O anúncio da McLaren da contratação do jovem talento brasileiro Gabriel Bortoleto como piloto de desenvolvimentos trouxe uma boa notícia para o País que não vê um piloto no grid desde 2020, quando Pietro Fittipaldi participou dos dois últimos GPs do ano pela Haas.
Com o contrato com o time que rendeu um título mundial a Emerson Fittipaldi e os três de Ayrton Senna, Bortoleto assegura mais uma importante conquista em 2023 – nas pistas, ele já tinha garantido no mês passado o título da Fórmula 3, categoria de acesso que corre nos mesmos circuitos da Fórmula 1 como preliminar.
Leia mais:
- Rua mais cara do mundo não fica em Paris ou Nova York
- O caminho de Felipe Drugovich até a F1
- Academia que revelou Vettel e Verstappen lapida Enzo Fittipaldi
“Estou empolgado por fazer parte do Programa de Desenvolvimento de Pilotos da McLaren. Sou grato à McLaren e ao Emanuele Pirro (piloto e chefe do programa) por esta oportunidade. Já estive no McLaren Technology Center para um tour e para conhecer a equipe, o que foi uma experiência inesquecível. Estou ansioso para continuar trabalhando no meu desenvolvimento ao lado de uma ótima equipe”, disse Bortoleto, registrando feliz sua foto ao lado de um F1 pilotado por seu ídolo, Ayrton Senna.
Com contrato já assinado para subir de categoria, Bortoleto correrá na Fórmula 2 em 2024 e, tendo a carreira gerenciada pelo bicampeão do mundo Fernando Alonso, já pode estar na briga por uma vaga em 2025 – o mercado estará aquecido pelo fim de mais de dez dos 20 contratos atuais de pilotos. Além disso, o assédio que Lando Norris, atual titular da McLaren, sofre de times como a Red Bull pode jogar a favor de Bortoleto daqui dois anos.
Se não vemos um brasileiro desde 2020 no grid e um brasileiro titular por toda a temporada desde 2017 (o último foi Felipe Massa, com a Williams), o torcedor pode até achar que o Brasil está longe de voltar ao grid. Mas, para quem se pergunta qual será o próximo brasileiro a correr na F1, Forbes Motors lista abaixo os potenciais candidatos que já possuem contrato com equipes do grid.
São sete ao todo, de seis equipes diferentes (ou seja, mais de metade dos dez times presentes hoje no grid): Pietro Fittipaldi na Haas, Felipe Drugovich na Aston Martin, Enzo Fittipaldi na Red Bull, Rafael Câmara e Aurelia Nobels na Ferrari, Matheus Ferreira na Alpine (Renault) e agora Gabriel Bortoleto na McLaren.
Vale destacar ainda que um sétimo time, a Sauber (atual Alfa Romeo) também já teve dois brasileiros em sua academia até o ano passado: Roberto Faria e Miguel Costa – este tendo assinado com o time ainda no kart, com apenas 12 anos. O mesmo aconteceu com Caio Collet, hoje na F3 e que deve fazer a F2 no ano que vem, que tinha vínculo com a Alpine.
Conheça um pouco mais sobre os sete brasileiros ligados a times da F1 em 2023:
Pietro Fittipaldi – Haas
O neto de Emerson Fittipaldi chegou até a correr de categorias de acesso da Nascar no começo da carreira, mas depois brilhou nas divisões de base conquistando títulos importantes como o de campeão da Fórmula Renault e World Series. É piloto de testes e desenvolvimento da Haas desde 2018, participando de pelo menos uma sessão de treinos com o F1 desde então. É o último brasileiro a competir na F1, em 2020, ao fazer os GPs do Sakhir e Abu Dhabi com a Haas, substituindo Romain Grosjean.
Felipe Drugovich – Aston Martin
A carreira de Drugovich é marcada por diversas conquistas, sendo a mais célebre delas a do título da F2 em 2022, que o garantiu o contrato como piloto de testes e desenvolvimento para o ano de 2023. Com um intenso programa de treinos, ele já participou de uma sessão oficial com a equipe no treino livre de sexta-feira no GP da Itália, em Monza. Esteve perto de fazer sua estreia na F1 no GP de abertura, no Bahrein, mas Lance Stroll acabou correndo mesmo com a mão lesionada. Busca uma vaga no grid para 2024 na Williams e conta com forte apoio de empresas brasileiras como XP e Porto Seguro.
Enzo Fittipaldi – Red Bull
O irmão mais novo de Pietro Fittipaldi chamou a atenção de grandes equipes de F1 ainda em seu ano de estreia nos monopostos, garantindo o contrato como piloto da Academia Ferrari. A associação Enzo e Ferrari rendeu títulos como o da F4 Italiana e o vice da Fórmula Regional Europeia. Enzo teve que redirecionar sua carreira para os EUA, significando o fim do contrato com a Ferrari, mas naquele mesmo ano recebeu o convite para disputar a F3 pela pior equipe do grid (Charouz) e conseguiu pódios e resultados que o colocaram de volta no radar dos times grandes. Desta vez, foi a Red Bull que o contratou para seu programa de talentos, onde Enzo venceu corridas e pódio em sua primeira temporada como integrante da Red Bull Junior na F2.
Gabriel Bortoleto – McLaren
O ano de 2023 não poderia ser melhor para Gabriel Bortoleto. Aos 18 anos, venceu logo em seu final de semana de estreia na F3, no Bahrein, e assim iniciou a caminhada do título para a categoria que é a segunda divisão de acesso mais importante da F1.
De quebra, conseguiu ser incluído no time de pilotos gerenciados por Fernando Alonso na A14 Management e, na última quinta-feira, foi anunciado como novo piloto de desenvolvimentos da McLaren. Com o título da F3 na mão, apoio de um empresário bem conhecido no meio e ligado a McLaren, Bortoleto fará a F2 em 2024 já de olho no mercado de pilotos da F1 em 2025, quando mais de 10 contratos estarão vencendo. Tem apoio de empresas brasileiras como o Banco BRB, que anunciou na Bélgica um programa de apoio a talentos brasileiros para chegar na F1.
Rafael Câmara – Ferrari
A Academia que promoveu Charles Leclerc como seu piloto titular tem em Rafael Câmara uma aposta desde que o brasileiro despontou como um dos melhores pilotos de kart do mundo.
No WSK World Karting Series, o jovem pernambucano igualou conquistas de outro nome que assombrou as pistas europeias: Max Versttapen. Com vitórias na F4 Italiana e, neste ano, na FRECA, Câmara deve já correr nas categorias preliminares da F1 até 2025 – ou até mesmo final do próximo ano.
Aurelia Nobels – Ferrari
Entre os sete brasileiros ligados a um time de F1, está a única representante feminina de um dos principais programas de jovens talentos do esporte, a Ferrari Driver Academy: Aurelia Nobels. A piloto venceu uma concorrida seletiva que incluía provas dentro e fora das pistas e desde 2022 integra o time de talentos de Maranello, competindo na F4 Italiana. Para Aurelia, além de romper o tabu de jejum de vitórias brasileiras na F1, ela luta também para superar outro tabu: o de mulheres no grid da F1, uma marca que já supera 40 anos.
Matheus Ferreira – Alpine
Jovem talento do Brasil no kart, ele garantiu todos os títulos possíveis no cenário nacional: paulista, brasileiro etc. Com isso, embarcou para Europa disputando os campeonatos de elite no WSK (World Series Karting). As vitórias e pódios na elite do kartismo mundial fizeram com que ele fechasse contrato como piloto de desenvolvimentos da Alpine. Agora, em 2023, o piloto de Brasília sua estreia nos monopostos no competitivo campeonato da F4 Italiana, contra mais de 40 pilotos de 20 nacionalidades diferentes.