As diferenças nos hospitais podem explicar por que os pacientes negros com Covid-19 têm maior probabilidade de morrer do que os brancos, de acordo com um novo estudo publicado no último dia 17, que destacou as desigualdades de saúde generalizadas e duradouras que afetam desproporcionalmente os negros nos Estados Unidos.
Os pacientes negros afetados pelo vírus tinham 11% mais probabilidade de morrer ou de serem transferidos para unidades de cuidados paliativos em até 30 dias após a admissão no hospital do que pacientes brancos quando fatores como idade, condições de saúde pré-existentes e características socioeconômicas são levados em consideração, de acordo com pesquisa publicada pela JAMA Network Open.
Essas diferenças entre os pacientes negros e brancos foram “quase inteiramente explicadas pelos hospitais”, escreveram os pesquisadores, de acordo com os dados de mais de 44 mil pessoas em cerca de 1.200 unidades hospitalares em 41 estados.
Uma possível razão por trás dessa disparidade poderia ser que “hospitais localizados em bairros desfavorecidos podem ter condições financeiras ruins e, por isso, oferecer atendimento de qualidade inferior, resultado das diferenças que existem entre quem pode pagar e quem usa os serviços da comunidade”, sugeriram os pesquisadores. As descobertas, segundo eles, estão mais para “evidências de fatores estruturais” que afetam desproporcionalmente a saúde dos negros nos EUA.
Abordar a segregação hospitalar e melhorar a qualidade e recursos dos hospitais que atendem às comunidades negras pode ajudar a resolver a taxa de mortalidade desigual, acrescentaram os pesquisadores.
Dada a ligação entre internações hospitalares e o Estado, os especialistas disseram ser possível que as diferenças raciais “tenham sido criadas em nível governamental, e não hospitalar”, uma possibilidade que deve ser investigada mais profundamente e pode exigir soluções macro para serem corrigidas.
O estudo não aborda por que os pacientes negros foram admitidos em hospitais diferentes dos brancos, embora os pesquisadores tenham sugerido que “bairros desfavorecidos podem ter finanças piores e prestar atendimento de qualidade inferior”. As diferenças na forma como os pacientes negros e brancos são encaminhados ao hospital também podem levar a essa desproporção. O estudo, que os pesquisadores afirmam ser “a maior e mais abrangente amostra de hospitais dos EUA até o momento”, no entanto, é limitado aos beneficiários de um plano de saúde privado de uma única seguradora, o que provavelmente distorce os resultados.
Durante a pandemia, os negros têm uma probabilidade desproporcionalmente maior de contrair, serem hospitalizados e morrerem de Covid-19 do que os brancos. Eles também receberam uma parcela muito menor das vacinas disponíveis, algo muitas vezes atribuído à desconfiança nos imunizantes e na conduta médica alimentada pelo racismo estrutural, com apelos para expandir os cuidados de saúde e o acesso à informação e vacinas para as comunidades negras.
VEJA TAMBÉM: Pandemia impulsiona financiamento para startups de doenças infecciosas
As desigualdades em torno da Covid-19 estão inseridas em uma estrutura maior de desigualdades de saúde racial nos Estados Unidos, que sobrecarregam e colocam em risco a vida dos negros de maneira desproporcional.
Os nativos norte-americanos e hispânicos também enfrentam desproporções quando se trata da Covid-19. As taxas de vacinação para hispânicos estão bem aquém do que se poderia esperar, dada a sua participação na população total.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.