O Brasil registra, anualmente, mais de 10 mil novos casos de câncer de bexiga. Esta doença, mais incidente entre os homens, também ocorre com mais frequência entre os mais velhos: cerca de 90% dos pacientes recebem o diagnóstico depois dos 55 anos.
Como em outras áreas do aparelho geniturinário, para os tumores de bexiga tivemos novidades muito promissoras nos últimos anos.
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Um estudo recente avaliou o papel de um marcador no sangue – que é o DNA livre da célula tumoral circulante, como prognóstico para o paciente cuja doença já estaria invadindo uma camada muscular. O tratamento padrão, nestes casos, é a retirada da bexiga, com quimioterapia prévia para a redução do risco de metástase. A nova técnica poderia auxiliar na escolha e no acompanhamento dos tratamentos.
O monitoramento do DNA do tumor permite a avaliação da resposta do tratamento quimioterápico com muito mais precisão. Depois, no futuro, para aqueles pacientes que negativam o DNA da célula livre circulante do corpo, ou seja do sangue, talvez tenham tido já a cura só com a quimioterapia, sem precisar de uma cirurgia para remover a bexiga.
Esse estudo muito interessante avaliou 73 pacientes tratados com quimioterapia seguido de cirurgia e o que ele mostrou foi uma fortíssima correlação desse novo contexto que deve modificar a medicina como um todo: a possibilidade de encontrar fragmento livre do DNA da célula do tumoral circulante com marcador da presença do câncer no organismo.
Quem negativou o marcador durante esse processo teve uma chance de uma resposta patológica completa, ou seja, de negativar a doença na cirurgia, operar e não ter mais tumor, da ordem de 79%.
Portanto, talvez, esse seja um marco incrível para evitar cirurgias mutilantes em vários tumores sólidos, incluindo no câncer de bexiga.
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Enquanto novas técnicas se aprimoram para melhorar os tratamentos, deixo as orientações de prevenção. O principal fator de risco para o câncer de bexiga é o tabagismo. Os fumantes têm risco quatro vezes maior de desenvolver câncer de bexiga do que os não fumantes. Beba bastante líquido; isso reduz o tempo de contato dos agentes tóxicos com a mucosa da bexiga. A presença de sangue na urina é sinal de alerta, mas não exclusiva do câncer de bexiga. Em caso de dor ou desconforto, converse com seu médico.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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