A Fórmula 1 agora encara a partir deste domingo a sua reta final, com as últimas seis corridas de 2024, e de uma forma um tanto curiosa: quatro GPs seguidos nas Américas (Austin, México, São Paulo e Las Vegas) e as duas finais no Oriente Médio (Catar e Abu Dhabi).
Levando em conta que ainda haverá três Sprint Races, há pontos o suficiente para Lando Norris seguir sonhando com o título, principalmente por conta do domínio da McLaren nas últimas provas, especialmente na etapa passada, em Singapura.
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Max Verstappen, no entanto, sabe que a melhora da Red Bull na última etapa pode representar sua chance de garantir o tetra com base da inteligência de corrida. É um papel oposto ao que ele viveu em 2021, quando perseguiu Lewis Hamilton para conquistar seu primeiro título. Será que o holandês se sai bem neste novo papel? A resposta a gente já verá neste domingo em Austin.
As corridas em Monza, Baku e Singapura não deixam dúvidas: a McLaren tem atualmente o melhor carro da F1. Mas isso não tem se convertido em um domínio como o de Verstappen no começo da temporada 2024. E com a melhora da Red Bull no circuito de rua de Singapura, onde justamente ela sofreu sua única derrota em 2023, mostra que o campeonato ainda está aberto, mas Verstappen conseguiu “estancar” a sangria.
Acontece que não é apenas o holandês que tem ajudado nesta missão de frear a ascensão de Lando Norris, agora eleito como o grande concorrente de Max para a disputa do título. Na Itália, mesmo largando na pole, o inglês viu um ataque agressivo de seu companheiro de equipe na McLaren, Oscar Piastri, ainda na primeira volta, o que o jogou para terceira colocação – perdendo posição também para Charles Leclerc, da Ferrari.
E numa decisão que foi muito questionada, a equipe McLaren deixou a briga interna livre, dentro das chamadas “papaya rules”, como diz Andrea Stella, chefe de equipe. O problema é que, além da disputa entre os dois companheiros de equipe, o time não marcou a estratégia de apenas uma parada de Leclerc, o que transformou uma potencial vitória em Monza como pontos ganhados sobre Verstappen, mas não em sua máxima capacidade.
Mas o clima entre os dois pilotos da McLaren na coletiva após a corrida em Monza era digno de “torta de climão”: Norris foi político em dizer que Piastri não fez nada errado, mas a linguagem corporal dos dois dizia mais que as palavras. E vale lembrar que algumas semanas antes os dois protagonizaram uma disputa pública pelas conversas de rádio para ver quem levaria a vitória em Budapeste, no GP da Hungria.
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Sem dúvida os pontos perdidos nestas duas corridas de disputas internas na McLaren farão falta para as últimas corridas do ano se a McLaren e Norris ainda tiverem pretensões de luta pelo título.
Um claro indicativo de que a Red Bull sentiu a pressão de Norris chegar pela briga pelo título de pilotos aconteceu nos momentos finais do GP de Singapura. A Racing Bulls chamou Daniel Ricciardo para fazer a melhor volta da corrida – até aí, um movimento normal, não fosse o fato de ele já estar fora do top-10, ou seja, de nada lhe adiantaria em termos de pontos. Mas um detalhe interessante: ele roubaria a volta de Norris, que assim deixou de acumular este ponto para diminuir menos a vantagem do piloto da Red Bull.
Norris minimizou a ação, que teoricamente poderia gerar polêmicas já que se tratam de dois times diferentes, embora, claro, tenham o mesmo proprietário. “Isso é F1, sempre foi assim, até mesmo antes do meu nascimento”, disse o britânico.
Por isso, a prova da F1 deste domingo em Austin é encarada como um início de decisão de título: se a McLaren aproveitar as duas provas (Sprint no sábado e a corrida principal domingo) para diminuir a vantagem de Verstappen (hoje em 52 pontos, sendo que o vencedor de cada prova leva 25), o campeonato pega fogo nas cinco provas finais. Por isso, para a Red Bull, a prova no Circuito das Américas é uma chance de ouro para desanimar os rivais e mostrar que a vantagem numérica na tabela ainda é grande o suficiente para garantir o tetra de Verstappen.
*Rodrigo França é repórter especializado em esporte a motor desde 1997. Em 25 temporadas, cobriu mais de 1.000 corridas de F1, Indy, Le Mans, Formula E, Nascar, Stock Car e Truck, acompanhando GPs em mais de 20 países diferentes. Também é autor do livro “Ayrton Senna e a Mídia Esportiva”, apresentador do programa “Momento Velocidade” na TV Gazeta e do canal Senna TV. Em 2023, cobriu 8 GPs da F1 por Forbes Motors.
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