Cientistas da Escola de Medicina de Yale restauraram a circulação nos corações e cérebros de porcos uma hora depois que eles morreram, de acordo com uma nova pesquisa publicada ontem (3) na revista “Nature”. O estudo levanta novas questões sobre o futuro das medidas de suporte à vida – embora os pesquisadores digam que a tecnologia ainda está “muito longe” de chegar ao uso em seres humanos.
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Pontos principais
Pesquisadores de Yale usaram uma tecnologia chamada OrganEx para bombear um substituto do sangue – que continha sangue mais 13 compostos químicos, incluindo drogas usadas para prevenir a coagulação do sangue – nos porcos enquanto eles estavam em ventiladores, uma hora depois que os animais receberam anestesia e foram sacrificados.
Mesmo que os porcos não tenham recuperado totalmente a consciência, o procedimento diminuiu a morte celular, preservou a integridade dos tecidos e restaurou os processos moleculares e celulares em órgãos vitais, incluindo o coração, fígado e rim, segundo a pesquisa.
O OrganEx, que também inclui um gerador de pulso e aquecedor, é uma versão de corpo inteiro de uma tecnologia previamente estudada chamada BrainEx, que foi usada na pesquisa de 2019.
Na pesquisa, a OrganEx superou uma abordagem alternativa chamada oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), que atualmente é usada em ambientes clínicos para fornecer suporte à vida de pacientes hospitalares bombeando sangue para uma máquina que remove dióxido de carbono e reabastece o corpo com sangue rico em oxigênio.
O pesquisador sênior da Universidade de Yale, Stephen Latham, disse em uma entrevista coletiva que a tecnologia está “muito longe de ser usada em humanos”, principalmente porque ainda não restaura a função de todos os órgãos.
Contexto
A pesquisa é derivada de um estudo semelhante de 2019 da Yale que usou o BrainEx para restaurar a atividade cerebral em porcos mortos. Os pesquisadores chamaram os resultados do novo estudo da OrganEx de “impressionantes” e um passo “na direção certa”.
Uma razão é porque poderia, após estudos futuros, forçar os hospitais a reavaliar como eles abordam medidas de suporte à vida como a ECMO, que os pesquisadores argumentam ter “capacidade limitada de restaurar um corpo humano inteiro”. Os pesquisadores também dizem que poderia disponibilizar mais órgãos para transplantes.
Fato surpreendente
Pesquisadores detectaram atividade cardíaca nos porcos, embora o coração não tenha sido totalmente reiniciado. “Não está claro o que exatamente estava fazendo”, disse o neurocientista da Universidade de Yale, David Andrijevic, à Nature.
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