À frente da fachada do Le Royal Monceau, uma fileira de Range Rover Velar nos aguarda – alguns pintados na Varesine Blue; outros na também elegante Zadar Grey. Na cabine, a atmosfera minimalista é a principal novidade da linha 2024. Isso quer dizer que até mesmo os controles do ar-condicionado foram parar na Pivi Pro 7, a central multimídia de tela curva e 11,4 polegadas que aponta 150 quilômetros até a província de Champagne, nosso destino.
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Partir de um dos hotéis mais requintados de Paris rumo à terra dos espumantes mais famosos do mundo foi menos sobre o Velar e mais sobre a “House of brands”, como a JLR se autodefine na era da eletrificação: cada marca tem sua identidade própria, sendo a Range Rover aquela que corresponde ao píncaro do luxo. Defender, Discovery e Jaguar são rótulos distintos, com personalidades distintas e compradores distintos.
O Velar foi batizado em homenagem ao protótipo que se converteria no primeiro Range Rover, em 1970, e revelado no The Design Museum, em Londres, há seis anos. É o membro mais novo e o terceiro na hierarquia da segunda mais importante família real britânica, atrás do Range Rover e do Range Rover Sport e à frente do Evoque. Não foi criado apenas para preencher o espaço entre o menor e os maiores da gama mais exclusiva da JLR, mas principalmente para estender os horizontes do design da fabricante.
Embora um tanto suspeito, o chefe de design da JLR, Gerry McGovern, retrata assim o SUV: “O novo Range Rover Velar é um exemplo perfeito da nossa filosofia de design modernista – limpo, redutor e convincentemente desejável. Definido por proporções perfeitamente otimizadas, o Range Rover Velar incorpora sofisticação sem esforço com uma elegância ousada e uma presença dramática que é verdadeiramente única.”
Ainda uns anos distante da imposição de uma nova geração, o Velar goza da regalia de manter seus traços. Por isso, as atualizações foram tão sutis: há novos faróis e lanternas, uma nova grade no radiador, para-choques remodelados e algumas novas opções de pintura externa. Talvez seja mais fácil identificar as mudanças à noite, já que os faróis agora são compostos por LEDs mais finos e redesenhados.
Além do console central mais minimalista, o interior também recebeu incrementos, como o sistema de cancelamento de ruído ativo e um purificador de ar. Novos revestimentos foram incluídos.
Portanto, é de se imaginar que a road trip entre Paris e Champagne foi um domingo memorável. Nas sinuosas estradas interioranas da França, o Velar se mostrou sereno e imponente. Apesar de trazer a mesma plataforma básica do Jaguar F-Pace (o entre-eixos é de idênticos 2,87 metros), o Velar é focado no conforto.
É também melhor no fora de estrada, graças à sua suspensão a ar que aumenta o vão livre em até quatro centímetros. Nos caminhos tortuosos e acidentados entre uma vinícola da Moët & Chandon e outra da Veuve Clicquot, o Velar soou como o príncipe William praticando escalada de mocassim, mas encarou os desafios com inteligência e bravura. Se o caminho era apertado, bastava acionar as câmeras off-road para visualizar exatamente onde cada roda estava se metendo. Já o controle de descida em rampa é capaz de segurar o carro sem intervenções do motorista.
A versão D300, equipada com um 3.0 seis-cilindros a diesel, de 300 cv e 66,3 kgfm de torque, é um modelo que a JLR deveria importar. Além de poderoso nas arrancadas e ultrapassagens, é macio no rodar graças ao câmbio automático de oito velocidades.
A viagem acabou a 250 metros de profundidade, na caverna da Veuve Clicquot, com direito à degustação do La Grande Dame, uma espécie de Range Rover dos champanhes. De volta a Paris, ainda deu tempo de pegar Nova Zelândia e Irlanda se enfrentando na Copa do Mundo de Rúgbi, em pleno Stade de France. Mas isso é história para a Defender – marca da robustez, da força e da aventura, patrocinadora do campeonato – contar.
(Reportagem publicada na edição 113 da Forbes Brasil, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa).