto, patrocínio, talento e estar sob a tutela de um bicampeão em atividade, não são os únicos fatores que colocam Gabriel no topo da tabela. Alonso garante que o jovem é um trabalhador incansável, algo que o surpreendeu desde o momento em que o conheceu.
“É um prazer tê-lo na A14”, diz Alonso. “Liderar um campeonato tão complicado quanto a corrida de F3 exige um grande sacrifício. Acho que Gabriel entendeu perfeitamente. O caminho é longo, mas este início de época nos faz esperar grandes coisas. Veremos o que o futuro nos reserva”,completa. Gabriel divide o grid com mais dois compatriotas, Caio Collet e Roberto Faria, patrocinados por Stuttgart Motorsport e Go Cup, respectivamente.
Com a imagem fortalecida desde 2020 a migração para a TV Bandeirantes, a F1 e, consequentemente, suas categorias de base, atraem cada vez mais investimentos brasileiros. Enzo Fittipaldi, piloto da Fórmula 2, é patrocinado pela Eurofarma, Claro, Snapdragon, OakBerry, Baterias Moura e Pneus Store. Já Felipe Drugovich, recebe o apoio da XP Investimentos, Porto Seguro e Banco Master, como piloto reserva da F1. E no mesmo posto, Pietro Fitipaldi conta com o aporte financeiro da Baterias Moura e Oakberry.
Em resumo, é possível concluir que o cenário está propício para que os fanáticos da F1 deixem o saudosismo dos tempos áureos de lado para ver um ídolo brasileiro subindo no pódio mais importante do automobilismo mundial novamente.