A CoronaVac, vacina experimental contra Covid-19 da chinesa Sinovac, induziu uma rápida reposta imune, mas o nível de anticorpos produzidos foi menor do que o visto em pessoas que se recuperaram da doença, mostraram dados preliminares dos testes clínicos com a vacina ontem (17).
Embora os testes em estágios inicial e intermediário não tenham sido desenvolvidos para determinar a eficácia da CoronaVac, os pesquisadores disseram que ela pode fornecer proteção suficiente, com base na experiência com outras vacinas e em dados de estudos pré-clínicos em macacos.
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O estudo vem após notícias animadoras neste mês das farmacêuticas norte-americanas Pfizer e Moderna, que mostraram que suas vacinas experimentais são mais de 90% efetivas com base em dados preliminares de estudos amplos em estágio avançado.
A CoronaVac está sendo testada em estudo em estágio avançado de Fase 3 no Brasil pelo Instituto Butantan. Outras quatro candidatas a vacina desenvolvidas pela China também estão em testes de estágio avançado para determinar sua eficácia.
As descobertas da Sinovac, publicadas em artigo revisado por outros cientistas na revista médica “The Lancet Infectious Diseases”, são dos testes clínicos em Fases 1 e 2 realizados na China, com mais de 700 participantes.
“Nossas descobertas mostram que a CoronaVac é capaz de induzir uma rápida resposta de anticorpos em quatro semanas da imunização ao dar duas doses da vacina em um intervalo de 14 dias”, disse Zhu Fengcai, um dos autores do artigo.
“Acreditamos que isso faz da vacina adequada para o uso emergencial durante a pandemia”, acrescentou Zhu em um comunicado publicado juntamente com o artigo.
Os pesquisadores disseram que os resultados do estudo amplo de Fase 3 serão cruciais para determinar se a resposta imune gerada pela CoronaVac é suficiente para proteger as pessoas da infecção pelo coronavírus.
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Além do Brasil, a CoronaVac também está sendo testada em estudo de Fase 3 na Indonésia e na Turquia.
Naor Bar-Zeev, da Universidade John Hopkins, que não esteve envolvido no estudo, disse que os resultados devem ser interpretados com cautela até que os resultados da Fase 3 sejam publicados.
“Mas mesmo aí, depois da conclusão dos testes em Fase 3 e depois do registro, devemos permanecer prudentemente cautelosos”, disse.
“OPÇÃO ATRATIVA”
A CoronaVac é uma das vacinas experimentais contra a Covid-19 que está sendo usada para inocular centenas de milhares de pessoas na China sob um programa de uso emergencial.
Gang Zeng, pesquisador da Sinovac envolvido no estudo com a CoronaVac, disse que a vacina pode ser uma opção atrativa porque pode ser armazenada em temperatura de geladeira de 2 a 8 graus Celsius e pode permanecer estável por até três anos.
“Ofereceria algumas vantagens na distribuição para regiões onde o acesso a refrigeradores é desafiador”, disse o autor.
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Vacinas desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, que usam uma nova tecnologia chamada RNA mensageiro(mRNA) para ativar o sistema imune contra o vírus, exigem temperaturas mais baixas para o armazenamento.
A vacina da Pfizer precisa ser armazenada e transportada a uma temperatura de -70 graus Celsius, embora possa ser mantida em temperatura de geladeira por até cinco dias, ou por 15 dias em uma caixa com temperatura controlada. A candidata da Moderna traz a expectativa de manter-se estável em temperatura de geladeira por 30 dias, mas para uma armazenamento superior a seis meses, precisa estar a -20 graus Celsius.
O governo do Estado de São Paulo, a quem o Butantan está vinculado, espera disponibilizar a CoronaVac em janeiro, além de ter um acordo para receber doses prontas da vacina, insumos para sua formulação e envase no Butantan e para posterior produção local do imunizante.
O Butantan exaltou os resultados do teste. “O dado mais relevante da publicação foi o alto nível de soroconversão que indica que existem células produzindo anticorpos neutralizantes que podem agir em caso de exposição ao coronavírus. Espera-se que a resposta de anticorpos neutralizantes proteja contra a Covid-19”, disse Ricardo Palacios, diretor médico de Pesquisa Clínica do instituto.
Procurados, o Ministério da Saúde e a Anvisa disseram que não irão comentar os resultados. (Com Reuters)
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